11 de dezembro de 2004

Europa-Casa comum

Os recentes acontecimentos sobre a perca de soberania nas águas territoriais dos estados membros, a imposição de quotas de capturas de algumas espécies e outras normas impositórias imanadas da Comissão e do Conselho*, têm-me lançado na mete um turbilhão de dúvidas e certezas.
Com os meus hábitos de reflexão cada vez mais apurados, dei por mim perdido em pensamentos sobre o futuro da Europa enquanto casa comum.
Devo dizer que nunca fui um euro-céptico no sentido de não concordar com o mercado único, mas sou um euro-descrente no que concerne à praticabilidade e à generalização do sentimento de casa comum da maioria dos europeus.
Não é meu costume reflectir e perder muito tempo com questões inevitáveis, a unificação da Europa, da Península Ibérica aos Urais, é, tal como a globalização, um caminho sem retorno. Contudo a forma como este caminho vais ser percorrido pelos Estados/Nação merece alguma reflexão.
A Europa vive uma crise generalizada e que é mais grave e profunda do que a da União Europeia. Ela obriga-nos a repensar e a avaliar as possibilidades de tantos estados e nações partilharem algumas tarefas na construção de um caminho cada vez mais comum.
Nessa construção importa não descurar uma europa democrática, respeitadora dos cidadãos e das vontades nacionais capaz de lutar contra as nefastas consequências burocráticas, tecnocráticas e supranacionais.
Uma Europa de solidariedade. Ela tem que existir, entre os homens, todas as classes sociais e todas as regiões de forma a permitir às mais periféricas e ultra-periféricas prosperarem e desenvolverem-se.
Devemos tentar construir uma Europa onde sejamos capazes de afirmar as nossas diferenças e reforçar as nossas sinergias. O mercado comum europeu ou até o mercado global, não são nenhum "bicho-papão". Pelo contrário, são um mundo de oportunidades, temos que reagir e saber aproveitar as nossas potencialidades e idiossincrasias.Bem sei que grande parte destas cogitações pouco ou nada interessam aos meus leitores. Contudo, valem para registar aqui e hoje para que no futuro possa testar da sua bondade.


*A palavra inicialmente estava mal escrita (concelho) foi corrigida por indicação do André Bradford. Obrigado.

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