29 de setembro de 2006

Mais um rabo de palha a arder.

Dizia-se na antiga Roma que à mulher de César não bastava ser séria, teria que parece-lo.
Por aqui, parece-me que irá fazer escola que não basta nem ser sério nem parece-lo.
O recente folhetim da criação e encerramento de um jornal diário parece-me um bom exemplo daquelas coisas que não deviam acontecer, com os protagonistas com que aconteceu. Ou melhor esses até podiam ser os protagonistas do episódio do tal jornal, não podiam era ser protagonistas de outras cenas do teatro das políticas regional e nacional.
Será que este negócio do Jornal dos Açores tem alguma coisa a ver, directa ou indirectamente, com os de um certo colégio e de uma certa instituição de crédito?
Irão existir consequências politicas? Deviam!

27 de setembro de 2006

A não perder



A não perder mesmo a exposição de desenhos do meu primo e amigo André. Se não estivesse já vendido há lá um coelhinho de olho vermelho que ficava muito bem na minha sala.
Parabéns ao "bom selvagem", o meu primo mais parecido comigo e de quem muito me orgulho.

26 de setembro de 2006

Centro Democrático Socialista?

O CDS-PP pediu hoje a presença do ministro da Economia, Manuel Pinho, na comissão parlamentar de Economia para dar explicações sobre o encerramento das fábricas da Johnson Controls em Portalegre e em Nelas.

"Queremos saber se o ministro estava ao corrente desta situação e o que pensa fazer", afirmou o deputado do CDS-PP Hélder Amaral, em declarações no Parlamento.

Os responsáveis da multinacional norte-americana Johnson Controls comunicaram hoje aos operários da fábrica de Portalegre que a unidade vai encerrar em Agosto de 2007 e que a de Nelas será fechada no final do mesmo ano.

O CDS-PP pediu inicialmente esclarecimentos ao Governo, através de requerimento, mas depois, após a notícia da confirmação do fecho das fábricas, exigiu a presença do ministro Manuel Pinho no Parlamento.

No requerimento entregue hoje na Assembleia da República, o CDS-PP sublinha que a fábrica de Nelas emprega cerca de 500 trabalhadores e a de Portalegre perto de 330 e que os fechos das duas unidades terão "graves consequências sociais e económicas" para os concelhos.
É caso para dizer, por favor "tirem-me deste filme"!

Duelo de bloggers

ou um post do tipo... melancómico
Em vez das pistolas, usam o dedo em F5.

1000 boatos

Parabéns Alexandre.

25 de setembro de 2006

Mudar os métodos é o que é preciso.

O Presidente estreitará os laços com a Família Real e conhecerá Rodriguez Zapatero. Em vez dos grandes empresários portugueses, que trabalham em Espanha sem a necessidade do "guarda-chuva"do Estado, Belém convidou jovens cientistas e empresários da área das novas teconologias.
in-Público
Eu até acho muito bem, o que nós precisamos mesmo é que os empresários espanhóis venham para Portugal, invistam e mostrem o que é uma cultura de negócio e respeito pela massa salarial. Agora essa coisa que Soares e Sampaio faziam e Sócrates emita de levar os "tubarões" da economia portuguesa, a passear por aí serve de muito pouco.
No convento do Beato esteve refastelada a manada que mais se senta à manjedoira do orçamento e que mais faz por mostrar ser anti estado. Disfarce, simplesmente disfarce. este país faz-se com pequenas e médias empresas, não com tubarões.

Via Azores Publicum




O afastamento de Nuno Barata da futura programação da RTP/Açores não é coisa que se aceite sem uma justificação pública. Mesmo tratando-se de uma estação televisiva pertença exclusiva do Estado não se pode nem se deve esquecer a opinião pública. Quando a opinião pública não conta estamos perante um regime censório, tipo ditadura de coronéis civis servidores de uma encapotada e ávida Legião Democrática. Programas do género do "Língua Afiada" faziam com que a RTP/A assumisse também uma postura crítica e levasse muito telespectador a sintonizá-la, coisa rara devido à "qualidade" da concorrência que "desvia" o grosso da população para a diversão alienante. O resultado é estar a malta toda mais despolitizada do que no tempo de Salazar e Caetano. Era preferível arranjar alguém que fizesse o contraditório. O que não era difícil, porque os oficiais da situação são muitos. Nuno Barata é uma voz incómoda. Nem sempre estive de acordo com o modelo do seu discurso. Ideologicamente não devo ter qualquer identificação com ele. Porém, isso não deve servir para o calar. Eduquei-me para a democracia e como tal fiquei chocado com a postura de Osvaldo Cabral. Ultimamente, o director responsável pelas notícias de cariz político tem branqueado aquilo que é politicamente incorrecto. Tem contribuído para esta espécie de paz podre/bem estar que se vai arrastando entre nós sem se vislumbrar saída alguma. Tudo nesta região tem mornaça. Tem anestesia. Democracia não é apagamento. Democracia é luta activa. E é nesta que se pode dar o desenvolvimento e o crescimento. A democracia americana, apesar de ser governada por um ditador sangrento económico, é exemplo salutar de como a oposição tem espaço para lutar. Estou a ver um realizador americano (esqueci o nome) numa cerimónia da entrega dos Óscars vilipendiar Bush com a estatueta da fama numa das mãos permitindo que todo o mundo ouvisse numa linguagem truculenta o seu desagrado para com uma política que coloca os Direitos Humanos no bidé das rameiras. Numa ditadura não existem momentos daqueles. Está tudo programado... Nós, aqui nos Açores, não cultivamos uma cultura de tolerância democrática. Somos uns paus mandados. Nada de ofender os senhores! É uma regra do antigamente que ainda não foi revogada da nossa mentalidade. Não temos partidos regionais, não temos televisão privada e independente como mandam as regras democráticas. Temos tudo que os tolos têm quando julgam viver em liberdade. E porquê? Vai-se lá saber!

Só tarda o que nunca chega


Eu estava a ver que não aparecia uma queixa ou sequer uma posição pública da Quercus por causa da obra da fajã do Calhau. Terá sido preciso a Câmara Municipal do Nordeste, liderada pelo Social Democrata José Carlos Carreiro, dar inicio às obras da estrada para a Fajã do Araújo para a Quercus acordar. É que eu não acredito em teorias da conspiração mas nas nossas Ilhas há com cada coincidência.
Já agora dêem, rapidamente, entrada a uma providência cautelar sobre o teleférico da Fajã da Rocha da Relva, não deixem chegar próximo das eleições. As organizações ambientalistas parecem ter o mesmo calendário dos políticos.

FLOP,flop,flop


O Jornal dos Açores começou por dois caminhos muito errados e dei disso boa nota aos amigos que ali trabalhavam e que foram, em grande parte, responsáveis pelo seu nascimento. À partida, entrar num projecto editorial sem um projecto comercial paralelo é, desde logo, um dos caminhos errados. O outro, tem a ver com a "fome" de combater o Açoriano Oriental. Os projectos revanchistas são, sempre ou quase sempre, plágios de baixa categoria (veja-se o recente SOL em relação ao Expresso).
Entrados nos trilhos errados, sucederam-se os erros e as megalomanias de sócios sem capital para aguentarem um projecto da dimensão de um jornal diário. Dos accionistas dessa pseudo sociedade anónima pouco se sabe. Sabe-se porém, que o projecto editorial visava um objectivo político, outro mau presságio.

24 de setembro de 2006

Finalmente

O Blogue :ILHAS ultrapassou, pela primeira vez, o Foguetabraze em número total de hits, já que em número de leitores únicos (para mim muito mais importante do que os hits) há muito que eles iam na dianteira. Não se trtando de uma corrida é sempre bom lembrar.
Resta-me a consolação de continuar a ser o sitio que envia mais leitores para o :Ilhas.

Que revelador

" O que levou os trabalhadores a cumprimentar Francisco Louçã à saída das fábricas é o mesmo espírito que permitiu ao Hamas chegar ao poder na Palestina"
Gil Garcia, militante do BE ao semanário "Sol" desta semana.

22 de setembro de 2006

Entretanto...

... mais a sul a Associação Escravos da Cadeinha vem provar que nem só de concertos de música vive a cultura humanística nestas Ilhas. Com a colaboração do grupo Máquina do Tempo leva à rua, no lugar dos Anjos, na Ilha de Santa Maria uma reconstituição da descoberta, povoamento e parte da história da Ilha de Santa Maria .
Uma boa oportunidade para os Marienses e forasteiros sairem à rua. Segundo se pode ler no site daquela Associação cultural, O espectáculo terá sempre em fundo uma componente musical seleccionada para o efeito, com recolha e recurso a algumas sonoridades trazidas pelos Captivos do Norte de Africa. A componente de voz estará a cargo de dois sopranos e um contralto que marcarão os quadros de maior intensidade dramática.
Com um Guarda-roupa criado para o efeito e adereços, esta Peça Reconstituição pretende ressuscitar alguns acontecimentos da nossa História que marcaram o Povo da Ilha de Santa Maria no século XVI e XVII.
Paralelamente decorre uma feira com comida e doçaria da época, com animação de rua. onde os intervenientes vão estar trajados à época. Toda essa miscelânea vem enriquecer e engrandecer o espaço envolvente ao espectáculo, proporcionando a todos os que nos visitarem um dia diferente e um sentimento de reconhecimento por todos aqueles que no passado construíram o futuro que é o nosso presente.
Amanhã, a partir das 21h30 minutos no lugar dos Anjos na Ilha de Gonçalo Velho.

Já deve estar a decorrer...

...o lançamento do livro "Ponta Delgada: Vandalismo ou Desenvolvimento", da autoria do Dr. Carlos Falcão Afonso.
O lançamento dessa obra de relevante importância histórica e pedagógica, está a decorrer no Centro Municipal Cultura e eu tenho imensa pena de não estar lá mas a vida profissional obriga-me a estar em Santa Maria.
Para o Carlos, a Anabela e seus rebentos Ana e Bernardo, muitos parabéns.

21 de setembro de 2006

"Té quim fim"

Mais uma vez a Secretária Regional do Ambiente e do Mar, Ana Paula Marques, não desilude. A cereja em cima do bolo seria mesmo que a governante tivesse coragem e poder para mandar parar as obras do caminho agrícola que irá servir as casas de verão de alguns senhores dos partidos do grande centrão na Fajã do Calhau. Na própria Direcção regional das Florestas que, tem a obra a seu cargo, alguém já devia ter tido a coragem de dizer o que pensa.
A construção desse caminho já destruiu uma significativa quantidade de floresta endémica e alterou a vida de muitos ecossistemas terrestres e marinhos naquela zona.
Está tudo calado. Não se ouviu um único pio por parte do PSD que detém a Câmara da Povoação, nem se ouviram as vozes sempre avisadas dos ambientalistas. Na verdade, quer a Delegação Regional da Quercus quer os Amigos dos Açores ainda não tomaram posição pública sobre o assunto e já o deviam ter feito. Digo eu claro.

Via Blasfémias

20 de setembro de 2006

Podem manter por aí as televisões que...

... logo a seguir à depressão extra-tropical Gordon vem por aqui mais uma depressão cavada e ainda sem alerta colorido.

19 de setembro de 2006

Pois é.

O Sol trouxe uma enorme melhoria ao panorama dos semanários portugueses, uma excelente colecção de 8 DVDs no Expresso.

Serão os blogues brinquedos?

Depois de uma breve polémica entre a Fernanda Câncio e a Ana Sá Lopes no Glória Fácil, dei comigo cogitando sobre essa coisa em que me envolvi, voluntariamente, levado por um impulso vindo sem saber de onde, atraído pela novidade e que hoje chamamos blogosfera. O epíteto de "Papa" da blogosfera Açoriana, envaidece-me mas deposita nas minhas largas costas uma responsabilidade acrescida.
Não gosto que me chamem o Pacheco Pereira dos Açores. 1º porque eu rio, segundo porque tenho links, 3º porque prefiro ser simplesmente um blogger do que ser classificado como blogger açoriano. Ser-se blogger, na minha opinião, pressupõe alguma universalidade. Bem sei que o meio em que nos inserimos, que nos rodeia, que nos faz, dificilmente (ainda bem que assim é) deixa de nos marcar.
Mas isso não quer dizer que nos percamos em assuntos domésticos.
Ao contrário da Ana Sá Lopes, não vejo o blogue como o mais recente brinquedo ou então dou demasiada importância aos brinquedos. Até pode ser. Contudo, não deixa de ser um pouco arrogância dizer como a ASL "O blog era um brinquedo. Adorei brincar quando mo deram, novinho, acabado de sair da fábrica. Foi tão bom". O que mereceu uma belíssima resposta da fernanda (com minuscula) "olha lá, essa de puxar os galões, tipo eu já andava na blogosfera ainda tu não sabias o que isso era portanto compreende que estás na fase de experimentar o brinquedo enquanto eu já não tenho pachorra, magoa-me tão mais profundamente quão é absolutamente verdade. mas sabes como são as crianças: gostam de companhia para brincar, para ir à água, para comprar gelados. e odeiam que lhes digam que os brinquedos delas não prestam. daqui a nada estou a fazer birra".

18 de setembro de 2006

Segundo o Banco Mundial

Qualidade da governação em Portugal deteriora-se desde 2002. E nós já estamos tão habituados que ficamos contentes quando um governo é menos mau do que outro.

Dupla tributação

Impostos sobre impostos, num excelente texto do Paulo Morais no Diário económico.com.
Mas o Paulo esqueceu-se de mais um pormenor desse estado glutão. É que no caso do IA, além da dupla tributação, o Estado, o mesmo que vive preocupado com o endividamento das famílias, criou e facilitou mecanismos de recurso ao crédito pessoal para compra de automóveis em prestações. Ou seja o Estado está a cobrar impostos a crédito.

17 de setembro de 2006

Só para esclarecer

Por causa de uns leitores mal informados que entendem fazer comentários sem sequer lerem as "postas" até ao fim, aqui fica uma outra que publiquei no Ponta Delgada em 19 de Janeiro último.

Não se hipoteca o futuro de uma cidade só contraindo dividas. Na verdade, as más opções urbanísticas são mais perniciosas do que as dividas das autarquias. Eu tinha fé que, a contenção imposta pelo novo enquadramento da lei de financiamento das autarquias, tivesse a bonomia de não permitir a alguns autarcas fazerem disparates. Contudo, há sempre que arranje maneira de contrariar a tendência e como para o mal arranja-se sempre maneira, vieram na onda das SCUT, os PSCA- Parques sem custos par as autarquias. Na realidade, a construção do parque de estacionamento subterrâneo em frente ao Teatro Micaelense é uma forma encapotada de, ao abrigo de um acordo de exploração de vinte e cinco anos, fazer-se uma obra sem custos para a Autarquia e que vai ser paga pelo utentes, ou seja é um mecanismo inverso às SCUT.Sobre essa invenção da Dr.ª Berta Cabral, tenho, pelo menos, duas coisas a dizer:

15 de setembro de 2006

Quem vier depois que pague

Até aqui tudo bem, pois na verdade o que mais me incomoda não é a questão financeira, embora eu ache que é de uma desonestidade política sem limites.
O pior é a decisão de fazer um nterceiro eixo que " vai ligar a Ribeira Grande à vila do Nordeste, através de uma nova estrada com diversas ligações a freguesias do concelho".
Temo que esse tal terceiro eixo, atravesse grande parte da reserva florestal pública e privada do emblemático concelho do Nordeste, bem como alguns habitas onde nidificam Priolos.
Uma estrada rompida a sul da existente, cheia de viadutos e separadores, rotundas e nós, a par de um Parque Eólico em pleno Planalto dos Graminhais requer, pelo menos, um estudo de impacte ambiental muito bem fundamentado e um estudo de impacte na frágil economia daquele concelho. Já bastas vezes disse que as vias de comunicação têm dois sentidos, um que enche e um que vaza. No caso da estrada para o Nordeste temo que vaze mais do que enche.
Grande parte do emprego gerado no Nordeste tem por base pequenas e médias empresas familiares que criam o seu próprio posto de trabalho, nas áreas da restauração, pequeno comércio, distribuição de combustíveis líquidos e gozosos e agricultura. O acesso facilitado a mercados de distribuição mais apelativos pode criar um esvaziamento do comércio local e da pequena economia a ele inerente. É obvio que, sem estudos, essas coisas são simples especulações e poderá haver quem defenda o contrário ou seja, que esses negócios vão ganhar mercado com o acesso facilitado por turistas dos concelhos limítrofes e outros forasteiros. Talvez por isso, fosse mais sensato estudar bem o impacto dessa obra nas populações locais. Se isso foi feito, devia ser amplamente divulgado, porque não, pelo departamento de propaganda pomposamente chamado de Gabinete de Apoio à Comunicação Social.

Vantagens dos horários da SATA


Não fosse a SATA voar tão cedo e tinha perdido este nascer do sol a mais de 2000 metros de altitude.

14 de setembro de 2006

My Moleskine


Há anos, aproximadamente 17 deles, registo diariamente tudo o que faço, com quem falo, como falo e do que falo. Uso, para o efeito, em cima da secretária, um caderno A4 que chegado ao fim é datado e guardado religiosamente para consultas futuras. Chamo-lhes as minhas Bíblias, só a Carla, a minha mais directa colaboradora, tem acesso a esses cadernos.
Contudo, andar com um A4 atrelado tornou-se cansativo, logo optei por uma solução móvel, um bloco de notas Castelo. Tinha assim o meu bloco sedentário e o outro nómada. Perfeito. Mais tarde, meados da década de noventa do século passado, descobri as maravilhas dos "caderninhos" da Papelaria Fernandes, espécie de livros de actas em miniatura, pautados e com capas rígidas o que eram garantia de durabilidade.
Há cerda de 3 anos a esta parte, descobri o legendário Moleskine. Legendário porque, este, de facto, não é um bloco de notas vulgar, é o bloco de notas usado por artistas e intelectuais europeus ao longo de gerações.
Só uso o Moleskine fora do escritório, lá dentro continuo fiel aos velhos cadernos A4, por isso não gasto muitos desses blocos de notas. Mas cada vez que um chega ao fim (hoje foi assim), há um ritual que se repete, um marco importante que se encerra. Datar, arquivar abrir outro. Não, um Moleskine não é um livro de actas com termo de abertura e encerramento, mas há coisas que têm que ser passadas de um para o outro, há informação permanente que tem que estar à mão, essa registo-a nas últimas duas páginas de cada bloco, passa de um para o outro. Na bolsa da contra-capa guardo os talões do euromilhões e os últimos recibos do Multibanco.Cito, de cor, Bruce Chatwin, "perder o meu passaporte é a pior coisa que me pode acontecer, perder o meu bloco de notas é uma catástrofe".

13 de setembro de 2006

Hoje é Quarta-feira e...

....não há "língua afiada". Quando na Quarta-feira 28 de Junho escrevi o título do post "último pelo menos desta época", nada fazia crer que o "língua afiada" ia acabar. Acabei o programa desse dia despedindo-me até Setembro.
Hoje, porém, a RTP-Açores informou-nos (a mim e ao Pedro Arruda) que não haverá segunda época desse programa onde, nas palavras do Nuno Mendes, "uns poucos diziam em voz alta ou que muitos pensavam baixinho".
Tenho pena que acabe assim uma dos programas que mais prazer me deu fazer. Tenho pena que acabe assim um dos programas mais badalados da RTP-Açores dos últimos anos. Tenho pena que acabe assim um dos poucos espaços de debate que havia na Região.
Bem sei que estávamos a incomodar muita gente, desde a extrema-esquerda até à direita mais radical, em todo o espectro político partidário, havia gente incomodada, afinal viemos provar que se pode ser livre nesta Região de medos atávicos, cinzenta, vestida de roxo e negro.
Sei que continuará a haver debate político na RTP-A mas certamente os intervenientes serão mais ao sabor dos interesses instalados.

12 de setembro de 2006

The day after September 11

Não sei bem porquê, talvez por razões de ordem inata, nunca estive do lado dos mais fortes. Pelo contrário sempre tive uma certa tendência para estar do lado dos fracos, dos desprotegidos, dos injustiçados. Fazendo jus aquela máxima de que os coices se dão para cima e que para baixo se estende uma mão.
Não sei se será por isso, mas mesmo depois de ouvir tanta notícia manipulada, tanto documentário anti Bush e anti América, não consigo, mesmo assim, estar do lado de Bin Laden ou dos Talibans. Não consigo ter pena do ditador de Bagdad, continuo a ver em Hugo Chavez e Evo Morales perigosos seguidores de Fidel Castro e neste um símbolo do totalitarismo seja ele de esquerda ou de direita.
Não, esta não é uma perspectiva maniqueísta da politica internacional. Não, os Estados Unidos não têm razão em tudo o que estão a fazer no Iraque e no Afeganistão. Mas os governantes Americanos, em comparação com os seus opositores internacionais, vão a votos, vão ser sufragados dentro de pouco tempo e têm os seus mandatos limitados por lei (coisa com a qual não concordo).
A grande América, da democracia, das oportunidades, das nações e das nacionalidades, do perdão, enfim do sonho americano, continua a ser a grande América, ao invés do que se tenta vender.
Talvez por isso, continue, naturalmente a estar do lado da América, grande mas perseguida por uma esquerda perigosamente demagógica, essa sim maniqueísta que prefere escolher terroristas e assassinos em grande escala a defensores das mais amplas liberdades.

11 de setembro de 2006

Ao ritmo do calendário

Ao logo dos anos que tenho colaborado com diversos órgãos de comunicação dos Açores, tenho-me deparado sempre com o problema do calendário. Mesmo na mais recente das formas de comunicação, os blogues, sinto esse problema. A pergunta atormenta-me, a criatividade vai-se, fica o ritmo. Sim o ritmo das férias. Não que as faça nesta altura do ano, porque não posso, mas porque este é o ritmo próprio do verão no hemisfério norte. Seguimos todos o ritmo das férias.
Vejo os jornais portugueses e nada. Corro de lés a lés os mais importantes periódicos espanhóis e não passa nada. Dou uma saltada mais a norte às Ilhas Britânicas e continua um vazio muito "silly".
É verdade, andamos todos a esse ritmo cronológico do calendário e da temperatura que nos leva mais a pensar em praias com águas cálidas e límpidas e em esplanadas com cervejas frescas borbulhantes e louras esculturais com biquinis fluorescentes do que em leituras densas e o cinzentismo da política e dos políticos.
Todos os anos o mesmo drama. Escrever sobre o quê nesta altura do ano? As viagens de automóvel costumam inspirar-me mas nem isso. Ao volante do meu camião, ora com atenção à estrada estreita que liga Vila do Porto a Santa Bárbara ora com o outro olho na carga para que não se desloque, não tenho tempo para me inspirar. O telefone toca, não atendo, não posso atender, estou a conduzir. Mais à frente paro e vejo que é a directora desta Revista. Já devia ter entregue a crónica ontem. Com o medo de quem devolve uma chamada perdida ao seu gestor de conta bancária ligo-lhe e prometo a crónica para amanhã. Promessas. Não sei se vou conseguir, mas vou pelo menos tentar.
Sei que um dia vou escrever um romance, talvez um livro de memórias. Mas como? Se nem uma crónica com uns míseros três mil caracteres consigo escrevinhar por estes dias? Não sei. Mas sei que vou escrever um romance que nada terá a ver com as memórias de putas tristes ou alegres até porque eu nunca fui às putas. Não será sobre rochedos negros ou gaivotas, nem terá baleias, fragatas ou vulcões, terramotos ou a Ilha. Sei que vou escrever um romance onde a saudade não será um roxo nem uma amargura. Onde a nostalgia, não se confundirá com o tempo perdido mas com o tempo ganho em viver a vida tão intensamente sem que se perca um único minuto.
E o tempo que passa sem que me lembre de um assunto, um tema, uma questão. Entretanto, no teclado à minha frente os dedos mexem-se à velocidade da luz e o som perde-se na solidão do escritório. Faz eco nas prateleiras sem livros, faz retorno na vidraça da janela sem reposteiro. O tempo passa e já são quase três horas e três mil caracteres. Estou quase lá. Estou mesmo a chegar. Podem ir pondo o café na mesa.
Podia começar aqui a história de uma camionista solitário que tem saudade do seu camião, do ronco, do cheiro até do calor que sufoca de verão mas aconchega de Inverno. Mas não, essa seria uma boa história para um guião de uma novela mexicana.
Não. Uma crónica para o verão só pode ser sobre nada. É verdade, o melhor será mesmo não escrever sobre nada e escrever sobre tudo e sobretudo escrever. Mas fazê-lo só pelo prazer de o fazer e pelo prazer de saber que alguém a vai ler só pelo prazer de ler.
In FACTOS magazine Agosto 2006

9 de setembro de 2006

"feios, porcos e maus"


O Campo de São Francisco captado pela câmara do meu telemóvel hoje pela manhã. E querem turismo, exclamava uma Jorgense que há 44 anos vive em Ponta Delgada mas não perdeu o sotaque.
É, de facto, uma vergonha o que se passa numa das mais emblemáticas praças de Ponta Delgada. Façam as noites que quiserem, mas criem, antes disso, as condições para que tal aconteça, fiscalizem, acima de tudo EDUQUEM que essa também é uma Vossa obrigação. Eu nem quero imaginar como estariam as retretes.

8 de setembro de 2006

Notícia

A entrevista de Lizuarte Machado, Deputado Regional eleito em listas do Partido Socialista, a um Jornal do Pico foi notícia apenas uma semana depois da sua publicação. Estranho.
Eu também acho que a entrevista daquele deputado do Partido do Governo é motivo para noticiar, mas não pelas razões que foi. Não é que Lizuarte Machado não tenha razão em muitas das abordagens que faz à questão dos transportes marítimos de passageiros, não é nada disso.
Na verdade, o que é notícia (para mim) naquela entrevista é o facto de, pela primeira vez, em dez anos, um deputado da situação ter criticado uma opção do governo.
Atente-se que isso em nada belisca a legitimidade das opções do executivo, mas revela e amplia a liberdade do parlamentar e o bom funcionamento da democracia. É que até agora, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista, parecia um rebanho de carneirinhos em desmame.

6 de setembro de 2006

"Quem não deve não teme"

Costuma dizer-se e é verdade. E como quem "não deve não teme", o mesmo é dizer que quem teme é porque deve. Na verdade o Secretário Regional da Economia deve muitas explicações ao Povo dos Açores. Não há, em meu entender, melhor lugar para prestar essas contas ao Povo do que a Assembleia legislativa Regional dos Açores.
Contudo, a maioria parlamentar do Partido Socialista continua a "insistir" em "esconder" a verdade aos Açorianos, muito embora o Grupo Parlamentar do PSD insista nessa oportunidade. Os contornos desse processo de audição no Açoriano Oriental de hoje.

Acordares

Eu hoje acordei assim. Amarelo, do cansaço extenuante da volúpia diária, entre Ilhas, entre emaranhados de problemas. Ainda não tinha aterrado e nos 20 minutos que nos separam acontecera de tudo. Acordei azul de génio, talvez raiva. Sempre que alguém "mete o pé na argola" depois de eu ter avisado, fico assim, azul de veneno. Estou de volta a São Miguel. O profissionalismo a isso obriga, talvez ainda tenha que ir a Madrid hoje buscar uma peça de motor de um barco avariado. Não sei. O que eu queria mesmo eras ficar aqui, olhando a baia em frente, o horizonte à espera de que algo acontecesse. O sol subiu rápido e o céu mostrou-se em todo o seu azul-cobalto pintando o mar da mesma cor. Eu espero. Só posso esperar. Espero um toque do telemóvel, um alerta do Outlook. Espero só.

5 de setembro de 2006

Julhos e Setembros e nunca Agostos


O Alexandre, cuja disponibilidade desde já se agradece, enviou-me ontem umas belíssimas fotos do seu Agosto na Ilha branca. Por momentos fui bombardeado com recordações de um longínquo Julho que por ali passei. Na altura éramos só os dois e a Marta, a nossa mais velha que tinha meses. Tal como o Salvador agora, a Marta dormia e mamava.
Penso que, tal como todos os lugares do mundo com excepção para as grandes metrópoles, o Agosto na Graciosa seja um pouco movimentado de mais para o meu gosto. Prefiro os Julhos e os Setembros.
Ficou a água na boca de poder passar uns dias de chinela no pé, passados entre um almoço na Folga feito de goraz grelhado pescado na hora e fora das polémicas da quota. Um banho nas límpidas águas do Carapacho, "no crawd". Um mergulho ao final da tarde no Porto de Santa Cruz ou na Praia e tudo encerrado com um reconfortante momento de descanso à sombra das araucárias olhando o Paul. Um jornal, um livro e a minha mulher. A algazarra dos meus filhos na peleja permanente por coisa nenhuma.
À noite um café e uma água das pedras na sociedade filarmónica. Julhos e Setembros em qualquer Ilha dos Açores.

4 de setembro de 2006

Poderios de Luz

Ao fim de muitas décadas a Avenida Roberto Ivens viu ser-lhe colocada iluminação pública. É verdade, foram décadas consecutivas em que apenas se via uma luzinha encimando o busto do explorador Açoriano a quem algém chamou ?um génio Português na Costa de África?. Como diz o nosso Povo, esse Povo sábio ao qual me orgulho de pertencer, "não há fome que não dê em fartura", é que além da iluminação da via foi salvaguardada a iluminação dos passeios. Não gosto da estética dos ditos "lampians" mas lá que vão ter a vantagem de iluminar as paredes do convento da esperança e torna-las assim menos apetecíveis para a função de mictório público em noites de verão, ah lá isso vão.

As corporações e o Parlamento

Já aqui escrevi várias vezes sobre os perigos da democracia corporativa que se vive em geral em Portugal e muito em especial nos Açores e que tem vindo a relegar para um plano inferior os parlamentos nacional e regional.
Nas vésperas de comemorar 30 anos de sistema parlamentar puro, o Presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, Fernando Menezes, defende que as associações representativas dos diversos sectores da vida Açoriana deveriam ter um espaço para exporem aos seus problemas em alguns plenários "com regras", claro.
Eis uma coisa com a qual não concordo em absoluto. É verdade que vindo de Fernando Menezes nada me admira, afinal aquele Deputado Regional teve sempre muita dificuldade em lidar com o regime parlamentar, não obstante ter sido Presidente (reparem que não escrevi líder) da bancada parlamentar do Partido Socialista e ter chegado a Presidente do mais importante órgão da autonomia constitucional.Nada tenho contra as corporações e a forma como os sectores da economia e da sociedade em geral se organizam, mas como se diz em bom português "cada macaco no seu galho".

Muu...

Segundo a revista Sábado, "um estudo da Universidade de Londres revelou que as vacas têm sotaques ao mugir".
E não é que a gente toda já sabia disso, basta comparar o mugir desta vaca com o daquela outra. A primeira muge à micaelense, segura, com calma, marcando pontos. A outra mugiu à Madeirense, tudo de uma vez e perdeu o fôlego.
Nunca é demais repetir que há, nos Açores, um tempo cultural antes e depois da MUU.

Pensamento do dia

Um politico na oposição é como um jornalista permanentemente em busca de um furo.

3 de setembro de 2006

Lugar do Norte-Santa Bárbara-Santa Maria-Açores

Ontem andei com a família pelo lugar do Norte às Groselhas e às Amoras de Faia aqui chamadas de "fainhos". Como a câmara não me larga, tive a oportunidade de registar esse magnífico momento.

2 de setembro de 2006

A propósito...

... do meu post de 31 de Agosto e da discussão gerada na respectiva caixa de comentários, convém dar realce a este outro post do João Miranda tirado do Blasfémias:

É sim Senhor!

A Baía de São Lourenço, na Ilha de Santa Maria, Açores está longe de ser o melhor lugar do Mundo. Mas para mim , continua a ser o melhor sitio para estar com a familia desde que fora do reboliço de Agosto.
PS: A minha passagem pelas Astúrias, também em Agosto, deixou-me saudades, voltarei à "Costa Verde" mais cedo do que previsto. A vida profissional a isso obriga, mas há obrigações que não são sacrificios.

1 de setembro de 2006

É claro que...

... ah! Só mais uma coisa antes do fim-de-semana. Eu não vou falar do novo Partido do Dr. Pedro Ferraz da Costa anuncia no Público nem da entrevista do Dr. Mário Soares ao DN.

955 semanas depois


Segui o "Indi" desde o seu primeiro número até, talvez ,ao nº 800. Nos últimos três anos, este jornal tronou-se numa espécie de diado para levar a sério e obviamente isso não é um título para levar a sério.
Grandes directores, como Paulo Portas e Constança Cunha e Sá, fizeram cair ministros e secretários de estado. O Independente foi uma lufada de ar fresco no panoramo cinzento e agonizante (agora que se fala tanto do ar rearfeito da democracia) do cavaquismo. Contudo, tudo tem o seu tempo e o tempo do "indi" há muito que havia acabado.

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