Há anos, aproximadamente 17 deles, registo diariamente tudo o que faço, com quem falo, como falo e do que falo. Uso, para o efeito, em cima da secretária, um caderno A4 que chegado ao fim é datado e guardado religiosamente para consultas futuras. Chamo-lhes as minhas Bíblias, só a Carla, a minha mais directa colaboradora, tem acesso a esses cadernos.
Contudo, andar com um A4 atrelado tornou-se cansativo, logo optei por uma solução móvel, um bloco de notas Castelo. Tinha assim o meu bloco sedentário e o outro nómada. Perfeito. Mais tarde, meados da década de noventa do século passado, descobri as maravilhas dos "caderninhos" da Papelaria Fernandes, espécie de livros de actas em miniatura, pautados e com capas rígidas o que eram garantia de durabilidade.
Há cerda de 3 anos a esta parte, descobri o legendário Moleskine. Legendário porque, este, de facto, não é um bloco de notas vulgar, é o bloco de notas usado por artistas e intelectuais europeus ao longo de gerações.
Só uso o Moleskine fora do escritório, lá dentro continuo fiel aos velhos cadernos A4, por isso não gasto muitos desses blocos de notas. Mas cada vez que um chega ao fim (hoje foi assim), há um ritual que se repete, um marco importante que se encerra. Datar, arquivar abrir outro. Não, um Moleskine não é um livro de actas com termo de abertura e encerramento, mas há coisas que têm que ser passadas de um para o outro, há informação permanente que tem que estar à mão, essa registo-a nas últimas duas páginas de cada bloco, passa de um para o outro. Na bolsa da contra-capa guardo os talões do euromilhões e os últimos recibos do Multibanco.Cito, de cor, Bruce Chatwin, "perder o meu passaporte é a pior coisa que me pode acontecer, perder o meu bloco de notas é uma catástrofe".
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