25 de setembro de 2006

Via Azores Publicum




O afastamento de Nuno Barata da futura programação da RTP/Açores não é coisa que se aceite sem uma justificação pública. Mesmo tratando-se de uma estação televisiva pertença exclusiva do Estado não se pode nem se deve esquecer a opinião pública. Quando a opinião pública não conta estamos perante um regime censório, tipo ditadura de coronéis civis servidores de uma encapotada e ávida Legião Democrática. Programas do género do "Língua Afiada" faziam com que a RTP/A assumisse também uma postura crítica e levasse muito telespectador a sintonizá-la, coisa rara devido à "qualidade" da concorrência que "desvia" o grosso da população para a diversão alienante. O resultado é estar a malta toda mais despolitizada do que no tempo de Salazar e Caetano. Era preferível arranjar alguém que fizesse o contraditório. O que não era difícil, porque os oficiais da situação são muitos. Nuno Barata é uma voz incómoda. Nem sempre estive de acordo com o modelo do seu discurso. Ideologicamente não devo ter qualquer identificação com ele. Porém, isso não deve servir para o calar. Eduquei-me para a democracia e como tal fiquei chocado com a postura de Osvaldo Cabral. Ultimamente, o director responsável pelas notícias de cariz político tem branqueado aquilo que é politicamente incorrecto. Tem contribuído para esta espécie de paz podre/bem estar que se vai arrastando entre nós sem se vislumbrar saída alguma. Tudo nesta região tem mornaça. Tem anestesia. Democracia não é apagamento. Democracia é luta activa. E é nesta que se pode dar o desenvolvimento e o crescimento. A democracia americana, apesar de ser governada por um ditador sangrento económico, é exemplo salutar de como a oposição tem espaço para lutar. Estou a ver um realizador americano (esqueci o nome) numa cerimónia da entrega dos Óscars vilipendiar Bush com a estatueta da fama numa das mãos permitindo que todo o mundo ouvisse numa linguagem truculenta o seu desagrado para com uma política que coloca os Direitos Humanos no bidé das rameiras. Numa ditadura não existem momentos daqueles. Está tudo programado... Nós, aqui nos Açores, não cultivamos uma cultura de tolerância democrática. Somos uns paus mandados. Nada de ofender os senhores! É uma regra do antigamente que ainda não foi revogada da nossa mentalidade. Não temos partidos regionais, não temos televisão privada e independente como mandam as regras democráticas. Temos tudo que os tolos têm quando julgam viver em liberdade. E porquê? Vai-se lá saber!

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