24 de março de 2006

Transportes, o calcanhar d'Aquiles

Eu gostei que se tenha discutido aqui a questão das companhias low-cost. Eu gosto sempre que se discutam as coisas o mais aprofundadamente possível, é para isso que o blogue existe, para gerar e gerir discussões. Não sei onde e quando no meu texto de anteontem defendi as companhias low-cost mas isso é outra questão. As ditas companhias foram chamadas à colação para dar exemplos de gestão de frota em contra-ponto com o exemplo de má gestão que é um equipamento excedentário que a SATA-Internacional tem. Quem conhece os métodos de gestão dessas companhias ditas low-cost sabe que um dos segredos está na escolha e na gestão dos equipamentos e consequente certificação de aeronaves e de pilotos e na diminuição de custos com reservas e emissão de bilhetes.
No caso em apreço, na (Sata-Internacional) existe uma total desadequação da frota que exige por parte da companhia um esforço financeiro extraordinário e perfeitamente dispensável. Na verdade, o A320 a que me referia, está quase tanto tempo estacionado como a voar. Todos sabemos que os aviões fizeram-se para estar no ar e que cada hora em terra representa um prejuízo acrescido. Neste caso, o equipamento apenas tem servido para fazer um voo semanal com Lisboa e os voos com o Porto que penso são 4 por semana, cerca de 8 horas de voo mais 4 de handling.
É, para mim muito claro que, a questão dos transportes, nos Açores, está muito para além de se saber quem faz o serviço e quanta cobra por ele. Esse é um sector que tem que ser considerado estratégico em qualquer país ou região do Mundo mas muito mais estratégico numa região com as características da nossa.
Repensar os transportes nos Açores, desde o aéreo e mais sofisticado até à simples cabotagem é urgente. Esse debate não tem sido feito. Como tudo na vida, a gestão dos transportes também tem que ser feita com Bom-senso, a chamada inteligência emocional e não só à custa do coeficiente de inteligência das iluminarias do costume.
Talvez o dinheiro que tem sido gasto na brincadeira do transporte marítimo de passageiros inter-ilhas, pudesse ser mais bem gasto no melhoramento do transporte de mercadorias via marítima e passageiros via aérea. O modelo de transportes que temos no momento, com pequenas alterações, é o mesmo de há 20 anos. Nada que se mantenha em letargia 20 anos serve.

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