10 de março de 2006

Bairrismo, o cancro das Ilhas

Não chegou a passar um ano e voltaram à carga com a centralidade falsa de São Miguel e as questiúnculas do costume. Republico aqui um texto de 21 de Junho passado a propósito de uma entrevista de Tomaz Dentinho ao Expresso das Nove.
Lembro, ainda que a SATA, o BCA e a Açoriana de Seguros foram empresas regionalizadas (roubadas) a um grupo económico de São Miguel e tinham e têm nesta Ilha a sua maior base de clientes, não vejo razão para lhe mudar a sede, não entendo em que medida isso mudaria a politica aérea da Região. Quanto aos combustíveis, talvez o Dr. Tomaz Dentinho devesse ter mais pejo em falar desse assunto já que tem ligações estreitas a uma família com interesses no negócio e as suas afirmações são fundamentadas apenas nesses interesses. De facto, o Governo Regional vai investir num parque de combustíveis na Praia da Vitória, apenas para "calar a boca" a algumas "elites" daquela Ilha. Essa medida tem a enorme bonomia de retirar de Angra um dos seus maiores problemas e entraves ao crescimento urbano da Cidade Património da Humanidade. De resto, convém lembrar que existem 2 terminais de combustíveis privados em São Miguel e que, qualquer um deles, está longe de ver a sua capacidade instalada perto do limite, sendo a construção de mais um terminal de combustíveis nos Açores um esforço financeiro totalmente desinteressante para o desenvolvimento da economia regional e local já que em nada vai alterar o actual estado de coisas. Mais uma quimera.


Bairrismo, o cancro das Ilhas

post de 21 de Junho de 2005


Sempre me disseram que o pior dos bairristas é o bairrista de importação. É verdade. O bairrista de importação, mercê da sua condição de imigrante, tenta a todo o custo afirmar-se no meio onde passa a residir defendendo-o contra todos os factos e argumentos. O Professor Tomaz Dentinho e a sua entrevista ao Expresso das Nove desta semana são bons exemplos dessa demagogia bairrista com necessidades de afirmação. Não obstante concordar com muitas das coisas que diz, não posso deixar de reparar nesta pérola do bairrismo doentio e cego.
Basta imaginarmos que se a sede da SATA, os combustíveis ou o transbordo de navios se fizesse livremente e fossem, de alguma forma, os portos de Angra ou da Praia reforçados como devem ser... Nessa altura, o equilíbrio seria diferente, e até se potenciaria a ligação entre Praia da Vitória e Ponta Delgada.
Oh! Sr. Professor se a sede das empresas, os combustíveis e os transportes fossem de opção livre dos seus operadores, a Terceira estaria como a Graciosa está hoje, ou seja com um navio de 15 em 15 dias para abastecer o hiper Modelo e a Graciosa estaria como há 30 anos com o Espírito Santo a fazer cabotagem entre o Porto das Pipas e a Praia da Graciosa levando gaz e trazendo meloas.
Se os Micaelenses, em tempos idos, não tivessem fundado uma companhia de transportes marítimos, outra de Aviação (a primeira do País), um banco e uma seguradora, que foram postos ao serviço de todos os Açorianos, provavelmente os Açores seriam hoje muito mais pobres.

Caríssimo Tomaz
Aparentemente, a centralidade de Ponta Delgada é artificial, na verdade ela é uma realidade incontornável e que só não é mais porque este Povo daqui não tem o desplante nem a insensatez de ser bairrista e trabalha mais um bocadinho em vez de estar a desgastar-se com guerrilhas inúteis.
Basta consultar os sucessivos planos e orçamentos regionais desde 1975 para confirmar que o investimento público per capita efectuado na Ilha de São Miguel foi sempre menor do que em qualquer outra Ilha dos Açores.
A Terceira tem tudo para ser central, falta-lhe gente e iniciativa empresarial, coisa que por aqui vai havendo, apesar dos constrangimentos e da falta de investimento público em infra-estruturas fundamentais. Dou-lhe o exemplo das pescas. 90% do investimento foi canalizado para os Portos da Horta, Madalena e Praia da Vitória. Em Ponta Delgada só agora se está a fazer o que devia ter sido feito há 20 anos. Mesmo assim, a única Ilha onde o sector cresceu foi nesta do Arcanjo. Só posso concluir uma coisa, quanto mais o estado investe e protege pior para a economia, já que abandonados durante o reinado de Adolfo Lima crescemos enquanto outros, apaparicados minguaram.

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