28 de dezembro de 2018
27 de dezembro de 2018
20 de dezembro de 2018
Não sei se isso é tudo combinado ou desnorte
Em 2 de Dezembro António Costa, Primeiro-ministro de Portugal, disse sobre os tumultos de Paris : “Não se deve dramatizar o que são as manifestações normais nos países democráticos”. Hoje, Carlos César, O líder parlamentar do PS defendeu que se deve encarar com naturalidade manifestações espontâneas de cidadãos, mas e há sempre um mas quando se trata da nossa própria casa, salientou que as autoridades têm de atuar com "a maior firmeza" caso seja colocada em causa a ordem pública.
14 de dezembro de 2018
11 de dezembro de 2018
10 de dezembro de 2018
Insónia
Ele estava ali, ainda mal acordado e mal recuperado de uma noite mal dormida, mal sentida, mal vivida, mal resolvida. Tudo na sua vida está mal resolvido. Só Deus. Só o seu Deus sabe. Ele permanece ali, no alto, olhos postos em nada, talvez no lago escuro. No alto. Naquele alto da serra de Água-de-Pau onde já fora tantas vezes feliz. Ali impacientemente, como sempre, espera o Sol. Perto de Deus, perto do seu Deus. Era uma madrugada de Outono em dia de Nossa Senhora Imaculada, Mãe do seu Deus vivo. Ele estava ali esperando o sol aparecer e mostrar a Ilha, a sua Ilha. E o sol mostrou-se tímido a subir o horizonte-deixando recortado entre o azul cobalto do Céu e línguas de fogo - o Pico da Vara. A montanha que o viu nascer e crescer. A montanha, o Planalto a Serra fazem parte dele, do que resta dele. Ao longe o sol deixa aparecer a outra ilha, a Ilha que o adotou, a Ilha que ama como se dela tivesse nascido. A primeira e a décima são as suas ilhas do coração. Caminha entre trilhos de cabreiros e que agora são também de turistas, as gaivotas levantam-se. Na voz de uma “Ganhôa” deixa levar-se. O Pico Alto está mesmo ali ao lado, a 50 milhas náuticas de viagem, mas mesmo ali ao lado. Caminha sem direcção, vai e volta ao mesmo lugar onde fora feliz um dia, tantos dias. Entra no carro e segue o caminho de regresso para lado de nenhum. Na rádio passa
“Quem me dera
Abraçar-te no outono, verão e primavera
Quiçá viver além uma quimera
Herdar a sorte e ganhar teu coração”
2 de dezembro de 2018
Para memória futura.
António Costa, Primeiro-ministro de Portugal, disse hoje sobre os tumultos de Paris : “Não se deve dramatizar o que são as manifestações normais nos países democráticos”
29 de novembro de 2018
22 de novembro de 2018
16 de novembro de 2018
9 de novembro de 2018
5 de novembro de 2018
28 de outubro de 2018
Estamos mais ricos mas com mais pobres
Em 2017, dizem as contas do Governo,
foram gerados na Região quatro mil milhões de euros de riqueza. Nesse mesmo
ano, ficamos a saber pelas mesmas fontes fidedignas (seja lá isso o que for)
que, o número de beneficiários do
Rendimento Social de Inserção aumentou em mais de seiscentos. Leio também a
opinião de Décio Santos, um líder juvenil de sucesso, assumidamente socialista,
um jovem empreendedor daqueles que sabe onde ir buscar os financiamentos e um
modo de viver adquirindo riqueza a partir da riqueza daqueles que a sabem
criar, dizer que os incentivos para o empreendedorismo e para o investimento
são “incríveis” e já deram “excelentes resultados”. Claro que deram excelentes
resultados, para uma minoria muito mínima mas deram, e por outro lado criaram
mais pobres. É fantástico.
Essa gente que sabe falar de
empreendedorismo mas não empreende. Essa gente que sabe falar de Pobreza mas
não a vive nem a sente. Essa gente que ousa alvitrar sobre reconversão de
carreiras mas está acomodada na sua zona de conforto. Essa gente que usa e
abusa de falsas narrativas sobre como vivemos todos nós. Essa outra gente que
vive “escanchada” nas suas douradas reformas e que não abdica de seja o que for
em prol dos filhos e netos dos que têm que trabalhar até morrer. Essa gente
toda não tem moral para decidir sobre os destinos de um Povo e sobre os
destinos de uma Região.
Essa gente toda é o Regime no seu
pior, o Regime assente em pilares que apenas servem para esconder os seus
podres, o regime que podia muito bem ser o saído da Primeira Republica e que
apenas foi interrompido por uma ditadura.
Como já escrevi e disse em outros
momentos e lugares, o sistema de distribuição de riqueza implementado na nossa
Região está a funcionar em sentido inverso ao desejado. Ou seja, está a tirar
aos mais pobres e remediados para dar ao mais ricos e bem instalados. Esse é um
facto comprovado pelos números, não é uma perceção apenas minha ou uma
interpretação de um malicioso liberal. É um facto inegável, irrefutável. Manter
isso não faz qualquer sentido.
Foram e estão a ser distribuídos
sob a forma de incentivos ao investimento e ajudas à perca de rendimento (uma
espécie de RSI dos abastados) a quem anda
à volta do sistema a falar dele, a avaliar os projectos, a fazer os projectos e a
construir o regime, milhões e milhões de euros em nome do combate à pobreza, à
exclusão, à precariedade, em nome da criação de emprego, da valorização de
ativos humanos, da reconversão das massa proletária e muitas outras coisas
bonitas que nunca funcionaram. Se não forem alterados os métodos, não serão
alterados os resultados. Mais dinheiro gasto, mais pobres, mais precariedade,
mais exclusão, mais pobreza, mais alcoolismo, mais toxicodependência, e mais e
mais e mais.
A palavra-chave, neste processo
sociológico é: Inserção. Se analisarmos um qualquer diploma sobre incentivos ao
investimento, ao empreendedorismo, até mesmo os que criaram o microcrédito,
facilmente podemos encontrar dezenas de fatores de exclusão social. Atenção,
esses diplomas são feitos por socialistas e social-democratas desde 1986, ou
seja desde a adesão de Portugal à então CEE. Antes disso, na chamada
pré-adesão, também.
Este sistema “engole vorazmente”
recursos financeiros, destrói valor ao invés de o criar, constrói
ressentimentos em lugar de esperanças, afasta os cidadãos da participação
cívica em vez de os envolver nas decisões, faz medrar populismos em lugar de construir
uma sociedade democrática liberal e justa.
Que o fogo abrase os que não
querem ver e mudar que nós os outros já ardemos nas teias dos resultados
desastrosos das suas decisões.
Ponta Delgada, 25 de Outubro de 2018
25 de outubro de 2018
22 de outubro de 2018
Orçamento para ano de eleições
Em 2019 vamos a votos duas vezes. É verdade
vamos escolher os nossos representantes no Parlamento Europeu e vamos escolher
os Deputados que irão representar os Açorianos na Assembleia da República. Se
faltasse alguma justificação para as normas e intenções plasmadas na proposta
do orçamento de estado para 2019 estes dois atos eleitorais, num só ano,
serviriam bastante para o fazer.
Há um indício de eleitoralismo nesta proposta
de orçamento de Estado para 2019. Aliás há vários. Mas, o primeiro e mais
relevante nem sequer está plasmado no seu articulado. O indicio maior e mais
claro de eleitoralismo da proposta de Orçamento de Estado que agora se discute
reside no fato de Mário Centeno ter começado por apresenta-lo dizendo que este
“não é um orçamento eleitoralista”.
Mas há mais. Centeno e Sérgio Ávila foram logo
enchendo a boca com o aumento das transferências do Estado para a Região como se
de benesses se tratasse. Na verdade, esse aumento de transferências decorre tão
só da aplicação da lei de financiamento das Regiões Autónomas, Lei Orgânica
2/2013 de 2 de setembro, nomeadamente do seu artigo 48º que como se sabe, tem
por base a despesa corrente do Estado no ano anterior. Quer isso dizer que o
aumento das transferências para a Região Autónoma dos Açores em cumprimento do
dever de solidariedade nacional decorre do aumento da despesa corrente no
orçamento o Estado de 2017 e não da boa ou má vontade de quem governa por lá ou
por cá.
Ficamos também a saber que o Governo e o Partido
Socialista querem promover o aumento da pista do Aeroporto da Horta mesmo que
isso implique um atentado ambiental com a destruição de dois monumentos
naturais e mais um outro atentado económico que é construir mais um
“Elefante-branco”. É que ainda temos poucos. Depois admiram-se do Pico crescer
e o Faial definhar. Enchem a boca com a palavra sustentabilidade ao mesmo tempo
que untam as mãos com o cheiro do alcatrão.
Na verdade, os anos de eleições são os anos de
todas as promessas. Ora vejamos um caso prático em sede de Orçamento de Estado
para 2019. A páginas tantas, o Estado e a Região perderam-se de preocupações
com a gente que estava habituada a vidinhas fáceis à conta dos “Amercanes” na
Ilha de Nosso Senhor Jesus Cristo e toca de,
em ano de eleições regionais, que foi o de 2016, assinar uma Declaração
Conjunta aproveitando a Visita Oficial que o Primeiro-ministro, confundido com
o cargo de Secretário-geral do PS, fez aos Açores para lançar as bases da
pré-campanha do seu partido. Andava por cá a peregrina Assunção Cristas a rezar
ao Senhor Santo Cristo que lhe fizesse um milagre de arranjar um candidato que
não servisse os intentos e ambições dos micaelenses mas que sossegasse as
hostes vindas da Ilha dos Capitães Generais contra um perigoso revolucionário
nacionalista, tido como amigo da esquerda socialista.
Passaram alguns anos, 3 anos quase, e eis que
o orçamento de estado volta a falar da intenção de revitalizar a economia da
Ilha Terceira. Quase 3 anos depois e de novo em período pré-eleitoral. Dizem
que em politica não há coincidências eu também acho, até porque: “à mulher de César
(o imperador de Roma) não basta ser séria tem de parecê-lo”. Fogo vos abrase na
fogueira da demagogia que nós por cá vamos ardendo já na da fome e da letargia.
Ponta Delgada, 19 de Outubro de 2018
20 de outubro de 2018
Coluna Liberal - Jornal Diário dos Açores 19 de Outubro de 2018
Parece hoje consensual que a juventude se alia
e aliena do espaço de gestão da coisa pública, em suma da política. Mas, na
verdade, essa não é uma sensação nova, bem pelo contrário. No entanto, hoje, o
desafio de envolver os jovens nas decisões do governo do espaço público é um
desiderato mais difícil de atingir do que há meio século, principalmente nos
países e comunidades mais evoluídas, isto é, mais democratizadas.
As gerações que hoje deveriam estar a chegar
aos lugares de poder, são constituídas
por jovens que já nasceram em liberdade e pouco ou nada conhecem de regimes que
não sejam democráticos. Lá longe, algures numa televisão ouvem-se noticias de
abusos de poder e de atropelo às liberdades individuais mas isso só acontece em
paragens que longínquas, em mundos que não são o nosso, no médio-oriente, na Ibero-américa
na china ou no cormo de África.
Se atentarmos ao mais remoto pensamento sobre o
governo da polis, por exemplo em Aristóteles e no seu tratado de Política,
encontramos bastas referencias à necessidade de se encontrar uma “receita” para
a garantia da “felicidade colectiva”, do melhor sistema de governo da polis que
garanta o bem-estar comum. Essa
“receita” é, nem mais nem menos, do que uma constituição (politeia).
Porém, só na época renascentista e na modernidade,
esse desiderato veio a ganhar força. O rescaldo da guerra dos trinta anos, os
tratados de paz e os acordos diplomáticos que decorreram durante o período que
historiadores e filósofos conhecem como Paz de Vestefália trouxe novos tempos,
novos pensamentos e a consolidação do processo constitucional. A “politeia” de
Aristóteles tem nos chamados contratualistas do renascimento e da modernidade
os principais seguidores. Daí para cá temos mantas de retalhos.
Importa no entanto, centrarmo-nos no que vai
acontecendo nos nossos dias com a eleição e aumento da aceitação popular de
protagonistas que usam da sua verborreia à volta de assuntos que, em nosso
entender, deveriam ter sido já remetidos ao esquecimento.
Na verdade, a Democracia liberal falhou
redondamente na forma como se organizou a partir dos bons princípios
contratualistas. E, é essa incapacidade das constituições chamadas democráticas
se fazerem cumprir, até porque as leis que são feitas por Homens e aplicadas
por Homens sobre Homens que as não querem cumprir, que periga a própria
democracia.
É a incapacidade dos regimes em resolverem os
problemas mais prementes das pessoas que faz recrudescer discursos radicais e
formas populistas de guindar ao poder as mais vis criaturas.
Em todos nós, existe intrínseco e
silenciosamente permanece, um perigoso sentimento racista, xenófobo,
homofóbico, arrogante, prepotente e totalitário. Hannah Arendt, a mais
influente escritora sobre os totalitarismos e figura proeminente da filosofia
do nosso tempo explica esse assunto melhor do que alguém alguma vez foi capaz
de fazer.
A ideologia racista, materializada pelo
racismo Alemão da primeira metade de XX, por exemplo, só ganha adeptos porque
estava “impregnada” no adn dos povos europeus.
Hoje, fenómenos populares e eleitorais como o
de Donald Trump e Marine Le Pen, o aparecimento de movimentos como o Vox de Santiago
Abascal em Espanha , ou com um nível de gravidade muito mais elevado, a
aceitação do discurso “fascista” de Jair
Bolsonaro no Brasil, são facilmente explicáveis pela existência de um
sentimento recalcado e por uma incapacidade das democracias de acudirem às
questões que preocupam os cidadãos.
Se por um lado, no caso dos Estados Unidos
da América, podemos estar tranquilos
pois trata-se da mais lastrada e dilatada democracia da humanidade, com uma
constituição que garante a liberdade dos cidadãos e os poderes do Estado, onde
existem muitos poderes e um sistema de equilíbrio entre esses poderes. Por
outro, o mesmo já não podemos dizer de
países com democracias frágeis, com constituições sem força suficiente, sem um mecanismo
de fiscalização constitucional eficaz e eficiente e com níveis de pobreza extrema que provocam
dependências do sistema de governo que não permitem os equilíbrios desejáveis entre poderes.
Nestes casos devemos estar muito atentos.
Dito de outra forma. Os discursos e os ensaios
sobre a bonomia do multiculturalismo, da globalização, do comércio livre, dos
direitos dos migrantes e refugiados ou até mesmo sobre uma Nova Ordem Mundial, não passam de narrativas
que não se materializam em soluções para as vitimas dos abusos dos poderes e
dos senhores das guerras. Esta é uma das origens do totalitarismo que temos
obrigação de combater. E só o podemos fazer sendo melhor cidadãos.
In jornal Diário dos Açores, edição de 19 de Outubro de 2018
19 de outubro de 2018
Já não há consequências
Pode
parecer, ao mais incauto leitor desta minha crónica, que venho aqui desancar na
classe política e politiqueira (nesta ultima apetece-me sempre dar uns
abanicos) pela falta de coragem em retirar consequências pessoais dos seus atos
públicos. Não, não é só isso que interessa embora isso seja uma das grandes
causas da perca desse enorme valor na nossa sociedade.
É
transversal à sociedade portuguesa contemporânea. Tornou-se normal. Os pais,
talvez por peso de consciência, não obrigam os filhos a tirarem consequências
do seus atos irrefletidos e estes levam isso para o seu futuro. Os professores
não são responsabilizados pelos seus fracassos, a escola não assume as suas culpas
as famílias demitem-se das suas responsabilidades, as empresas escudam-se em
articulados estéreis de leis sem sentido para não cumprirem com as suas
obrigações, os médicos falham na deontologia, os filósofos e os sociólogos
“vendem” narrativas ideológicas como se de verdades científicas se tratassem e que nos levam a becos, os jornais transformam
verdades em mentiras e vice-versa, e podia aqui desfiar um rol de
irresponsabilidades e inconsequências sem fim. Somos um país inconsequente.
Quando
foi a última vez que ouviu a frase: Ministro demite-se em consequência de? Se
“googlar”(verbo novo ainda fora dos dicionários mas de grande utilidade
prática) esta frase irão aparecer
inúmeras noticias, deste ano 2018, na
França, Noruega, Reino Unido, Espanha, Jordânia, Grécia e até no Haiti, um
estado em posição periclitante entre o exíguo e o falhado.
Por
cá, desde Jorge Coelho que se demitiu em 2001 na sequencia da queda da Ponte
Hintze Ribeiro e Pedro Lynce que deixou o governo em 2003 por ter havido um favorecimento
a uma filha de um membro do Governo no acesso ao ensino superior, não houve
outro ministro que saísse do Governo que não fosse por “razões pessoais e
cansaço” de resto não há consequências a tirar dos casos, dos casos comprovados
e muito menos das suspeitas.
Um
ministro, um Secretário Regional, um membro de uma administração de uma empresa
pública, um diretor de uma instituição com contratos com o governo, um simples
diretor de departamento dentro de uma empresa pública, não podem estar sob suspeição.
Os
cidadãos carecem de estar seguros de que são governados pelos melhores. Os
contribuintes merecem ter garantias de que o seu esforço para os cofres do
Estado/Região são feitos em prol do bem-comum e não de grupelhos organizados
que “se vão safando” e ainda aparecem, de quando em vez, armando-se em filantropos,
fazendo uma ou outra caridadezinha num jantar de gala. Foguetabraze!
O
Estado/Região, seja ele governado à esquerda ou à direita tem que o ser pelos
melhores e os melhores nem sempre são os mais espertos, os mais sábios ou as
eminências pardas dos regimes. Os melhores são, neste caso, os mais sérios, os
mais honestos intelectualmente e materialmente e aqueles que olham, de facto,
os mais pobres , os mais desprotegidos e os apoiam e os ajudam a sair dessa
condição.
O
caso, ainda quente, relativo às pressões efetuadas por parte de uma
Administradora de um Hospital (facto), as pressões do Secretário da Tutela e do
responsável pela Proteção Civil (facto) sobre uma técnica para alterar o
fluxograma e o procedimento numa
evacuação de doentes, para dar
prioridade a um familiar de uma poderosa em detrimento de uma outra opção
técnica, não pode ficar sem
consequências de ordem pessoal e politica. Já deviam ter-se demitido ou ter
sido demitidos. Não bastam operações de mera cosmética.
Fogo abrase aquele que não nos protege de gente
dessa.
Ponta Delgada, 12 de Outubro de 2018
12 de outubro de 2018
8 de outubro de 2018
De língua na boca mas não é para casar.
“Dá para sermos amigos, não dá para casar” foram
estas as palavras de António Costa na entrevista que deu à TVI em vésperas de
entrega da proposta de Orçamento de Estado para 2019, ano de eleições e de
todas as decisões sobre o seu futuro como Secretário-geral do PS.
Acontece que esta não é uma simples amizade,
Costa, se atentarmos à teoria triangular do Amor, está numa relação de Companheirismo Amoroso com Catarina Martins e de Amor Fugaz com Jerónimo de Sousa.
Explico, Com Catarina Martins e o Bloco de Esquerda mantem uma relação de
intimidade, anda de língua na boca, faz piadas, troca olhares e manifesta-se pelas
suas expressões corporais, e mantém um certo compromisso mas ainda não deixou a
escova de dentes na casa de banho dela. Com Jerónimo de Sousa e o PCP trata-se de
paixão, coisa antiga, o PS é no fundo um herdeiro do socialismo soviético com
vias democratizantes e também compromisso mas não chega para casar, o PCP
abomina relacionamentos definitivos.
Para Costa isso vai chegando, vai dando jeito,
ora passa um assunto aqui ora passa outro assunto acolá. Para a esquerda
radical é que a coisa, tal como para as amantes em relações triangulares, não
passa de um amor instrumental, em que ela finge não gostar nem ceder espaço mas
no fundo sabe que quando esticar a corda ela partirá para o seu lado.
Se até aqui tivemos uma geringonça que apesar
de ser um amontoado de arames e porcas desajustadas fez funcionar uma maioria
com estabilidade parlamentar, depois da entrevista do Primeiro-ministro
passamos a uma fase diferente. Na verdade, passamos à fase pré eleitoral que
como o próprio nome indica antecede as eleições legislativas de 2019, data em
que o Povo escolherá se quer uma geringonça se quer uma maioria do PS para
governar o país sem dar contas senão aos seus representantes parlamentares que,
como se sabe, nessas circunstâncias, não passam de autómatos que se levantam e
sentam à voz do chefe.
A direita, de Assunção Cristas, Rui Rio e quem
sabe de Santana Lopes, olha para este namoro de Costa com as esquerdas como uma
magra olha o prato cheio de doces que a gorda do lado degluta naquele casamento
onde foram as duas convidadas do noivo. Baba-se como o cão de Pavlov mas finge
não gostar daquela iguaria. Prefere ser elegante mas na verdade está se roendo
de inveja do prato a abarrotar de doces com ovos e natas com que a gorda se delicía exibindo descomplexadamente
as suas formas “Michelin” por baixo da
blusa de seda.
À direita, nem namoro nem casamento, são todos
tão perfeitos, tão com tudo no seu lugar que não se olham. Cristas está tão
cheia de si mesma que não olha à volta, nem sequer para dentro do seu próprio
partido. Santana ainda não sabe se tem certidão
de nascimento e Rio , na verdade,
nem é de direita nem de esquerda e talvez preferisse ir ao altar com Costa do que
com qualquer um dos outros dois.
Entretanto o percurso do PS que podia parecer
espinhoso começa a ficar liso e claro sob a batuta do “Bispo” Marcelo, que só
desilude, de facto, quem se iludiu como
foi o meu caso.
Fogo os abrase nessa fogueira de ciúmes saída
de um enredo de novela mexicana de qualidade duvidosa.
Ponta Delgada 3 de Outubro de 2018
6 de outubro de 2018
Coluna Liberal - Jornal Diário dos Açores 5 de Outubro de 2018
Título esta minha reflecção de hoje com uma
frase que deverei ter ouvido umas centenas de vezes da boca do meu saudoso Pai.
Essa é, certamente, uma das frases mais proferidas pelos Pais quando vão
abrindo mão do seu controlo sobre a vida dos filhos e os vão libertando para a
vida mundana sem proteção do manto do “ninho” paterno.
Para as nações como para os indivíduos a
conquista da liberdade constituiu também um conjunto de responsabilidades acrescidas.
Desde logo, exige-se que os cidadãos de um estado livre e democrático exerçam o
seus direitos e deveres de cidadãos de forma responsável e tendente a construir uma comunidade politica livre e democraticamente
lastrada.
Usa dizer-se que o ser humano tem tendência a
apenas valorizar as coisas importantes quando as perde. Ora, a liberdade é uma
dessas coisas que os povos têm tendência para não dar valor enquanto a podem
fruir mas que, de súbito valoram quando a perdem. Basta para tal ter apenas
essa perceção de perda.
As recentes eleições diretas no PSD-Açores,
tal como acontece em todos os partidos, registaram uma abstenção para lá dos
70%. Partidos há em que essa participação em eleições internas é ainda mais
diminuta. Se olharmos para a eleição de órgãos de ilha e concelhios, espécie de
proliferação de órgãos supostamente descentralizadores mas que não passam de
instrumentos do mais hediondo caciquismo, essa realidade ainda se torna mais
dramática, casos há em que nem os próprios candidatos se dignam a ir votar na
lista de que fazem parte.
Atente-se à democraticidade dessas eleições e
à legitimidade desses eleitos. É, obviamente, difícil desmontar o argumento da
falta de democracia no seio dos partidos políticos portugueses, eles parece que
trabalham afincadamente para o descrédito. Há mesmo os que anunciam abertura à
sociedade civil e outras artimanhas para cair no goto dos eleitores e adeptos,
militantes, simpatizantes, correligionários e outros epítetos de uso comum.
Tudo isso feito como se os Partidos Políticos não fossem, por si só, parte da
chamada sociedade civil, senão mesmo, nos casos como o português, a essência da
sociedade civil. Mas não, eles sentem-se acima de tudo isso. Sentem-se acima
dos cocidadãos, dos seus pares. É disso que trata hoje a política à portuguesa.
Já
aqui nesta coluna alertei, pelo menos duas vezes, para a necessidade de
prevenirmos acutilantemente o recrudescimento de sentimentos nacionalistas
exacerbados que podem apenas contribuir para o nascimento de totalitarismos à semelhança
do que vimos acontecer no rescaldo das primeira e segunda guerra mundiais.
Na
verdade, o discurso e a narrativa anti liberal, recorrentemente usados pela
esquerda anti democrática clássica e emergente e por uma boa faixa das
denominadas sociais-democracias ou socialismos democráticos, constitui um
enorme o risco pra a relativização e assim contribui para que a humanidade
tenda em regressar a regimes mais ou menos musculados que atropelem os chamados
direitos liberais.
A
incapacidade dos regimes e a falência do estado social por se ter transformado
num estado omnipresente e omnipotente que quer controlar tudo e todos falhando redondamente
em toda a linha principalmente nas áreas em que, de facto, tem razões para
existir, leva a sentimentos de descrença coletiva, de negação generalizada das
evidências e à não participação cívica por parte das gerações que já nasceram
em estado de liberdade. Vai assim crescendo o terreno fértil para a emergência
de regimes perniciosos.
A consolidação da democracia não se compadece
com discursos populistas ou com falta de participação cívica. A democracia
apenas se lastra com honestidade intelectual e muita formação sobre os
direitos, liberdades e garantias, em suma, faz falta mais cidadania.
4 de outubro de 2018
A humanidade não é para humanos
Este país não é para velhos, romance de Comac MacCartthy,
eternizado pelos irmãos Coen no grande ecrã com o filme homónimo No Coutry fol Old Men, inspirou-me para
a escolha do título desta cronica de hoje.
Robots, “machinas”,
gadgets, APP para tudo e para nada a esperança da robotização generalizada, as viaturas sem condutor, os
aviões sem aviador, os navios sem capitão, as cirurgias sem doutor. A era da tecnologia
em todo um esplendor de falta de sensações e de metalização das atividades
humanas.
Pois é. Primeiro deslumbramo-nos
com a tecnologia, a máquina a vapor, O “Cavalo de Ferro”, ou como diz
Gedeão, “(…)cisão do átomo, radar,
ultra-som-televisão, desembarque em foguetão na superfície lunar (…) mas nem
sempre que um Homem sonha o mundo pula e avança, há vezes em que regride, se perde
em problemas que não tem e se desfaz em desilusões na espuma dos dias.
Depois do
deslumbramento com os avanços tecnológicos e com a ciência, veio o desprezo
pelo estudo das humanidades. Foi o passo seguinte. Isso é coisa que não
alimenta bocas nem trata doenças. Um filho que se perde nessa coisa de estudar
história ou filosofia é uma dor de cabeça para os pais. Não será engenheiro nem
médico, nem sequer economista, essa profissão com artes de quem se dedica a fingir
que sabe tomar conta dos recursos de quem os soube constituir. Com sorte acaba
numa secretária lá do ministério onde as meninas que servem os cafés e a Dona
Inês das fotocópias fazem o favor de o tratar por Dr. Fulano de Tal, e ao virar
de costas se perguntam se alguém sabe o que faz por ali o dito Fulano de tal.
Deixaremos de ser
gente para sermos autómatos carregadores de botões que não perceberemos o que
fazem e ainda menos seremo0s capazes de compreender para que o fazem. Seremos
parte de algoritmos e de sistemas de alerta complicados fazendo lembrar aquela
anedota do Alentejano que vai numa nave espacial com um macaco com ordens de
alimentar o macaco e não mexer nas alavancas. Seremos reduzidos à condição de
pedintes recetores de um qualquer “rendimento mínimo assegurado” que essa coisa
já mudou de nome umas quantas vezes e ainda mudará mais outras tantas.
Nos cafés, onde
não haverá mais qualquer Steiner que nos aguce a arte de pensar e partilhar
esse pensamento, seremos servidos por um amontoado de microchips e cabos velhos
reciclados vezes sem conta que o cobre já se está a acabar pelo espaço
terrestre deste planeta mar de tal maneira que estamos já a desenvolver máquinas
infernais para minerar as profundezas do azul em busca dos restos.
O estudo das
humanidades ajuda-nos a ser mais humanos, o desprezo por ele faz-nos perder o
sentido de sermos humanos.
Fogo abrase essa
humanidade que desumaniza.
Ponta
Delgada, 21 de Setembro de 2018
1 de outubro de 2018
Foguetões ou foguetório?
Há duas razões
para fazer o Spaceport em Santa Maria
uma é porque sim e a outra é porque sim. Ou seja porque alguém quer,
porque alguém decidiu, porque alguém entende que isso é muito bom para a Ilha,
e para os Açores, para Portugal e imagine-se para a humanidade.
Mais uma vez,
como todas as outras vezes, as Ilhas dos Açores estão no meio dos apetites geoestratégicos
ao serviço da guerra. Isto é o que ninguém nos diz. Sim porque é de guerra e de
tecnologia ao serviço da guerra que se trata não só mas também e
principalmente.
Se é bem verdade
que a nossa importância geoestratégica e geopolítica apenas existe precisamente
quando terceiros a valorizam, caso contrário não passa de uma posição
geográfica, também é bem verdade que nem sempre devemos estar recetivos à
entrada de estrangeiros no nosso território de forma a o transformarem
definitivamente e irremediavelmente. Já foi assim num passado de emigração e
fome que alguns, os que se safaram, entendem que foi muito bom.
O caso do
denominado “Spaceport de Santa Maria”, ainda mal explicado, apesar do esforço
do Governo e dos seus defensores, é um desses casos em que uma intervenção ao nível
ambiental, social e no âmbito mais vasto do político terá consequências
irreversíveis. Por isso, carece de uma avaliação séria e dos seus efeitos a
longo prazo.
A quando da
avaliação de possíveis localizações, Ponta Delgada da Ilha das Flores foi uma
das hipóteses em cima da mesa. Desde logo essa hipótese estava comprometida
pelo estatuto de reserva da biosfera. No entanto, numa visita rápida, alguns técnicos
estrangeiros colocaram-na de parte por causa da reduzida dimensão e
operacionalidade da pista de aviação. No entanto, um desses técnicos deixou
escapar ao seu anfitrião um desabafo: “ vocês não estraguem este paraíso”.
Se formos
revisitar as notícias de 2000 a 2006 sobre a estação de rastreio de satélites
da ESA em Santa Maria, também, ela ia trazer muitos empregos e muito desenvolvimento.
Nem na fase de construção o trouxe (a empresa que a construiu faliu quase de
seguida). Conclusão, a Região construiu um edifício, expropriou terrenos,
concedeu à ESA para utilização, tudo isso custou muito dinheiro aos nossos
impostos e nós (Ilha de Santa Maria) ganhamos mais um posto de trabalho, um
emprego de segurança privado a auferir o
ordenado mínimo regional. Pronto admito, numa ro9tação de 24 horas de serviço
são pelo menos 3 empregos.
Esta agora nova
solução para os velhos problemas é só mais uma, mais um “covaneiro” ( caso de estudo quando se fala de
fraude na Ilha) que vai enganando com papas e bolos aqueles que preferem viver
na ilusão de que vai vir alguma coisa de fora do que fazer cá dentro..
Mas a maior
fraude está naqueles que defendem que a tecnologia a ser utilizada é limpa, o
combustível será Gaz Natural Liquefeito e não haverá perigo de contaminação dos
solos, do ar, ruido ou seja lá o que for. Vai ser tudo muito bom, espetacular.
Então porque não o constroem em cima das vossas cabeças, nas áreas degradadas deixadas
pelos tempos áureos da aeronáutica Civil? Posso indicar, pelo menos dois
lugares extraordinários para o efeito. Um é o denominado “tankfarm” e o outro a
zona dos emissores. Têm ambos a mesma posição geoestratégica que tem Malbusca e
fica tudo muito mais pertinho das vossas casas e dos ambientes urbanos onde
gostais de conviver.
Há duas perguntas
que são importantes serem respondidas neste momento e que ainda não foram
devidamente esclarecidas.
Porquê Malbusca
se é tudo feito com tecnologia muito limpinha?
Porquê Malbusca
se não é tudo feito com essa tal limpeza toda?
São Lourenço, 22 de Setembro de 2018
28 de setembro de 2018
22 de setembro de 2018
Coluna Liberal - Jornal Diário dos Açores 21 de Setembro de 2018
Ao
longo da história da humanidade várias foram a tentativas dos governantes de
condicionarem o pensamento e o desenvolvimento dos indivíduos. O liberalismo
veio trazer algo de novo ao pensamento filosófico e à organização do governo da
polis no sentido de libertar o cidadão das peias do absolutismo.
Nos
últimos dias, na Cidade Praia da Vitória, o Partido Socialista dos Açores
discutiu (eufemismo) e votou (outro eufemismo) uma moção de estratégia global
que, para além de ser a única a ir a votos, foi aprovada por unanimidade (por
principio não aprecio unanimismos). Escalpelizar essa moção é uma tarefa, de
veras, complicada para alguém que ousa defender as liberdades individuais e os
seus princípios libertadores.
Apreciar
os discursos do oradores fixando-se nas expressões faciais de Carlos Cesar é um
exercício que , talvez, pouca gente fez. Analisar a denominada, perdoem-me o
estrangeirismo, “body language” do
presidente honorário do PS-Açores é um exercício lúdico muito interessante.
Este foi um congresso que ficará marcado não pelo que disse, verbalmente Carlos
Cesar, mas sim pelo que expressou inequivocamente pela permanente “cara de
jogador de poker” que ostentou. Tomara. Cada “jovem turco” que subiu à tribuna
naqueles dias veio anunciar mais uma medida, mais um truque de magia para
resolver problemas estruturais, permanentes e persistentes da sociedade
açoriana. Diz a sabedoria popular que “
quem se deita com pequenos acorda mijado” Carlos Cesar, um dos mais experientes
políticos portugueses, acordou encharcado.
Cesar
ouviu e consentiu mas, certamente não gostou, eu também não gostava.
A
páginas tantas (42 para ser preciso), da tal moção de estratégia global
aprovada por unanimidade, lê-se: “o Partido
Socialista dos Açores tem dirigido a sua ação política para a promoção de uma
sociedade cada vez mais coesa, justa, solidária e geradora de igualdade de
oportunidades.” Para logo de seguida se ler que “a educação permanece como
a mais eficaz ferramenta no combate à pobreza, no acesso ao emprego e a uma
remuneração condigna.” Sempre a
paixão pela educação usada como arma de combate à pobreza e à exclusão mas isso
só nas palavras porque nos atos a Região está para lá de muito pior do que o
resto do país e a distar muitas milhas
do que já se faz por essa Europa a
dentro da qual divergimos a olhos vistos e números declarados.
Dizem ainda os
subescritores que uma estratégia para a educação “ implica uma mudança de mentalidades, de procedimentos e de prioridades,
inclusive dentro do próprio sistema educativo regional “. Salvo seja!
O
Estado de direito democrático não pode nem deve construir mentalidades,
condicionar formas de pensar, construir narrativas diferentes da estrutura
cultural e identitária de todo um Povo. Bem sei que para este PS essa coisa de
Povo Açoriano “não dá pão”, mas devia dar.
Quando
o estado monitoriza e indica tutores educativos, como se de “guardas vermelhos”
se tratassem, para supostamente ajudarem determinados indivíduos, esse estado
está a condicionar o pensamento desse individuo e a dirigi-lo para um
pensamento coletivo, estamos a trabalhar no caminho do Partido único, do
pensamento único, das práticas estandardizadas. Disso, só foi visto, de facto, na China de Mao até
meados do século XX com a chamada revolução cultural . Essa China não era e
nunca mais foi um estado de direito e muito menos liberal.
Depois
de vinte e dois anos no poder, nos Açores, como assim seria em qualquer outra parte
do Mundo, é absolutamente normal que o Partido Socialista comece a beber dos
seus próprios venenos, ou seja a apontar soluções para problemas que são da sua
inteira responsabilidade ( não me digam que a culpa ainda é das velhas famílias
dos Senhores feudais, do Salazar do Mota Amaral ou do Natalino Viveiros).
Também
é expectável que esse mesmo partido encerre nas suas fileiras gente que se
aproximou para gestão dos seus interesses pessoais, dos seus apetites, em lugar de o fazer por ter um projeto para o
bem-comum, isso é da natureza humana como dizia Hobbes o “Homem é lobo do Homem”
e nisso fundamentou a sua teoria para a construção do Estado talo como o
conhecemos hoje.
É
preocupante que se leia dos discursos de alguns dirigentes do PS-Açores e que
se ouçam das bocas de jovens quadros da Região, discursos aplaudidos de pé que
indicam caminhos perigosos de pensamento único e m nome de conceitos tão vagos
como são o da própria autonomia e o de “interesse dos Açorianos”. O partido
Socialista dos Açores vive um momento de autismo que, fruto de medos atávicos e
comodismo de todo um povo dependente do Estado/Região, poe em perigo um dos
mais básicos pilares da democracia, o pluralismo de opiniões, até mesmo dentro
do próprio partido onde não aparecem discursos alternativos ao poder instalado
ou a líder incontestado. Líder esse que, diga-se, ainda vai sendo o único que
tenta introduzir novidade e agitar as consciências.
Para
os que, nesta região, lutaram contra as forças que no PSD-Açores tentaram a
mesma via nos anos noventa do século passado, é entristecedor assistir a este
processo sentado na bancada central.
Não
é normal, nem um bom sinal para a democracia,
digo eu, que num país ou numa
região, como num partido ou num clube de futebol, a mesma fação ou seja lá o
que for, detenha o poder durante vinte e
dois anos, dezoito dos quais em maioria absoluta.
21 de setembro de 2018
17 de setembro de 2018
Açores-A destruição do que nunca existiu
O denominado discurso e prática
permanentemente assentes no “politicamente correto” tornou-nos numa espécie de
ovelhas seguindo em rebanho os guias do mesmo. Sabendo inclusive, que o caminho
não é o percorrendo, algumas dessas gentes não ousam grita-lo, vão seguindo
esperando que outras gritem, (não berramos Sr. Presidente da Republica, os
Homens não Berram).
Nos últimos dias, perante as sucessivas
narrativas falaciosas sobre o estado da Região. Construções semânticas essas
que vão desde : a educação onde a Região em vez de ir além do que faz o Estado
teima em ficar aquém; na saúde com as prioridades às evacuações a serem
atribuídas pelos apetites pessoais dos decisores políticos em lugar de serem tidos em conta os pareceres
dos médicos; das finanças que apesar “da situação estável” deixam os fornecedores em estado de agonia prolongada; do investimento que não se faz apesar dos
anúncios de taxas de execução extraordinárias; do sector publico empresarial
regional a definhar de dia para dia sem soluções visíveis; do descalabro no
ambiente apesar dos discursos da sustentabilidade serem permanentes; das
quebras no turismo mesmo quando o
investimento no sector nunca foi tão grande. E por aí adiante poderia continuar
a desfiar um ror de coisas que culminariam no crónico estado de pobreza dos agricultores e dos pescadores.
Nos últimos dias, dizia eu, perante tudo isso,
eis que se levantam finalmente alguns dos “senadores” do Partido Socialista, em
vésperas de conclave da agremiação, para gritarem, alto e a bom som, do alto
das suas cátedras que “o Reio vai nu”. Primeiro Martins Goulart, depois
Dionísio de Sousa.
É verdade, a Região falhou e isso aconteceu
porque: Falhou a democracia porque não soube vencer e educar este povo para
ultrapassar os atavismos que o regime de
Salazar semeou, o de Mota Amaral cultivou e o de Cesar está a colher; Falhou a coesão porque se alimentaram
clientelas, umas politicas outras sociais e outras ainda recriações do próprio
regime; Falhou a Região num todo identitário e falhou absolutamente e por direta culpa de todos os que nos
governaram até hoje com especial responsabilidade para os pequenos grupelhos de
agitadores e uma oposição ananicada que não foram, conjuntamente, capazes de
construir uma comunidade politica que agregasse estas nove ilhas mas, tão só,
uma unidade orgânica.
Os Açores, carecem de ser mais do que um espaço
geográfico e um organigrama. É urgente
deixar de agitar bandeiras bairristas e falsas questões de igualdade quando
somos todos diferentes.
É
urgente acabar com as discriminações feitas em nome da coesão ou do “desenvolvimento
harmonioso” de uma região cheia de idiossincrasias e especificidades que não
são anuláveis, felizmente.
A “discriminação positiva” não é diferente de discriminação
pura e simples. Discriminar positivamente é favorecimento de grupo pessoa classe,
etc , e isso é sempre feito em detrimento, prejuízo de outros. Por isso não
existe discriminação positiva existe sim e sempre uma discriminação, porque é
essa mesma a sua essência etimológica, uma separação, uma segregação.
Discriminar é criar um grupo à parte, segrega-lo, não é juntar, tornar coeso.
Numa altura em que os políticos enchem a boca
com palavras como coesão social e coesão territorial, sujam as mãos com
discriminações sociais, territoriais ou corporativas só porque são mais
populosas ou mais poderosas.
O que vieram dizer os “Senadores” do Partido
Socialista nestas vésperas de Congresso do seu clube, não foi mais nem menos do
que têm dito muitos escribas e comentadores políticos nos últimos anos, que o
fogo abrase aqueles que não sabem ouvir.
Ponta Delgada, 14 de Setembro de 2018
13 de setembro de 2018
Inquérito Diário dos Açores 2018.09.12
Diário dos Açores -
Vasco Cordeiro vai suceder a Vasco Cordeiro no Congresso do PS do próximo fim-de-semana.
A sua liderança estará reforçada para assumir, sem problemas, uma nova vitória
absoluta nas eleições de 2020 ou prevê alguma alteração?
Nuno Barata
- Uma das vantagens, a grande vantagem arrisco dizer, do regime democrático, é
que até ao contar dos votos ninguém pode estar mais seguro ou menos seguro do
resultado a alcançar. Nas últimas regionais de 2016, o PS perdeu cerca de 9000
votos em relação às regionais de 2012, esse número de votos perdidos não é
despiciendo se atentarmos ao círculo de compensação e ao efeito que pode ter o
resultado na distribuição de mandatos. A liderança de um partido, seja ele qual
for, em regime de candidato único não está em causa e poderá sair mesmo reforçada
do congresso se, de facto, a moção de estratégia que se conhece for apresentada
e for discutida com mais pormenor e de forma participada. Não é isso que tem
vindo a acontecer nos congressos partidários mais recentes. Não se espera que
venha a acontecer mas deseja-se.
O PS Açores não tem que ter qualquer receio de
debater-se, de renovar-se, de fazer diferente e para isso precisa de falar menos
para fora e mais para dentro de si mesmo. Renovar o Partaido não aceitar novos
militantes ilustres que muitas vezes são apenas “Cristão Novos” em busca de uma
espaço com sombra. Renovar o Partido é purga-lo das coisas perniciosas - onde se incluem esses agentes da oportunidade
- e reedita-lo seguindo a sua matriz
ideológica e o espirito de mudança que preconizou num passado ainda recente.
Por
princípio sou avesso a unanimismos, ao PS-Açores falta debate interno.
Diário dos Açores - As
propostas que Vasco Cordeiro apresenta na sua moção são suficientemente
mobilizadoras para uma renovação ou espera que haja espírito crítico por parte
de dirigentes e militantes do PS?
Nuno Barata
-Como disse atrás, existe um perigo enorme do PS-Açores
sofrer de um certo “autismo” que culmine num pensamento único. Isso é,
infelizmente, próprio dos partidos que passam pelo poder muito tempo. Aconteceu
no PSD de Mota Amaral e está a acontecer ao PS de Vasco Cordeiro e Carlos
Cesar. Dentro do PS-Açores não há quem arrisque agitar as águas.
Deve dizer-se, em nome de uma justiça de
avaliação, que Vasco Cordeiro tem, ele próprio, em questões muito gerais sido o
único agitador de consciências mas sempre com propostas que caem numa espécie
de saco roto. Nunca mais se ouviu falar das propostas que aventou no dia da
Região nas Flores ou no discurso do último congresso. Porém agora aparecem
propostas ao conclave socialista relativas à qualificação da autonomia, vejamos
o que o PS consegue fazer sobre esse importante desiderato nos próximos dois anos. Este Partido Socialista
não tem desculpas, já governa a Região com maioria absoluta desde 2000, só não
reformou o regime porque não quis ou não quer ou ainda porque entende que está tudo
bem (voltamos à tese do autismo). O papel aceita quase tudo o que lá se poe,
operacionalizar essas intenções é que nem sempre é fácil, possível, e aceite
pelo soberano eleitorado.
Diário dos Açores -
Daqui a poucas semanas haverá alterações na liderança do PSD-Açores. Quem acha
que estará mais apto: Alexandre Gaudêncio ou Pedro Nascimento Cabral?
Nuno
Barata - 1X2, é como jogar no totobola, só que aqui não há lugar ao uso do X.
Eu diria que ambos os candidatos têm condições de ganhar as eleições internas diretas,
ambos terão condições de enfrentar o congresso, mas só um pode ser o líder que
o PSD almeja há algum tempo. Ser Presidente do Partido é a parte que custará
menos a Alexandre Gaudência, tem conhecimento das bases, implantação bastante
em São Miguel, foi Secretário-geral e é um autarca com algumas provas dadas mas
também com muitos rabos-de-palha por explicar e tem o apoio do actaul dirigente
máximo do PSD-Açores.
Nascimento
Cabral, tem também nas suas fileiras, gente da máquina partidária e tem a
enorme vantagem de não estar ele próprio ligado ao aparelho do Estado/Região/Poder
Local, é aquilo que se pode chamar um outsider
que sempre esteve por dentro e soube escolher a sua hora, fez o seu caminho
como todos nós que andamos atentos podemos comprovar. Começou com cuidado a
mandar recados para dentro do partido, endureceu as críticas à direção de
Duarte Freitas e lançou, no início deste ano, a derradeira “lança” anunciando a
sua candidatura ainda antes do processo eleitoral ser despoletado. Nascimento
Cabral é um estratega da política e isso dá-lhe muitas garantias de sucesso.
Diário dos Açores - O PSD, com uma nova liderança, poderá almejar umas
eleições mais disputadas em 2020 ou terá ainda que aguardar por 2024, quando
Vasco Cordeiro já não se poderá recandidatar?
Nuno Barata - O resultado eleitoral de 2020 vai
depender muito da forma como correrem os dossiers
que neste momento são incómodos para o PS Açores.
O Governo e o Partido Socialista,
muito por culpa da s suas cedências às reivindicações populistas da oposição, e
menos por culpa das suas fracas convicções, criou ao longo dos últimos anos um
conjunto de problemas para si próprio e com os quais vive ensombrado.
O Dossier SATA será fundamental
neste processo. Se a operação de “reconstrução” da SATA correr mal, as eleições
certamente irão correr mal para o PS.
Nos últimos anos de oposição,
passado o período de “ressaca” despois da derrota de 1996, o PSD adotou uma
tática política análoga à tática militar usada pelos Russos contra a invasão
pelas tropas de Bonaparte. “Politica da Terra Queimada”. Ou seja, foi
apresentando o sem número de propostas, mais um menos populistas, mais ou menos
inexequíveis, algumas desnecessárias e até perniciosas como engodo para o PS ir
cometendo os erros estratégicos que cometeu. Quando prevalece a tática sobre a
estratégia é isso que acontece. O PS deixou-se levar pelo imediatismo da
tática, da resposta rápida às provocações da oposição e nem sempre esteve à
altura de responder com firmeza a esses ataques.
Neste momento o PSD espera
calmamente, tal como os Russos esperaram às portas de Moscovo por napoleão e às
portas de São Petersburgo pelas tropas alemãs. O PSD espera e desespera por um
desaire do Partido Socialista, as eleições nos Açores não se ganham, perdem-se.
9 de setembro de 2018
Um Café sem bica
O facebook é um Café. Não é um Café
tradicional, como aquele onde entramos seguindo o cheiro dos grãos negros acabados de moer, cheios de histórias
contadas e outras tantas por contar. Histórias de amor, escarnio, dramas.
Histórias de escravos, histórias de vidas e sobretudo de mortes.
Também não é um café como os do Steinner, onde se constroem mitos, destroem
vaidades, se fazem propostas, se apresentam soluções e se desenvolvem teorias filosóficas
sobre a felicidade humana e o futuro da europa.
Uma das enormes vantagens dos Cafés é que estão
regulados pelo mercado – esse demónio- não somos obrigados a entrar neste
naquele ou no outro, podemos escolher onde entrar e comprara o que
queremos ou podemos comprar.
O facebook
não é apenas uma café, é um conjunto deles, dos que vale a pena entrar,
daqueles onde entramos quotidianamente assuntando por aqui e por ali com este
ou com aquele. É como encostar a barriga ao balcão e resolver os problemas da
humanidade, seja entre dois copos de cerveja e um pastel de bacalhau às 3 da
manhã, seja entre a bica em chávena escaldada e o pastel de nata da pausa
laboral das 10 horas.
Mas, também é como um daqueles espaços físicos
que dão pelo nome mas não o merecem. Cheiram a azedo. E como em qualquer Café,
somos todos livres de querer entrar ou não.
Alguns grupos, neste “grande Café”, são como
esses espaços esconsos e mal cheirosos. Cheios de perfis falsos, descarados anónimos,
plenos de gente que se julga isso mesmo mas não chega a sê-lo,
de meias verdades e mentiras absolutas, de insinuações dadas como verdades
insofismáveis. São lugares perigosos, onde, a qualquer momento, podemos ser
atraiçoados por uma faca saída da liga de um qualquer vagabundo.
Muitos desses grupos não são sequer Cafés, não
passam de lixeiras a céu aberto. Com o devido respeito, não gosto de frequentar
depósitos de lixo, aterros sanitários e afins a não ser para adquirir composto
orgânico e animado pelas “carinhas larocas” e pela simpatia e profissionalismo
das funcionárias lá do lugar.
Sim já entrei em alguns grupos desses que
pululam por aí no mundo virtual da world
Wide Web. Em alguns deles, tal como nos Cafés, até encontrei coisas
interessantes, mas esses grupos são como alguns desses Cafés, escuros,
cheirando a azedo e a beatas nos cinzeiros onde apenas é permitido beber uma
bica pegando a chávena com a mão esquerda para usar o lado menos gasto da borda
só “passadinha” por água
Ponta Delgada, 7 de Setembro de 2018
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