17 de setembro de 2018

Açores-A destruição do que nunca existiu



O denominado discurso   e prática permanentemente assentes no “politicamente correto” tornou-nos numa espécie de ovelhas seguindo em rebanho os guias do mesmo. Sabendo inclusive, que o caminho não é o percorrendo, algumas dessas gentes não ousam grita-lo, vão seguindo esperando que outras gritem, (não berramos Sr. Presidente da Republica, os Homens não Berram).
Nos últimos dias, perante as sucessivas narrativas falaciosas sobre o estado da Região. Construções semânticas essas que vão desde : a educação onde a Região em vez de ir além do que faz o Estado teima em ficar aquém; na saúde com as prioridades às evacuações a serem atribuídas pelos apetites pessoais dos decisores políticos  em lugar de serem tidos em conta os pareceres dos médicos; das finanças que apesar “da situação estável”  deixam os fornecedores  em estado de agonia prolongada;  do investimento que não se faz apesar dos anúncios de taxas de execução extraordinárias; do sector publico empresarial regional a definhar de dia para dia sem soluções visíveis; do descalabro no ambiente apesar dos discursos da sustentabilidade serem permanentes; das quebras no turismo  mesmo quando o investimento no sector nunca foi tão grande. E por aí adiante poderia continuar a desfiar um ror de coisas que culminariam no crónico estado de pobreza  dos agricultores e dos pescadores.
Nos últimos dias, dizia eu, perante tudo isso, eis que se levantam finalmente alguns dos “senadores” do Partido Socialista, em vésperas de conclave da agremiação, para gritarem, alto e a bom som, do alto das suas cátedras que “o Reio vai nu”. Primeiro Martins Goulart, depois Dionísio de Sousa.
É verdade, a Região falhou e isso aconteceu porque: Falhou a democracia porque não soube vencer e educar este povo para ultrapassar  os atavismos que o regime de Salazar semeou, o de Mota Amaral cultivou e o de Cesar está a colher;  Falhou a coesão porque se alimentaram clientelas, umas politicas outras sociais e outras ainda recriações do próprio regime; Falhou a Região num todo identitário e falhou absolutamente  e por direta culpa de todos os que nos governaram até hoje com especial responsabilidade para os pequenos grupelhos de agitadores e uma oposição ananicada que não foram, conjuntamente, capazes de construir uma comunidade politica que agregasse estas nove ilhas mas, tão só, uma unidade orgânica.

Os Açores, carecem de ser mais do que um espaço geográfico e um organigrama.  É urgente deixar de agitar bandeiras bairristas e falsas questões de igualdade quando somos todos diferentes.

 É urgente acabar com as discriminações feitas em nome da coesão ou do “desenvolvimento harmonioso” de uma região cheia de idiossincrasias e especificidades que não são anuláveis, felizmente.
A “discriminação positiva” não é diferente de discriminação pura e simples. Discriminar positivamente é favorecimento de grupo pessoa classe, etc , e isso é sempre feito em detrimento, prejuízo de outros. Por isso não existe discriminação positiva existe sim e sempre uma discriminação, porque é essa mesma a sua essência etimológica, uma separação, uma segregação. Discriminar é criar um grupo à parte, segrega-lo, não é juntar, tornar coeso.
Numa altura em que os políticos enchem a boca com palavras como coesão social e coesão territorial, sujam as mãos com discriminações sociais, territoriais ou corporativas só porque são mais populosas ou mais poderosas.
O que vieram dizer os “Senadores” do Partido Socialista nestas vésperas de Congresso do seu clube, não foi mais nem menos do que têm dito muitos escribas e comentadores políticos nos últimos anos, que o fogo abrase aqueles que não sabem ouvir.


Ponta Delgada, 14 de Setembro de 2018

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