O denominado discurso e prática
permanentemente assentes no “politicamente correto” tornou-nos numa espécie de
ovelhas seguindo em rebanho os guias do mesmo. Sabendo inclusive, que o caminho
não é o percorrendo, algumas dessas gentes não ousam grita-lo, vão seguindo
esperando que outras gritem, (não berramos Sr. Presidente da Republica, os
Homens não Berram).
Nos últimos dias, perante as sucessivas
narrativas falaciosas sobre o estado da Região. Construções semânticas essas
que vão desde : a educação onde a Região em vez de ir além do que faz o Estado
teima em ficar aquém; na saúde com as prioridades às evacuações a serem
atribuídas pelos apetites pessoais dos decisores políticos em lugar de serem tidos em conta os pareceres
dos médicos; das finanças que apesar “da situação estável” deixam os fornecedores em estado de agonia prolongada; do investimento que não se faz apesar dos
anúncios de taxas de execução extraordinárias; do sector publico empresarial
regional a definhar de dia para dia sem soluções visíveis; do descalabro no
ambiente apesar dos discursos da sustentabilidade serem permanentes; das
quebras no turismo mesmo quando o
investimento no sector nunca foi tão grande. E por aí adiante poderia continuar
a desfiar um ror de coisas que culminariam no crónico estado de pobreza dos agricultores e dos pescadores.
Nos últimos dias, dizia eu, perante tudo isso,
eis que se levantam finalmente alguns dos “senadores” do Partido Socialista, em
vésperas de conclave da agremiação, para gritarem, alto e a bom som, do alto
das suas cátedras que “o Reio vai nu”. Primeiro Martins Goulart, depois
Dionísio de Sousa.
É verdade, a Região falhou e isso aconteceu
porque: Falhou a democracia porque não soube vencer e educar este povo para
ultrapassar os atavismos que o regime de
Salazar semeou, o de Mota Amaral cultivou e o de Cesar está a colher; Falhou a coesão porque se alimentaram
clientelas, umas politicas outras sociais e outras ainda recriações do próprio
regime; Falhou a Região num todo identitário e falhou absolutamente e por direta culpa de todos os que nos
governaram até hoje com especial responsabilidade para os pequenos grupelhos de
agitadores e uma oposição ananicada que não foram, conjuntamente, capazes de
construir uma comunidade politica que agregasse estas nove ilhas mas, tão só,
uma unidade orgânica.
Os Açores, carecem de ser mais do que um espaço
geográfico e um organigrama. É urgente
deixar de agitar bandeiras bairristas e falsas questões de igualdade quando
somos todos diferentes.
É
urgente acabar com as discriminações feitas em nome da coesão ou do “desenvolvimento
harmonioso” de uma região cheia de idiossincrasias e especificidades que não
são anuláveis, felizmente.
A “discriminação positiva” não é diferente de discriminação
pura e simples. Discriminar positivamente é favorecimento de grupo pessoa classe,
etc , e isso é sempre feito em detrimento, prejuízo de outros. Por isso não
existe discriminação positiva existe sim e sempre uma discriminação, porque é
essa mesma a sua essência etimológica, uma separação, uma segregação.
Discriminar é criar um grupo à parte, segrega-lo, não é juntar, tornar coeso.
Numa altura em que os políticos enchem a boca
com palavras como coesão social e coesão territorial, sujam as mãos com
discriminações sociais, territoriais ou corporativas só porque são mais
populosas ou mais poderosas.
O que vieram dizer os “Senadores” do Partido
Socialista nestas vésperas de Congresso do seu clube, não foi mais nem menos do
que têm dito muitos escribas e comentadores políticos nos últimos anos, que o
fogo abrase aqueles que não sabem ouvir.
Ponta Delgada, 14 de Setembro de 2018
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