9 de setembro de 2018

Um Café sem bica


O  facebook é um Café. Não é um Café tradicional, como aquele onde entramos seguindo o cheiro  dos grãos negros acabados de moer, cheios de histórias contadas e outras tantas por contar. Histórias de amor, escarnio, dramas. Histórias de escravos, histórias de vidas e sobretudo de mortes.
Também não é um café como os  do Steinner, onde se constroem mitos, destroem vaidades, se fazem propostas, se apresentam soluções e se desenvolvem teorias filosóficas sobre a felicidade humana e o futuro da europa.
Uma das enormes vantagens dos Cafés é que estão regulados pelo mercado – esse demónio- não somos obrigados a entrar neste naquele ou no outro, podemos escolher onde entrar e comprara o que queremos  ou podemos comprar.
O facebook não é apenas uma café, é um conjunto deles, dos que vale a pena entrar, daqueles onde entramos quotidianamente assuntando por aqui e por ali com este ou com aquele. É como encostar a barriga ao balcão e resolver os problemas da humanidade, seja entre dois copos de cerveja e um pastel de bacalhau às 3 da manhã, seja entre a bica em chávena escaldada e o pastel de nata da pausa laboral das 10 horas.
Mas, também é como um daqueles espaços físicos que dão pelo nome mas não o merecem. Cheiram a azedo. E como em qualquer Café, somos todos livres de querer entrar ou não.
Alguns grupos, neste “grande Café”, são como esses espaços esconsos e mal cheirosos. Cheios de perfis falsos, descarados anónimos,  plenos de  gente que se julga isso mesmo mas não chega a sê-lo, de meias verdades e mentiras absolutas, de insinuações dadas como verdades insofismáveis. São lugares perigosos, onde, a qualquer momento, podemos ser atraiçoados por uma faca saída da liga de um qualquer vagabundo.

Muitos desses grupos não são sequer Cafés, não passam de lixeiras a céu aberto. Com o devido respeito, não gosto de frequentar depósitos de lixo, aterros sanitários e afins a não ser para adquirir composto orgânico e animado pelas “carinhas larocas” e pela simpatia e profissionalismo das funcionárias lá do lugar.

Sim já entrei em alguns grupos desses que pululam por aí no mundo virtual da world Wide Web. Em alguns deles, tal como nos Cafés, até encontrei coisas interessantes, mas esses grupos são como alguns desses Cafés, escuros, cheirando a azedo e a beatas nos cinzeiros onde apenas é permitido beber uma bica pegando a chávena com a mão esquerda para usar o lado menos gasto da borda só “passadinha” por água

Ponta Delgada, 7 de Setembro de 2018

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