O facebook é um Café. Não é um Café
tradicional, como aquele onde entramos seguindo o cheiro dos grãos negros acabados de moer, cheios de histórias
contadas e outras tantas por contar. Histórias de amor, escarnio, dramas.
Histórias de escravos, histórias de vidas e sobretudo de mortes.
Também não é um café como os do Steinner, onde se constroem mitos, destroem
vaidades, se fazem propostas, se apresentam soluções e se desenvolvem teorias filosóficas
sobre a felicidade humana e o futuro da europa.
Uma das enormes vantagens dos Cafés é que estão
regulados pelo mercado – esse demónio- não somos obrigados a entrar neste
naquele ou no outro, podemos escolher onde entrar e comprara o que
queremos ou podemos comprar.
O facebook
não é apenas uma café, é um conjunto deles, dos que vale a pena entrar,
daqueles onde entramos quotidianamente assuntando por aqui e por ali com este
ou com aquele. É como encostar a barriga ao balcão e resolver os problemas da
humanidade, seja entre dois copos de cerveja e um pastel de bacalhau às 3 da
manhã, seja entre a bica em chávena escaldada e o pastel de nata da pausa
laboral das 10 horas.
Mas, também é como um daqueles espaços físicos
que dão pelo nome mas não o merecem. Cheiram a azedo. E como em qualquer Café,
somos todos livres de querer entrar ou não.
Alguns grupos, neste “grande Café”, são como
esses espaços esconsos e mal cheirosos. Cheios de perfis falsos, descarados anónimos,
plenos de gente que se julga isso mesmo mas não chega a sê-lo,
de meias verdades e mentiras absolutas, de insinuações dadas como verdades
insofismáveis. São lugares perigosos, onde, a qualquer momento, podemos ser
atraiçoados por uma faca saída da liga de um qualquer vagabundo.
Muitos desses grupos não são sequer Cafés, não
passam de lixeiras a céu aberto. Com o devido respeito, não gosto de frequentar
depósitos de lixo, aterros sanitários e afins a não ser para adquirir composto
orgânico e animado pelas “carinhas larocas” e pela simpatia e profissionalismo
das funcionárias lá do lugar.
Sim já entrei em alguns grupos desses que
pululam por aí no mundo virtual da world
Wide Web. Em alguns deles, tal como nos Cafés, até encontrei coisas
interessantes, mas esses grupos são como alguns desses Cafés, escuros,
cheirando a azedo e a beatas nos cinzeiros onde apenas é permitido beber uma
bica pegando a chávena com a mão esquerda para usar o lado menos gasto da borda
só “passadinha” por água
Ponta Delgada, 7 de Setembro de 2018
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