28 de outubro de 2018

Estamos mais ricos mas com mais pobres



Em 2017, dizem as contas do Governo, foram gerados na Região quatro mil milhões de euros de riqueza. Nesse mesmo ano, ficamos a saber pelas mesmas fontes fidedignas (seja lá isso o que for) que,  o número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção aumentou em mais de seiscentos. Leio também a opinião de Décio Santos, um líder juvenil de sucesso, assumidamente socialista, um jovem empreendedor daqueles que sabe onde ir buscar os financiamentos e um modo de viver adquirindo riqueza a partir da riqueza daqueles que a sabem criar, dizer que os incentivos para o empreendedorismo e para o investimento são “incríveis” e já deram “excelentes resultados”. Claro que deram excelentes resultados, para uma minoria muito mínima mas deram, e por outro lado criaram mais pobres. É fantástico.
Essa gente que sabe falar de empreendedorismo mas não empreende. Essa gente que sabe falar de Pobreza mas não a vive nem a sente. Essa gente que ousa alvitrar sobre reconversão de carreiras mas está acomodada na sua zona de conforto. Essa gente que usa e abusa de falsas narrativas sobre como vivemos todos nós. Essa outra gente que vive “escanchada” nas suas douradas reformas e que não abdica de seja o que for em prol dos filhos e netos dos que têm que trabalhar até morrer. Essa gente toda não tem moral para decidir sobre os destinos de um Povo e sobre os destinos de uma Região.
Essa gente toda é o Regime no seu pior, o Regime assente em pilares que apenas servem para esconder os seus podres, o regime que podia muito bem ser o saído da Primeira Republica e que apenas foi interrompido por uma ditadura.
Como já escrevi e disse em outros momentos e lugares, o sistema de distribuição de riqueza implementado na nossa Região está a funcionar em sentido inverso ao desejado. Ou seja, está a tirar aos mais pobres e remediados para dar ao mais ricos e bem instalados. Esse é um facto comprovado pelos números, não é uma perceção apenas minha ou uma interpretação de um malicioso liberal. É um facto inegável, irrefutável. Manter isso não faz qualquer sentido.
Foram e estão a ser distribuídos sob a forma de incentivos ao investimento e ajudas à perca de rendimento (uma espécie de RSI  dos abastados) a quem anda à volta do sistema a falar dele, a avaliar os projectos, a fazer os projectos e a construir o regime, milhões e milhões de euros em nome do combate à pobreza, à exclusão, à precariedade, em nome da criação de emprego, da valorização de ativos humanos, da reconversão das massa proletária e muitas outras coisas bonitas que nunca funcionaram. Se não forem alterados os métodos, não serão alterados os resultados. Mais dinheiro gasto, mais pobres, mais precariedade, mais exclusão, mais pobreza, mais alcoolismo, mais toxicodependência, e mais e mais e mais.
A palavra-chave, neste processo sociológico é: Inserção. Se analisarmos um qualquer diploma sobre incentivos ao investimento, ao empreendedorismo, até mesmo os que criaram o microcrédito, facilmente podemos encontrar dezenas de fatores de exclusão social. Atenção, esses diplomas são feitos por socialistas e social-democratas desde 1986, ou seja desde a adesão de Portugal à então CEE. Antes disso, na chamada pré-adesão, também.
Este sistema “engole vorazmente” recursos financeiros, destrói valor ao invés de o criar, constrói ressentimentos em lugar de esperanças, afasta os cidadãos da participação cívica em vez de os envolver nas decisões, faz medrar populismos em lugar de construir uma sociedade democrática liberal e justa.
Que o fogo abrase os que não querem ver e mudar que nós os outros já ardemos nas teias dos resultados desastrosos das suas decisões.
Ponta Delgada, 25 de Outubro de 2018

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