Há duas razões
para fazer o Spaceport em Santa Maria
uma é porque sim e a outra é porque sim. Ou seja porque alguém quer,
porque alguém decidiu, porque alguém entende que isso é muito bom para a Ilha,
e para os Açores, para Portugal e imagine-se para a humanidade.
Mais uma vez,
como todas as outras vezes, as Ilhas dos Açores estão no meio dos apetites geoestratégicos
ao serviço da guerra. Isto é o que ninguém nos diz. Sim porque é de guerra e de
tecnologia ao serviço da guerra que se trata não só mas também e
principalmente.
Se é bem verdade
que a nossa importância geoestratégica e geopolítica apenas existe precisamente
quando terceiros a valorizam, caso contrário não passa de uma posição
geográfica, também é bem verdade que nem sempre devemos estar recetivos à
entrada de estrangeiros no nosso território de forma a o transformarem
definitivamente e irremediavelmente. Já foi assim num passado de emigração e
fome que alguns, os que se safaram, entendem que foi muito bom.
O caso do
denominado “Spaceport de Santa Maria”, ainda mal explicado, apesar do esforço
do Governo e dos seus defensores, é um desses casos em que uma intervenção ao nível
ambiental, social e no âmbito mais vasto do político terá consequências
irreversíveis. Por isso, carece de uma avaliação séria e dos seus efeitos a
longo prazo.
A quando da
avaliação de possíveis localizações, Ponta Delgada da Ilha das Flores foi uma
das hipóteses em cima da mesa. Desde logo essa hipótese estava comprometida
pelo estatuto de reserva da biosfera. No entanto, numa visita rápida, alguns técnicos
estrangeiros colocaram-na de parte por causa da reduzida dimensão e
operacionalidade da pista de aviação. No entanto, um desses técnicos deixou
escapar ao seu anfitrião um desabafo: “ vocês não estraguem este paraíso”.
Se formos
revisitar as notícias de 2000 a 2006 sobre a estação de rastreio de satélites
da ESA em Santa Maria, também, ela ia trazer muitos empregos e muito desenvolvimento.
Nem na fase de construção o trouxe (a empresa que a construiu faliu quase de
seguida). Conclusão, a Região construiu um edifício, expropriou terrenos,
concedeu à ESA para utilização, tudo isso custou muito dinheiro aos nossos
impostos e nós (Ilha de Santa Maria) ganhamos mais um posto de trabalho, um
emprego de segurança privado a auferir o
ordenado mínimo regional. Pronto admito, numa ro9tação de 24 horas de serviço
são pelo menos 3 empregos.
Esta agora nova
solução para os velhos problemas é só mais uma, mais um “covaneiro” ( caso de estudo quando se fala de
fraude na Ilha) que vai enganando com papas e bolos aqueles que preferem viver
na ilusão de que vai vir alguma coisa de fora do que fazer cá dentro..
Mas a maior
fraude está naqueles que defendem que a tecnologia a ser utilizada é limpa, o
combustível será Gaz Natural Liquefeito e não haverá perigo de contaminação dos
solos, do ar, ruido ou seja lá o que for. Vai ser tudo muito bom, espetacular.
Então porque não o constroem em cima das vossas cabeças, nas áreas degradadas deixadas
pelos tempos áureos da aeronáutica Civil? Posso indicar, pelo menos dois
lugares extraordinários para o efeito. Um é o denominado “tankfarm” e o outro a
zona dos emissores. Têm ambos a mesma posição geoestratégica que tem Malbusca e
fica tudo muito mais pertinho das vossas casas e dos ambientes urbanos onde
gostais de conviver.
Há duas perguntas
que são importantes serem respondidas neste momento e que ainda não foram
devidamente esclarecidas.
Porquê Malbusca
se é tudo feito com tecnologia muito limpinha?
Porquê Malbusca
se não é tudo feito com essa tal limpeza toda?
São Lourenço, 22 de Setembro de 2018
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