8 de outubro de 2018

De língua na boca mas não é para casar.


“Dá para sermos amigos, não dá para casar” foram estas as palavras de António Costa na entrevista que deu à TVI em vésperas de entrega da proposta de Orçamento de Estado para 2019, ano de eleições e de todas as decisões sobre o seu futuro como Secretário-geral do PS.

Acontece que esta não é uma simples amizade, Costa, se atentarmos à teoria triangular do Amor,  está numa relação de Companheirismo Amoroso com Catarina Martins e de Amor Fugaz com Jerónimo de Sousa. Explico, Com Catarina Martins e o Bloco de Esquerda mantem uma relação de intimidade, anda de língua na boca, faz piadas, troca olhares e manifesta-se pelas suas expressões corporais, e mantém um certo compromisso mas ainda não deixou a escova de dentes na casa de banho dela. Com Jerónimo de Sousa e o PCP trata-se de paixão, coisa antiga, o PS é no fundo um herdeiro do socialismo soviético com vias democratizantes e também compromisso mas não chega para casar, o PCP abomina relacionamentos definitivos.

Para Costa isso vai chegando, vai dando jeito, ora passa um assunto aqui ora passa outro assunto acolá. Para a esquerda radical é que a coisa, tal como para as amantes em relações triangulares, não passa de um amor instrumental, em que ela finge não gostar nem ceder espaço mas no fundo sabe que quando esticar a corda ela partirá para o seu lado.

Se até aqui tivemos uma geringonça que apesar de ser um amontoado de arames e porcas desajustadas fez funcionar uma maioria com estabilidade parlamentar, depois da entrevista do Primeiro-ministro passamos a uma fase diferente. Na verdade, passamos à fase pré eleitoral que como o próprio nome indica antecede as eleições legislativas de 2019, data em que o Povo escolherá se quer uma geringonça se quer uma maioria do PS para governar o país sem dar contas senão aos seus representantes parlamentares que, como se sabe, nessas circunstâncias, não passam de autómatos que se levantam e sentam à voz do chefe.

A direita, de Assunção Cristas, Rui Rio e quem sabe de Santana Lopes, olha para este namoro de Costa com as esquerdas como uma magra olha o prato cheio de doces que a gorda do lado degluta naquele casamento onde foram as duas convidadas do noivo. Baba-se como o cão de Pavlov mas finge não gostar daquela iguaria. Prefere ser elegante mas na verdade está se roendo de inveja do prato a abarrotar de doces com ovos e natas com que  a gorda se delicía exibindo descomplexadamente as suas  formas “Michelin” por baixo da blusa de seda.

À direita, nem namoro nem casamento, são todos tão perfeitos, tão com tudo no seu lugar que não se olham. Cristas está tão cheia de si mesma que não olha à volta, nem sequer para dentro do seu próprio partido. Santana ainda não sabe se tem certidão de nascimento  e Rio , na verdade, nem é de direita nem de esquerda e talvez preferisse ir ao altar com Costa do que com  qualquer um dos outros dois.
Entretanto o percurso do PS que podia parecer espinhoso começa a ficar liso e claro sob a batuta do “Bispo” Marcelo, que só desilude, de facto,  quem se iludiu como foi o meu caso.

Fogo os abrase nessa fogueira de ciúmes saída de um enredo de novela mexicana de qualidade duvidosa.

Ponta Delgada 3 de Outubro de 2018

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