10 de setembro de 2004

Navegar na rede

Já naveguei bastante, perdi horas em bordos para este e para oeste em busca do vento que me levava ao caminho certo para uma qualquer Índia imaginária. Rumo a coisa nenhuma ou ao destino que fosse, pelos sete mares e por outros nunca "dantes navegados", lentamente, de vaga morta em vaga morta, fiz quartos de leme, fui mostrengo e Neptuno, Bojador e Preste João nos impérios do Google ou do Yahoo.
Hoje não navego na rede. Faço surf na rede. Surfar na rede é escolher a praia certa, chegar, deitar a toalha e a prancha, vestir o fato. Deitar de barriga na prancha e ir calmamente remando com as mãos mar fora em busca do lugar certo. È preciso saber onde é o lugar certo. Depois? Depois esperar ali sem pressas nem formigueiros que apareça a onda boa.
E eis senão, quando menos esperamos, lá vem ela, perfeita. Colocamo-nos em posição usamos as palmas das mãos freneticamente como remos e apanhamo-la. Vamos na onda, em pé, soberanos, guinada para um lado, guinada para o outro até ao golpe final. Sentimos o gosto do seu sal na boca os grãos de areia finos entre os dentes. Todas as ondas têm um sabor diferente. E voltamos e repetimos até mais não podermos. E voltamos sempre às mesmas praias onde sabemos que haverão ondas de sabores diferentes.

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