O último fin-de-semana de Agosto, passei-o totalmente na recôndita e isolada Freguesia do Concelho da Povoação chamada Faial da Terra. Das velhas Myrica faya nem rasto. Busquei entre incensos e conteiras e silvados aquelas folhinhas singelas e recortadas de onde saem, nesta altura do ano, cachos de amoras pretas que, se doces, são uma delicia. Quase ninguém come amoras de Faia, eu gosto muito do seu sabor da sensação de arrocho que dão na boca, de ficar com os dentes cheios de grainhas. Eu gosto porque nasci e cresci a comer amoras de faia e uva da serra. Da serra da Tronqueira.
Embora seja hoje um empresário ligado aos assuntos do mar, é a serra e o seu interior que me dão a tranquilidade que procuro quando saio do escritório Sexta-feira à hora que for.
Naquele último fim-de-semana de Agosto percorri vagarosamente as inúmeras veredas que nos levam por cerca de 6 km. Entre a Freguesia do Faial da terra, o Salto do Prego e o Sanguinho.
No Salto do Prego encontrei rolos de madeira abandonados, certamente a montante e que a ribeira trouxe. Continua-se a não limpar as ribeiras que um dia enchem e entopem e rebentam e levam tudo o que encontram pela frente. Ao invés estão os senhores do ambiente preocupados em preservar a Freguesia autorizando a construção de um aldeamento turístico junto ao mar e na abandonada aldeia do Sanguinho. Nesta última, já foram investidos, nos últimos anos, largos milhares de euros e pouco ou nada mudou. Limparam as silvas e limparam as casas dos restos de madeira dos soalhos e telhados apodrecidos. Têm mantido as ladeiras limpas e plantaram umas macieiras e uns pereiros "porqui por li".
Salto do Prego-Faial da Terra-São Miguel-Açores
Que a água da ribeira os leve a eles e aos que como eles olham as árvores em vez da floresta. Onde andam as organizações ambientalistas que em outros tempos pediam a demissão de Secretários Regionais (e bem) só porque a ceifeira das Sete Cidades tinha estado parada mais do que cinco dias consecutivos?
O Faial da Terra é hoje um sítio muito agradável para se estar, onde está preservado um certo equilíbrio agro-silvo-pastoril e onde a mão humana ainda não destruiu muito, tendo construído, mal e porcamente, bastante. Urge manter esse equilíbrio sob pena de se perder totalmente o seu encanto.
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