27 de setembro de 2004

Na mão de Deus

Estou na janela do escritório, o dia de trabalho foi longo e sem muito tempo para andar pela blogosfera. Dei uma saltada aos do costume. O João, no seu Professorices tem um novo texto sobre Antero. Olhei para traz. Por entre as folhas dos plátanos indiciando a chegada do Outono, vi a matrona estátua de Madre Teresa da Anunciada. Ao lado dela dois bancos de Jardim. Num deles Antero pôs termo à vida.

Na mão de Deus

Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.

Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depus do ideal e da paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança em lôbrega jornada,
Que a mãe leva no colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas mares, areias do deserto?
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus Eternamente!

Antero de Quental

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