Uma boa maquia das nossas empresas
paga os salários pelo mínimo e esse salário mínimo, mesmo o Regional que é
superior ao nacional, não é suficiente para garantir mínimos de dignidade aos
trabalhadores. Dir-me-ão que a produtividade é baixa, insistirei que quem ganha
pouco, produz pouco. No entanto, nem é essa lapalissada o que mais me aflige no
nosso precário e frágil tecido económico. A grande preocupação com que me
levanto a cada dia que passa é saber como vamos ultrapassar esta política de
baixos salários que tem remetido a Região Açores para a chamada “cauda da
Europa” se continuarmos a produzir bens transacionáveis de baixo valor
acrescentado.
Chegado aqui deparo-me com mais um
ciclo vicioso ou se melhor quiser o leitor uma “pescadinha de rabo na boca”.
Baixo valor acrescentado gera emprego mal remunerado, emprego mal remunerado
gera baixa produtividade e então redundamos no baixo valor.
Se a esta equação juntarmos um
estado/região perdulário, deficiente gestor e fraco com os fortes e forte com
os fracos então estamos perante uma operação que redundará num crescimento da
pobreza e das desigualdades sociais como jamais se conheceu por estas Ilhas. O
fracasso é garantido, é preciso mudar esse rumo.
A nova indústria, que descobrimos com
a liberalização do espaço aéreo e que, pelo menos nesta Ilha do Arcanjo, se
transformou numa espécie de nova quimera, tende a seguir os mesmos passos de
todos os outros ciclos que conhecemos, vender muito e barato.
Vender o destino Açores como quem
vende berlindes numa loja dos chineses não é certamente o caminho para a
qualificação do destino nem o caminho para o desenvolvimento social rumo aos
salários condignos e á melhoria do nível de vida dos Açorianos. Se as empresas
do sector são incapazes de gerar negócios e consequentemente riqueza para
poderem pagar acima do que manda a regra do ordenado mínimo regional l então
mais vale que não existam.
As corporações de empresários que
muito se têm manifestado sobre falta de formação e de mão-de-obra qualificada
bem podiam investir nos seus recursos humanos
em lugar de passarem a vida a reclamar do estado que o faça.
Com o dinheiro de nós todos até é
fácil ser empresário nesta Ilha de bruma. Fogo-te-abrase
Ponta Delgada 01 de Julho de 2018
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