2 de julho de 2018

Baixo valor é igual a baixos salários




Uma boa maquia das nossas empresas paga os salários pelo mínimo e esse salário mínimo, mesmo o Regional que é superior ao nacional, não é suficiente para garantir mínimos de dignidade aos trabalhadores. Dir-me-ão que a produtividade é baixa, insistirei que quem ganha pouco, produz pouco. No entanto, nem é essa lapalissada o que mais me aflige no nosso precário e frágil tecido económico. A grande preocupação com que me levanto a cada dia que passa é saber como vamos ultrapassar esta política de baixos salários que tem remetido a Região Açores para a chamada “cauda da Europa” se continuarmos a produzir bens transacionáveis de baixo valor acrescentado.
Chegado aqui deparo-me com mais um ciclo vicioso ou se melhor quiser o leitor uma “pescadinha de rabo na boca”. Baixo valor acrescentado gera emprego mal remunerado, emprego mal remunerado gera baixa produtividade e então redundamos no baixo valor.
Se a esta equação juntarmos um estado/região perdulário, deficiente gestor e fraco com os fortes e forte com os fracos então estamos perante uma operação que redundará num crescimento da pobreza e das desigualdades sociais como jamais se conheceu por estas Ilhas. O fracasso é garantido, é preciso mudar esse rumo.
A nova indústria, que descobrimos com a liberalização do espaço aéreo e que, pelo menos nesta Ilha do Arcanjo, se transformou numa espécie de nova quimera, tende a seguir os mesmos passos de todos os outros ciclos que conhecemos, vender muito e barato.
Vender o destino Açores como quem vende berlindes numa loja dos chineses não é certamente o caminho para a qualificação do destino nem o caminho para o desenvolvimento social rumo aos salários condignos e á melhoria do nível de vida dos Açorianos. Se as empresas do sector são incapazes de gerar negócios e consequentemente riqueza para poderem pagar acima do que manda a regra do ordenado mínimo regional l então mais vale que não existam.
As corporações de empresários que muito se têm manifestado sobre falta de formação e de mão-de-obra qualificada bem podiam investir nos seus recursos humanos  em lugar de passarem a vida a reclamar do estado que o faça.
Com o dinheiro de nós todos até é fácil ser empresário nesta Ilha de bruma. Fogo-te-abrase



Ponta Delgada 01 de Julho de 2018

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