Correio Económico: As questões sobre o ambiente
estão sempre na ordem do dia, muito sob a forma de estudos, de planos e de
intenções. Os Açores apostam em ser um destino turístico sustentável, e serem reconhecidos
internacionalmente como tal. Por outro lado a água, ao contrário do que se
pensa, não é um recurso inesgotável nos Açores, e têm que ser tomadas medidas urgentes
por forma a assegurar para as gerações futuras o seu normal abastecimento para
o uso doméstico, e para o sector empresarial, nomeadamente para as áreas
agrícola e industrial.
Em ambos os casos o que é que o
Governo dos Açores deve fazer em termos práticos no imediato para se atingir
estes desideratos?
Nuno Barata: Na
verdade as questões do ambiente e principalmente todas as relacionadas com a
escassez de água na decorrência das alterações climáticas estão na ordem do dia
ao nível de toda a humanidade. Por cá, muitas vezes, ficamos com a sensação que
existem enormes resistências em acompanhar as tendências mundiais. Por vezes
julgo que ainda estamos na fase do deslumbramento com coisas que outros, que as
têm há muito, estão a tentar libertar-se. Deslumbramo-nos com a abertura de
lojas de cadeias de fastfood! Enquanto outros as consideram já perniciosas
formas de exploração de mão-de-obra e enormes fontes de poluição através de
resíduos sólidos urbanos e desperdícios que produzem.
Deslumbramo-nos
ainda com a quantidade de viaturas que importamos, enquanto os países mais
avançados estão já a tomar medidas de limitação de acesso de viaturas
particulares a certas áreas.
Não é
incrível?
Urge equacionar medidas concretas.
Limitar o acesso de viaturas ligeiras e particulares a
zonas de grande fluxo de turistas e
locais garantindo que os visitantes
possam aceder a esses mesmos espaços através de carreiras regulares de
autocarros ou serviços específicos de Shuttle
de preferência em viaturas elétricas é uma dessas formas de combater a
pressão ambiental e garantir eficiência energética e redução das emissões de
gazes que provocam o efeito estufa.
Promover a construção de mini açudes e barragens para garantir o armazenamento de
água em vales de ribeiras em altitude
por forma a abastecer os lenções freáticos e obter pequenas produções de
energia elétrica limpa e renovável para abastecimento local;
Promover um equilíbrio agro-silvo-pastoril
sustentável, com recurso à proibição do uso de herbicidas e pesticidas nocivos
ao ser humano como via para a eficiência das explorações e para a promoção dos Açores também como destino
sustentável e de grande valor acrescentado.
Taxação do uso de plástico (não se percebe porque a
Região não acompanhou as medidas da Republica) em sacos de compras, dos
alimentos compostos para animais, garrafas pet e muitos outros exemplos que
seria enfadonho aqui enunciar;
Apetrechamento das habitações sociais com meios de
produção de energia alternativos para não só garantir mais eficiência energética
como também reduzir a fatura energética das famílias mais carenciadas e assim
equilibrar um pouco os respetivos orçamento e consequentemente reduzir as
desigualdades.
Promover, sem tréguas, a recolha seletiva de resíduos
urbanos (deve ser um desígnio regional) por forma a diminuir a necessidade de
usar aterros ou a construção de meios de queima de resíduos.
As nossas Ilhas são ecossistemas em equilíbrio há
muitos anos. As dificuldades económicas têm servido de regulador do processo de
degradação ambiental. A prosperidade que se vai registando com o crescimento de
uma nova industria como é o turismo, pode trazer prejuízos irreversíveis, urge
garantir que isso não acontece, urge assegurar que os nossos filhos e netos vão
poder viver com qualidade nestas Ilhas já que nem sempre é fácil aqui
desenvolver atividades suficientemente lucrativas para fazer fixar as
populações.
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