Não, este título não é por causa do
álbum dos Public Enemy, vem na
decorrência do Conselho de Governo temático que se realizou na semana passada
na mítica, carismática, única, harmoniosa e formosa Freguesia de Furnas.
O planeamento é uma herança de longa
data que os governos da Ex União Soviética usaram e abusaram para condicionar
quer a economia quer as escolhas pessoais dos cidadãos. Hoje vivemos rodeados
de planos e temáticas de tal forma que já nem sabemos viver sem eles.
Mesmo a mente mais livre carece de
planeamento. Se planearmos pode nada dar certo mas se não planearmos,
certamente quase tudo vai dar errado.
Planear é, de facto, importante mas os
planos não podem ser instrumentos rígidos. Ao invés, devem ser flexíveis por
forma a serem adaptados às circunstâncias. Mas, os planos também não podem
servir apenas para encher prateleiras com pastas e arquivadores cheios de
papeis onde se coloca tudo que o papel tudo aceita. Há linhas mestras,
diretivas gerais, até bases fundacionais e filosóficas dos planos que têm que
ser materializadas no terreno e respeitadas sob pena da “ideia luminosa” se
transformar em fumaça.
O Estado, neste caso a Região, não
pode passar a vida a plasmar
“lapalissadas” em papel e depois arquivar tudo isso no fundo de uma
qualquer buraco e nada fazer.
Em matéria de ambiente, que foi o que
se tratou esta semana e haverá de ser o assunto na ordem do dia dos Açorianos e
da restante humanidade nos próximos séculos, os planos têm sido subvertidos de
forma escandalosa. Temos as bocas cheias de questões ambientais e as mãos
borradas de glifosato, plástico, cimento e ferro. Temos resmas de papel escrito com regras e os
prevaricadores (onde se incluem na primeira linha Governo Regional e
Autarquias) continuam a fazer o que bem
querem e entendem sem que nada lhes aconteça.
Não basta trabalhar para a
estatística. Não basta fazer com os números do ambiente o mesmo que é feito com
os números do plano de médio prazo. Carece sabermos esses números que são
divulgados até que ponto estão materializados, são consequentes e têm
resultados na melhoria do ambiente e assim na qualidade de vida das Populações.
Não basta anunciar sermos, ou queremos ser uma região sustentável e de turismo
de natureza e depois termos , milhares de viaturas de aluguer a circular nas cumeeiras
das Sete Cidades. Não vale a pena falar de harmonia entre a paisagem natural e
humanizada e depois permitir pórticos para “selfies” na Fajã dos Cubres. Não
chega falar da produção de endémicas e depois abandona-las à sua sorte ou de
novo à mercê das infestantes. Não vale de nada falar dos números da mobilidade elétrica
e depois carregar baterias com energia produzida com recurso a combustíveis
fosseis ou mover-se em carros de alta cilindrada. De nada serve criar reservas
naturais e despejar-lhes os esgotos urbanos lá dentro. Não vale de nada falar
de economia sustentável e estar, ao mesmo tempo a programar lançar foguetões
queimando pólvora por cima das populações. Não vale de nada falar de recolha seletiva
de resíduos e estar, paralelamente, a trabalhar para a construção de uma
fornalha. Não vale de nada fazer o pregão da defesa dos nossos valores culturais
e das nossas raízes e depois adultera-los tomando conta deles para fins
eleitorais.
“Bem prega Frei Tomaz”.
Fogo-vos-abrase
Ponta Delgada 08 de Julho de 2018
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