“Foge, foge Marcelão ” vai na
bisga de Avião. Este podia ser um verso de uma sequela dos poemas de Camões e
Gedeão sobre o mesmo mote. Descalça vai Lianor à fonte, Leonoreta vai na brasa de lambreta e
Marcelão vai na bisga de avião.
Chega já a ter contornos de
pornografia a forma desmesurada como Marcelo tem viajado nos últimos meses. Só
no mês de junho o presidente da Republica Portuguesa foi por duas vezes aos
Estados Unidos da América, depois de já ter passado por Itália e Açores. Haja
recursos e tempo para essa gente gastar.
Mas, Marcelo, é só um exemplo,
muitos outros governantes, onde se inclui o Primeiro-ministro passam a vida em
viagens dizem eles que de Estado e seguindo a escola de Paulo Portas, a
exercerem as suas influências para potenciar as exportações portuguesas.
Diplomacia económica dizia o então Ministro dos Negócios Estrangeiros. O de
agora, mudaram a nomenclatura mas nem por isso mudaram a prática.
Do lado de cá, o contribuinte que
se espreme todo para dar um saltinho ali ao lado numa viagem de avião em linha low-cost que as regulares estão pela
hora da morte, lê as gordas dos Jornais do burgo que todos os dias espelham os
níveis de pobreza em que nos encontramos, o atraso que temos em relação aos
nossos parceiros da restante Europa mesmo daquela que partiu em atraso por via
do Comunismo e, embasbacado, constata o grau de provincianismo refletido no
discurso dos políticos e pensa: Que raio faz essa gente com tanto viajar? Não
aprendem nada?
Claro que não aprendem nada. Para
aprender é preciso querer aprender e essa gente que nos governa, mais a outra
gente que se lhes opõe e deseja os seus lugarinhos de bem remediados salários
(ambição pouca tem essa gente) acha que sabe tudo e de tudo e como tal não tem espirito
para aprender coisas novas. Como se diz agora, não pensam fora da caixa.
Quem governa deve faze-lo com a
proximidade necessária para se inteirar dos reais problemas das pessoas.
Estamos de acordo. No entanto, também carece de estar o tempo suficiente nos
gabinetes para decidir pois as decisões, pelo menos a mais importantes, devem
ser tomadas no recato que a racionalidade exige, não podem sê-lo no calor da
emotividade dos banhos de multidão ou no rescaldo de um incidente entre duas selfies.
Em Portugal os políticos só saem
dos gabinetes para o que não é necessário, saem nas campanhas eleitorais (Marcelo
está sempre em campanha eleitoral) durante as quais todos (sem exceção) mentem
com os dentes todos que têm na boca. Saem nas situações de tragédias
principalmente para minimizarem os danos que essas tragédias, quase sempre
causadas por culpa de más decisões políticas, podem causar na sua credibilidade
e aceitação popular. E, saem, para visitar o estrangeiro. Nestas três
circunstâncias, levam sempre um numeroso séquito a reboque, resquícios da
deslocalização da corte para o brasil nos princípios de XIX.
“Foge, foge Marcelão ” vai na
bisga de Avião
Ponta Delgada, 20 de Julho de 2018
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