Desde a
antiguidade clássica, com Aristóteles, que vivemos em comunidades com o ADN das
Poleis gregas. O Homem é uma animal
gregária e como tal organiza-se em sociedades por forma a atingir um bem
soberano a que chamamos de bem geral. Mais ou menos democrata, mais ou menos
personalista, mais ou menos totalitário, seja ele comunitarista, comunista,
socialista ou capitalista, o Estado é a forma de Governo que melhor se afirmou
ao longo dos séculos desde essa primeira experiência das Cidade-Estado da
Grécia do pré-Império Romano. A modernidade consolidou esse sistema de forma
definitiva.
Pode,
então, dizer-se que a Politica é o governo da comunidade (nação) através da
organização do Estado que com Hobbes fica esclarecidamente instituído como uma
necessidade premente enquanto entidade suprema que limita os apetites pessoais
em função do tal bem supremo que é o bem de todos. O Estado é assim personificado
em Leis. A mais simples de ensinar às crianças é a Lei do trânsito. Na verdade,
o sinal vermelho de um semáforo é o Estado materializado a dizer, apesar de te
apetecer andar não o podes fazer porque é a vez de outro o fazer.
Ao
governo da polis chamou-se politica, para alguns é pura ciência, para outros
que a vivem apaixonadamente é muitas vezes arte e para alguns outros é simplesmente um modo de vida.
Quase sempre, estes últimos, são gente que não sabe fazer coisa nenhuma, são os que dão mau nome aos primeiros. Ser-se
político nos dias que correm é como ser-se um saco de boxe que serve apenas
para levar pancada.
No
entanto, na política, como em tudo nesta vida, a generalização abusiva não
ajuda em nada a moralização da classe. Ao dizer-se, como é costumeiro, por tudo
e por nada que a culpa de tudo e de nada é dos políticos querendo afirmar que
todos os políticos são maus, podres, corruptos, egoístas e mal-intencionados,
constitui um saco onde cabe muita coisa. Entre
elas cabe a má cidadania, a má consciência, a malandrice, a
"gosmice", a abstenção, a barriga-de-cerveja encostada no balcão do
café la da Freguesia (polis). Maus cidadãos fazem maus governantes. Poucos
políticos (no geral e clássico sentido do termo) fazem maus políticos no
sentido restrito que se usa agora (gente que governa e decide). A política
está, de facto, a passar por um muito mau período mas a responsabilidade não é
de quem vive à custa de exercer cargos políticos é, antes, de quem os escolhe e
ainda pior de quem abdica de participar nessa escolha.
Fogo-os-abrase
Jornal Diário dos Açores Ponta Delgada 24 de Junho de 2018
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