10 de junho de 2018

César na Aldeia Gaulesa.

Antes de me adiantar em considerações sobre as comemorações do dia 10 de Junho em Ponta Delgada devo fazer uma declaração de interesses. Eu votei em Marcelo Rebelo de Sousa. Não que me sinta Português ou Republicano, mas antes porque quer no exercício da cidadania quer nas minhas prestações profissionais cumpro sempre o melhor que sei e posso mesmo quando estou em total desacordo com o que me solicitam.
Ponta Delgada está ao rubro para comemorar o dia de Portugal, da Raça, do Camões e das Comunidades Portuguesas.
O Chefe de Estado está em Ponta Delgada, quer ele queira quer não queira, está aqui  para afirmar a soberania nacional. O Séquito segue-o como sempre. Sem pejo afirma-se, exibe a força, impõe as regras. Os de cá, deslumbrados vão anuindo. O séquito, como de costume, “é mais papista do que o Papa”.
Apenas alguns focos de resistência insistem em manter-se livres desses salamaleques próprios dos tempos coloniais. Houve mesmo quem tentasse que esta fosse uma visita do tipo daquelas que fizeram D. Carlos e Dona Amélia,  Carmona, Craveiro Lopes e Américo Tomaz não é que Marcelo não o merecesse, o problema é que o séquito, quer o de lá quer o de cá, não estão à altura. Felizmente houve uns poucos resistentes como os heróis daquela aldeia gaulesa que nos contam Goscinny e Uderzo.
O chefe de Estado, comandante supremo das forças armadas, está por aqui a distribuir os costumeiros afetos e fez deslocar os quatro ramos das forças armadas munidos de um arsenal bélico extraordinário e mais alguns brinquedos com que se entretêm a brincar à defesa, mais valia jogar ao “risco”.
Depois dos discursos circunstanciais na “colónia” vai rapidamente acabar a festa na chamada “Diáspora portuguesa” para que nunca esqueçamos que somos uns pais de emigrantes porque os que nos governam a isso nos obrigam.
O Diácono Remédios esse personagem do pequeno ecrã interpretado pelo enorme Herman José diria, “ não havia nexexidade” e digo Fogo-te-abrase.

Diário dos Açores Edição de 10 de Junho de 2018.

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