Porque a revista FACTOS nº 18 já está nas bancas, aqui fuica a crónica do número anterior.
Não há que ter medo de mudar
Levamos 10 anos de governo do Partido Socialista. Estúpido seria se apenas encontrasse nesta década de governação socialista coisas ruins. Muitas houveram que, por obra e graça deste Governo ou por simples mudança de atitude das pessoas, da dita sociedade civil, dos empresários, dos funcionários, mudaram e bastante. Direi mesmo que mudaram para melhor.
A verdade porém é que a grande parte da nossa população é avessa a mudanças. Corre-lhe no sangue o medo de mudar, o medo de perder regalias, de perder privilégios. Sempre o medo de perder em contraponto com a esperança de ganhar.
Já assim foi em 1996. Na verdade, lembro os mais esquecidos, só mudamos os nossos governantes por pouco. Também nesse tempo se dizia dos actuais governantes que não estavam à altura e alguns de facto não estão. E também se dizia que muitos não tinham estofo e de facto o tempo veio a comprovar que não tinham. E também na altura se dizia que não havia oposição e de facto até parecia não haver.
Não fora a total falta de habilidade de Álvaro Dâmaso para lidar com o eleitorado e não se tinham operado as mudanças que vieram a acontecer.
Os recentes e lamentáveis episódios ocorridos com a denúncia pública de um até então prestigiado cidadão, a forma inequívoca como o Governo Regional elege as prioridades dos seus investimentos conforme se ajeitam aos seus amiguinhos ou não; O anúncio de uma mudança de politicas quando toda a sociedade civil esperava uma mudança de políticos e tantos e tantos outros episódios que seriam fastidiosos aqui enumerar, são a confirmação de que, na atmosfera da política regional o ar começa a ficar rarefeito.
Não vale a pena insistir no argumento falho de que necessitamos mais e melhor oposição. Não vale o esforço de inventar fantasmas e putativos líderes de partidos que os não têm.
Na verdade, César e a forma como ele se transformou no poder, são a prova inequívoca de que não há que temer mudanças. Quem era e o que era César antes de ser Presidente do Governo Regional dos Açores? Era um deputado de segunda linha de um partido que havia estado anos perdido em guerras internas e sem rumo, sem líderes e sem apoio na sociedade civil. Um partido que se escorou nas corporações descontentes que foram durante os anos de 1988 a 1992 a única oposição nos Açores. Pena é que, essas mesmas corporações, não tenham aprendido, no passado, que a atitude de permanente bajulação do poder, como fazem agora, é menos frutífera do que a atitude independente e reivindicativa que cabe a essas organizações. Tenho saudades do tempo em que, até dentro do próprio governo, havia massa critica capaz de enfrentar os chefes.
É por aí, pela falta de participação cívica e critica que o ar da nossa democracia começa a ficar pouco aconselhável.
Não vale a pena os habituais acólitos de César virem aqui esgrimir os argumentos do passado pois que o mal dos outros me não serve de remédio. Pelo contrário, é por ter denunciado no passado bem recente de dez anos, situações como as que agora vejo que me acho no direito e até no dever de o fazer agora também. Alguns desses acólitos e companheiros de oportunidade, são os mesmos que até à noite da vitória eleitoral do partido Socialista em Outubro de 1996, ainda não sabiam de que lado estavam. Se Álvaro Dâmaso tivesse, por milagre, ganho as eleições, muitos do que estão com César estariam agora com ele e empenhados na sua defesa.
1996, deu a César a possibilidade de se mostrar aos Açorianos e de demonstrar a sua habilidade politica para governar e liderar um grupo de trabalho.2006 mostra um César no seu melhor mas um partido Socialista vitima da prolongada permanência no Governo, prepotente, arrogante, prenhe de políticos de ocasião, de falsos socialistas de falsos moralistas e de gente que, embora séria, de acordo com o vetusto Principio de Peter se mostra incompetente para o desempenho das funções para que foi nomeado.
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