4 de julho de 2006

Diário de um camionista I

Primeiro que tudo, God Bless America.
Deixei a linda Baia de São Lourenço ainda o céu se vestia de preto como o breu. Ouvia a ondas rebentarem contra as muralhas partindo-se em espuma branca contra o betão. Havia qualquer coisa branca para além das casas. As casas são todas brancas em São Lourenço. Não, uma não é branca nem é de alvenaria. Diferente. Não há areia nas praias. Há anos que o mar não mete areia nas praias de São Lourenço, não é que isso me faça grande diferença, mas para elas faz. O salvador ainda não vai à praia nem sonha que tem um Pai camionista. Antes de começar a labuta é preciso ver os níveis. Vou agora fazer isso. O Toshiba Portégé vai comigo, ele a placa 3G vão ser a minha companhia, eles e o barulho do motor que o camião não tem rádio e eu não tenho um iPOD. Que música ouviria um camionista do Nordeste a trabalhar em Santa Maria? De manhã tinha que ouvir o António Valente esse caso para se estudar de longevidade na Rádio. Há dias encontrei o Valente nos Arrifes, já o tinha encontrado na Ponta Garça, qualquer dia encontro-o em Vila do Porto. Ainda dás uns dias como pintor? Estou a precisar de dar uma mãozinha de cal na casinha de Santa Bárbara, aquilo está que nem parece a casa de um camionista. Sim, que um gajo preza-se não é como esses bandalhos.
Que mais pode escrevinhar um camionista no seu diário. Pisca para a esquerda, pisca para a direita. Trava, engata a bomba do hidráulico da caixa, larga a embraiagem. Dampa , arreia a caixa e andor. De permeio um piropo "olha a boa". Não, não é um piropo dos "senhores das obras" é mesmo um piropo de um camionista. Sim que um camionista não é um gajo qualquer, a malta não deixa os seus créditos por mãos alheias, não é qualquer par de pernas que ouve um piropo de um camionista.

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