9 de março de 2004

Votos de qualidades diferentes?

Jorge Sampaio declarou-se "aterrado" com os índices de abstenção que algumas sondagens prevêem para as eleições europeias do próximo mês de Junho. Também Vital Moreira, tocou no assunto aqui e aqui.
Talvez eu esteja enganado, o demasiado trabalho que tenho tido hoje não me permitiu ir ao arquivo desarrumado confirmar. Contudo, tenho em memória a ideia de que já nas últimas Europeias, a percentagem de abstenções ultrapassou os 70% (72,2% se a memória não me está a rasteirar).

Tenho uma perspectiva que talvez seja pouco democrática mas que tem a ver com a relação entre a quantidade e a qualidade dos votos.

Bem sei que em democracia os votos não têm qualidade, são todos iguais e valem todos o mesmo.
Contudo, sabemos todos que quem se abstêm o faz por desinteresse. Se por um lado isto é preocupante por reflectir uma enorme negligência dos Portugueses em relação às questões Europeias, por outro permite-nos concluir que quem vota nestas eleições o faz conscientemente, com sentido de responsabilidade cívica ou por simples clubismo partidário.
Assim sendo, se atentarmos aos “doentes” dos partidos, aqueles que casmurramente não alteram o seu sentido de voto, chegaremos a uma situação de empate.
Este empate será quebrado pela percentagem de Portugueses, atentos e bem informados e bem formados, que serão exigentes na análise dos discursos partidários, ponderarão os pontos de vista dos partidos, que vão dar-se ao trabalho de ir às urnas, estes são, na minha opinião, os que votam com qualidade. Na verdade, esses são os Portugueses que realmente se preocupam com os destinos da Nação e felizmente, a estes pertencerá a decisão final.
Será uma decisão com qualidade mas antidemocrática?

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