19 de março de 2004

PAI

Pai
Hoje é dia do Pai. Mas todos os dias não são dias do Pai?
Bem sei que não nos temos dado muito bem, principalmente nos últimos anos, nem me lembro bem a última vez que te dei um beijo, um abraço ou pedi um concelho. Concelhos? Alguma vez te pedi algum? Técnico talvez?.
Acho que nunca tive a coragem de te pedir um concelho. De te dizer o quanto te admiro, a tua inteligência e sagacidade, a tua tolerância, a tua capacidade de trabalho, a tua frontalidade, a tua honestidade, a tua bondade e a tua solidariedade e a tua disponibilidade para quem precisasse de ti e para com os mais fracos.
Aprendi contigo que o “coice” é uma arma secreta que apenas devemos usar com aqueles que se julgam superiores a nós. Para Baixo, não se dão “coices” estende-se a mão. Nunca mo disseste mas sem dizeres ensinavas como fazer. Fui bom observador.
Pai! Contigo aprendi tudo isso, contigo aprendi tudo o que sei da vida e que é bom de se saber. Pai, tudo o que eu sei que não devia ter aprendido, foi porque não te ouvi. Foi porque nem sempre foste capaz de me dizer.
Há dias disseste a um serralheiro da Fajã de Baixo, a quem escolheste como confidente, que me admiravas muito, pelo que sou pelo que já fiz, pelo que ainda vou fazer. Nunca mo disseste. O Zé Manel contou-me essa vossa conversa. Chorei, chorei muito sozinho agarrado ao volante do carro, chorei tanto como naquele dia em que me deste uma enorme sova por uma razão qualquer que já nem sei. Foram tantas e tão bem dadas.
Bem sei Pai que nem sempre tenho sido um bom filho mas tu serás sempre o meu grande Pai!
Obrigado

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