25 de março de 2004

O tempo. O tempo de Hoje.

Ele estava ali sentado na esplanada da Mexicana a ver passar gente atarefada na volúpia do quotidiano. Eles e elas de pasta cheia de ilusões. Ele, abstémio por convicção, afogando a sua solidão entre tragos de um refrigerante de extractos vegetais . A Esplanada estava cheia de gente bem vestida e bem portada com idade de quem já contribuiu bastante para estar ali a gozar o cheque da reforma. Eram seis da tarde, Lisboa apresentava aquela Luz que só ela sabe ter, um lindo final de dia de primavera. As flores desabrocham em múltiplas cores nos jardins da Guerra Junqueiro.
Lá dentro, ao balcão, tudo fervilhava entre grandes discussões sobre o último jogo do Real Madrid, uns tremoços e umas cervejas. Vestidos todos de igual, fato cinzento escuro, camisa azul claro e gravata cor de vinho com pintas douradas , fazendo todos os mesmos gestos sincronizados e estudados, parecem marionetas manipuladas por um qualquer ser invisível. Superior.
E Ele deu por si, ali deslocado, longe da família perdido em cogitações várias.
Afinal, os cafés, os bares, as esplanadas de Lisboa estão repletos de Gente que não tem tempo para os Filhos.

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