No seguimento das preocupações do Ezequiel, devo esclarecer:
De facto existe já um centro de formação com vocação específica para o sector das pescas. Contudo, a nossa classe piscatória é bastante relutante em relação às inovações tecnológicas. Só para exemplificar, existem três embarcações nos Açores a trabalhar o palangre de fundo com o chamado sistema espanhol, que além de ser mais eficaz, reduz sobre maneira a necessidade de mão-de-obra, bem escasso no sector. Estas embarcações trabalham com “know how” Espanhol e com alguns Portugueses a bordo. Contudo, as outras embarcações, mesmo vendo os resultados satisfatórios e o nível de rendimento das tripulações, continuam relutantes.
Além disso, alguns sectores dentro do sector, acreditam que tarde ou cedo os stocks das principais espécies comerciais dos Açores vão sofrer de sobre exploração e acreditam que a pesca artesanal tem mais futuro do que a dita industrial. Pessoalmente sei que vai ser assim, infelizmente perdemos o comboio das pescas, fruto de investimentos megalómanos em algumas Ilhas em infra-estruturas absolutamente sobredimensionadas enquanto noutras se deixou o sector agonizar por falta de investimento. São um bom exemplo de mau investimento o quase abandonado Entreposto Frigorifico de Santa Maria que em 1990 custou cerca de 500 mil contos e que són um ano esteve cheio e a trabalhar plenamente, o estaleiro de reparação naval da Madalena do Pico, que nunca foi rentável apesar dos elevadíssimos preços praticados, os Portos de Rabo de Peixe e Ribeira Quente, que foram meras obras “eleiçoeiras”, a lota de água de Pau, moderníssima e inaugurada com pompa e circunstância e que entretanto encerrou, a rampa de varagem do Porto da Horta, quando existe uma outra a 20 minutos de viagem. Tudo isso a par do desinvestimento no porto de pescas e na lota de Ponta Delgada e no núcleo de pescas do Porto da Praia da Vitória que deveriam ter sido os primeiros mas que apenas surgiram melhoramentos quando o sector já estava em agonia final.
O sector da pesca está condenado a perder importância no espectro económico dos Açores, com raras excepções em algumas Ilhas mais pequenas, e será dominado muito em breve pelo poderio económico dos empresários Espanhóis. Quem não aprender a “hablar castellano se olvide de pescar en Açores en los años que van venir mas próximos”
2 de março de 2004
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