9 de agosto de 2004

Sem título

Nas empresas pequenas, todos os anos, vive-se o drama do pessoal de férias. Os nossos colaboradores fazem a falta que muitas vezes, durante o resto do ano, não lhes reconhecemos. Por isso, hoje, não houve muito tempo para o "bloganço". Agora mesmo vim ao escritório fechar as janelas que havia deixado abertas quando sai por volta das duas da tarde.
Hoje fui Gestor, moço de voltas, escriturário, telefonista, técnico de informática, jardineiro, vendedor. Fui Cavaleiro andante de Antero por "desertos, por sois" de papeis, "por noite escura" de repartições públicas e ao longe avisto o "meu palácio encantado da ventura". Fui D. Quixote e Rocinante.
O calor sufoca-me, o chefe das finanças perdeu o meu processo, perdeu a seu palavra passe para entrar no sistema, o ajudante tenta ajudar mas só desajuda e eu desespero a olhar para o relógio. As ventoinhas estão paradas, o ar condicionado é uma miragem. Afinal o processo foi arquivado. Em fim, uma boa notícia. Diz-me Mariana, eu gosto de escrever - em fim- no lugar de - enfim. Está mal? Ou é demasiado arcaico? Não! Não digas, prefiro não saber. Há anos que faço assim e sei que, mesmo que esteja pouco correcto, vou continuar a fazer. Eu escrevo mal. Sei disso. Há anos que sei isso. Muitas vezes não consigo que os meus dedos acompanhem as ideias, ainda os dedos não foram e as ideias já estão de volta. O que é que eu faço? Continuo a escrever sempre para diante que o caminho de regresso é sinuoso e pleno de surpresas. Olhar para traz? Para quê? para chorar de saudade e arrependimento? O nosso Povo diz sabiamente. "Pa diante é qué caminhe, ala que se faz tarde".

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