6 de novembro de 2008

Equivoco.

O regime autonómico nunca foi uma verdadeira democracia representativa.
Numa sua primeira fase, de jovem entrada na pré-adolescência, foi o romantismo que fez da ideia de autonomia progressiva e do desenvolvimento harmonioso da região duas verdades absolutas e inquestionáveis, ir contra isto era ser anti-autonomista.
Depois, numa segunda fase, entre o velho romantismo e o novo “filho-da-putismo”, os mecanismos de “lambe-botismo”, disciplina partidária e falta de emprego tolheram a liberdade de pensamento a um bom lote de cidadãos. A fome aguça o engenho e domestica as feras.
Eis senão quando se espera uma lufada de ar fresco. Durou pouco tempo. O sistema enquistado pela plutocracia embarca numa democracia corporativa relegando para segundo plano um Parlamento já só composto de carneiros.
Hoje, mais do que nunca, já nada vale ao Parlamento, por mais cores que nele estejam representadas, nem às corporações por mais razões que tenham. Vivemos um dos períodos mais negros da nossa tenra e deslastrada democracia, vivemos uma tirania administrativa.

6 comentários:

Papio Cynocephalus disse...

o ps conseguiu (e o psd uns anos depois) fazer aquilo que tinha de melhor no continente: a democracia dos gabinetes ministeriais, do tráfico de influências entre redacções e gabinetes. hoje estamos mais pobres e mais dependentes

Óscar disse...

Hino ao pirronismo.

Se não houvesse maior representatividade na ARL o mal seria por isso; se há representatividade, não presta precisamente por isso.

Quem acusa cabe-lhe o ónus da prova, da alegação. Já nada vale o Parlamento? Então porquê?
Por causa da tirania administrativa?
Fico na mesma.

Concretize, s.f.f. Atirar palavras caras para o ar, ou publicar construções sintáticas arrevesadas, lançar temas que não se percebe que tema é, enfim, não dizer nada, segue a moda do pós-modernismo charlatão dos seus máximos representantes (vide, Boaventura Sousa Santos).

Como advertiu o eloquente filósofo: se não tens nada para dizer, cala-te.

De facto, por vezes quanto mais se cala mais se acerta.

«O regime autonómico nunca foi uma verdadeira democracia representativa.» Isto é um achado. Foi o quê então?

Papio Cynocephalus disse...

uma parlamento de nada vale sem uma imprensa que dê voz aos deputados; como aqui nos Açores só tem voz quem está no Governo, ora o PS, ora o PSD, não me palpita que a ALRA seja mais do que um alpendre para a reforma, e um sítio de onde se usam os computadores para ir aos blogs...

Óscar disse...

Concordo parcialmente com papio, até porque já fui alvo de censura de um ex-blog meu.

Em todo o caso, daí a dizer que "o regime autonómico nunca foi uma democracia", como faz o autor do «post» vai um derradeiro abismo.

A parte em que discordo tem a ver precisamente com o paralogismo que resulta da sua suspeita, caro papio. Se normalmente só tem voz quem está no Governo, ainda para mais numa ALR monocromática, pelo contrário palpita-me sim que a actual ALR pluripartidária possa ser mais do que um sítio onde se usam computadores para ir aos blogs.

Açores Livres disse...

"Se não houvesse maior representatividade na ARL o mal seria por isso; se há representatividade, não presta precisamente por isso.
"
Caro Óscar
Acho que não leu bem o que o Barata quiz dizer. Acho eu que, o Barata quiz dizer que APESAR da representatividade, a Democracticidade das decisões continua pobre. Penso que todos concordamos com isso, ou não?

Óscar disse...

Lamento, mas não consigo retirar semelhante conclusão do texto do autor, a começar pelo primeiro parágrafo.

Nunca houve democracia representativa. Gostaria de saber qual a noção de Nuno Barata do sintagma «democracia representativa». A sério que gostava.

Se querem falar de falta de democracia provavelmente enganaram-se no arquipélago.

Podres há sempre, não me iludo. Mas daí ao pirronismo, é não não enxergar, quiçá por falta de comparação? Limitação de horizontes?

Arquivo do blogue