20 de novembro de 2010

Aliança do Pacifico e Índico?

No rescaldo da cimeira da NATO e das muitas reuniões bilaterais e decisões tomadas à margem da mesma e da redefinição do conceito estratégico da OTAN, gostava só de deixar duas notas para reflexão que são de todo importantes.
Primeiro quero lembrar os mais críticos do atlanticismo que é a esse que se devem 60 anos de paz na Europa com excepção dos Balcãs onde a culpa da instabilidade e guerras é mais da parte oriental do Atlântico do que propriamente daquela que os anti atlanticistas empedernidos odeiam.
Segundo, o conceito estratégico agora aprovado e discutido há muito no seio da OTAN, ficará sempre ligado ao nome da cidade de Lisboa. Porém, nunca uma revisão do conceito estratégico da OTAN esvaziou tanto a importância de Lisboa e do Atlântico no seio das suas intervenções. Aliás, a escolha de Lisboa é simbólica nesse sentido.

7 comentários:

Rui Gamboa disse...

só por desconhecimento é que se pode contestar o papel que a nato teve na manutenção da paz e consequente progresso económico que se viveu na europa no pós ii guerra mundial. Aliás, a capacidade dos protestantes entrarem em portugal com enorme facilidade, como o fizeram nos últimos dias, advém exactamente do papel da nato, entre outros factores, como é evidente.

Cãotribuinte disse...

Sessenta anos após a criação da OTAN/NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o eixo de interesses estratégicos desta organização politico-militar está a deslocar-se rapidamente para outras áreas geopolitícas ( África do Norte, Ásia Central, Golfo Pérsico, Sudoeste Asiático e num futuro não muito distante,  toda a vastidão do Pacífico.

Convém lembrar que a NATO foi criada em 1949, sob a liderança de uma das  potências vencedoras (EUA) da II Guerra Mundial, para contrabalaçar o crescente poder, influência e agressão de uma outra potência vencedora, a ex-URSS.

Há um facto curioso que muitos historiadores ignoram.

Depois da criação da NATO , a URSS alvitrou a possibilidade de aderir a esta organização.

Foi em Genebra em 1955, quando numa cimeira entre as potências vencedoras da II Guerra (EUA, Grã-Bretanha, França e URSS), e onde se debatia a «reunificação da Alemanha».

Nessas virulentas discussões, Eisenhower, A. Eden e Edgar Faure esforçavam-se por demonstrar junto da delegação soviética (Nikita Khruschev, Andrei Gromiko e o general Zhukov) que o objectivo primordial da Aliança Atlântica era defender a paz.

Perante estas declarações - e com receio da remilitarização da Alemanha (divida entre as 4 potências), a delegação da URSS propõe aderir à NATO, o que provova estupefacção nas delegações americana, britânica e francesa.

Mais tarde, Zhukov e Eisenhower (heróis da II Guerra Mundial) e que tinham óptima relação pessoal, abordaram o tema, mas tudo isso não passou duma nota de rodapé, e que só foi confirmado nas memórias do presidente americano.

Como a roda da «guerra fria» já estava em andamento, o bloco soviético criou a 14 de Maio de 1955 o «Pacto de Varsóvia» como contraponto à NATO.

Com a implosão da URSS, a Aliança firmada no «Pacto de Varsóvia» dissolveu-se, enquanto a NATO continuou e permaneceu - felizmente! - como salvaguarda da estabilidade mínima pós-dissolução do antigo império soviético.

Hoje, em Lisboa, e enterrado de vez o «machado da guerra fria», a NATO firma uma parceria com a Federação Russa, pois ambos os blocos geopoliticos, face à emergência de novos poderes e perigos inorgânicos (terrorismo, ciber-terrorismo, ameaçã do fundamentalismo islâmico, ameaça do Irão e perigo de desestabilização do Paquistão), têm objectivos comuns e partilham valores comuns da Civilização Ocidental.

Com esta perceria estratégica e tecnológica com a Federação Russa, a NATO, transforma-se duma aliança regional euro-atlântica do norte, numa Aliança de Defesa do Hemisfério Norte, que une Angorache (Alaska, EUA, antiga possessão russa vendida aos EUA) e Vladivostok, cidade portuária no Pacífico Norte, às portas da China, Coreias e Japão.

O anel da defesa do Hemisfério Norte, perante a emergência dos novos poderes vindos do Sul (principalmente da Ásia), está fechado.

Cãotribuinte disse...

Na semana passada o conhecido comentador da TVI, Prof. Marcello, abordando a história da NATO, cometeu um erro de palmatória: disse que a NATO foi criada para combater a aliança militar do Pacto de Varsóvia.

Ora, a NATO foi criada em 1949 e o Pacto de Varsóvia foi criado em 1955: seis anos de diferença!

Um comentário desta natureza feito por um professor catedrático demonstra a ligeireza e o carácter de «entertainer» do citado comentador.

Um dos muitos «tiriricas da televisão» que povoam e inundam as nossas pantalhas.

Nas há quem goste do estilo...

Cãotribuinte disse...

Obviamente que este novo conceito estratégico faz deslocar o «epicentro» da NATO para o Leste e Oriente donde provêm as verdadeiras ameaças.

O Oceano Atlântico - do Norte ao Sul - é hoje em dia um «rio» calmo e pacífico e os submarinos atómicos e outros vazos de guerra já não andam aí a vigiarem-se mutuamente.

Neste novo contexto, Portugal Continental  eos Açores , deixam de ser pontos militarmente estratégicos, mas sim pontos de passagem do reabastecimento das tropas nos teatros de guerra lá para os lados do Oriente.

Todava, e no que concerne em particular  aos Açores, a sua localização geográfica no centro do Atlântico Norte, será sempre crucial, quer para a NATO (com profundidade para o Atlântico Sul ou para a África, fonte de problemas de «nova geração), quer especificamente para os EUA como guarda-avançada na defesa do seu território continental.

Cãotribuinte disse...

http://www.youtube.com/v/JVK9kwby4RE&feature" type="application/x-shockwave-flash" width="170" height="140

O novo conceito estratégico da NATO segundo um despacho da network «Russia Today» a partir de Lisboa.

Dimitri Medvedev chegou a Lisboa para fazer história.

Agora a NATO não vai caçar «ursos»  e estes (com larga experiência no Caucaso e no Afeganistão) vão juntar-se a nós para caçar as víboras e todas as ratazanas que abundam neste planeta.

Cãotribuinte disse...

Off-topic:

Em Agosto de  2008 o desaparecido «Psiquiatra de Serviço» apelidou o Dr. Barata de «Medvedev açoriano» quando este «invadiu» com as suas potentes motas d'água o recife de Dolabaratt como fez o Dimitri na Geórgia.

De forma enérgica e determinada.

Vuvuzeleiro disse...

Nos primeiros posts o cãotribuinte beligerante referiu-se sempre à NATO depois para não dar papel de fraco passou a escrever OTAN/NATO. Tal tristeza...

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