Temas para uma reflexão que se impôe.
Portugal precisa urgentemente os Açores ainda mais , de uma revolução à direita e às direitas.
Entendo, talvez erradamente, que uma grande maioria do eleitorado e até dos dirigentes do PPD/PSD são intrinsecamente de direita. Contudo, as suas lideranças têm andado entre o grande centrão no que a políticas sociais concerne e a esquerda das políticas económicas.
Ao contrário do que por ai se apregoa facilmente, a actual crise financeira não é reflexo da crise económica, do colapso do capitalismo ou desse bicho papão a que a “esquerdalha” chamam neo-liberalismo. A actual crise financeira é fruto do excesso de regulação do sector bancário, excesso de intervencionismo, de garantias dos estados (vide casos de falência recentes e não recentes) e é causa primeira da crise económica.
Na verdade, foram os bancos centrais que, através de políticas altamente restritivas de apoio às pequenas e médias empresas e de concentração do crédito no chamado crédito hipotecário com garantias reais que levaram à “cartelização” do sector financeiro e a um nível de endividamento, dos trabalhadores por conta de outrem, perto do limiar da falência.
A economia é uma ciência feita hoje por gente que julga saber tomar conta da riqueza de quem a soube criar. Há demasiadas vantagens nas soluções criativas. Hayek, talvez o grande defensor dos méritos da ordem espontânea (prémio Nobel da economia) defendia que “ uma economia é um sistema demasiado complexo para ser planeado por uma instituição central e deve evoluir espontaneamente”. Ora não foi essa espontaneidade que falhou, foi precisamente a regulação e a forma como foi feita.
Nos Açores, mais do que no resto do Pais, o peso do Estado/Região nas decisões dos empresários é preponderante. Não há questões de mercado, há apenas questões de capelinhas que têm que ser geridas de acordo com a lei do “não fazer ondas” principalmente se for ano de eleições.
Por mais estranho que possa parecer, as corporações e os empresários, na sua maioria, entraram nesse jogo. Jogo que levou os Açores ao estado de letargia de desenvolvimento económico em que se encontra, em contraponto com o grande salto que foi o final do século XIX e a primeira metade do Século XX..
A base do nosso tecido económico mais robusto, nasceu precisamente nessa época que se diz hoje era de miséria, mas só até 1972 é que a nossa economia convergiu com os nossos parceiros europeus, e esse é o único termo de comparação que podemos utilizar, todos os outros são do foro do populismo e da demagogia.
Entre 1850 e 1940, por iniciativa de privados, foram criadas as empresas de transportes marítimos e aéreos que deram lugar às que hoje existem, a única seguradora Açoriana, os únicos Bancos Açorianos, a electricidade, as industrias exportadoras do açúcar, do tabaco, dos lacticínios, da chicória e das conservas de peixe.
O Porto de Ponta Delgada que hoje serve essencialmente como ponto de entrada de mercadorias, era uma exigência do sector privado para fazer face ás suas capacidades de exportação.
Hoje, quando muito se fala de inovação e empreendedorismo, faltam precisamente os inovadores e os empreendedores. Quando esses aparecem, há a mão grande e o braço comprido do regulador ou do político invejoso ou que emprenha pelos ouvidos de outros invejosos para lhe fazer parar a ambição, a inovação, o empreendimento, e a vontade de ir mais além e de fazer diferente.
Reler Hayek, deixar de pensar na táctica imediatista do interesse “eleiçoeiro” e pensar estrategicamente o desenvolvimento dos Açores tendo por base as liberdades pessoais e empresariais dos seus cidadãos era um bom serviço prestado às gerações que vão vir a seguir. Quando não é apenas reservar-lhes o direito a apagarem a luz.