O País Real é reaccionário
Comemoramos, há dias, mais um aniversário da revolução de Abril, comemoraremos, sem pompa e sem circunstância o dia da verdadeira conquista da democracia (25 de Novembro). Fazemo-lo sem, contudo, nos apercebermos do quanto a nossa democracia ainda está pouco lastrada se é que algum dia chegou a estar.
Deixemos de lado a policia política, as prisões de caxias e do aljube, o Tarrafal e concentremo-nos essencialmente nas relações do Estado com as empresas, com as corporações e com os funcionários.
Terá de facto mudado alguma coisa? Nada, absolutamente nada!
Vivemos um país prenhe de medos atávicos, de complexos de inferioridade e de quimeras sebastianicas.
Vivemos num País com uma minoria, muito minoria, de detentores do dinheiro e com uma grande maioria de pobres. Pobres de espirito também, essencialmente centrados numa classe média que se esforça inconsequentemente para sair do vermelho, mas que não deixa de viajar para o brasil com o calção de banho Zara religiosamente dobrado e deposto no fundo da mala de rodinhas comprada na última companha Modelo/Continente. Uma classe média com muita gente mas muito pequenina, que sonha com um fatinho cinzento e uma gravatinha bordeaux, um empregozito na caixa do banco, um último modelo da Renault comprado em segunda mão num amigo da Reboleira que negoceia carros de serviço, férias e pontes lá na Aldeia ou num qualquer parque de campismo dos arredores de Albufeira.
E que mal tem isso se afinal continua a poder parecer gente desde que o sapato esteja bem engraxado e possa almoçar num restaurante (restaurante aqui é obviamente um eufemismo) da baixa cinco dias por semana, iscas com elas, pataniscas de bacalhau ou uma febra de porco com salada e arroz. " Oh xô Zé Manél e era uma imperial ó faxavor".
Durante algum tempo ainda acreditei que o país fosse progressista, liberal e fosse capaz de se libertar dos estigmas de quarenta anos de ditadura e de relações do estado com a Igreja que raiavam a promiscuidade total. Mas não! O país é cada vez mais o país dos medíocres, dos irresponsáveis que esperam do Estado a solução para os seus males. O país real é reaccionário, conservador e avesso a liberdades. O estado diz-se laico mas trata a Igreja e as suas hierarquias nas palminhas da mão, a Igreja por sua vez suporta uma ou outra investida do Estado laico e socialista em nome de umas obras nos telhados dumas Igrejas.
As corporações subjugam-se ao poder em troca de uns croquetes, o poder dá aos lideres das corporações pequeninos espaços debaixo das luzes da ribalta em troca de apoios políticos. Depois as luzes apagam-se caiem os panos entre actos, brigam os actores e aqui de El-Rei quem me acode que os rabos de palha estão a arder. E o Povo espera serenamente que do fumo não venha fogo.
É verdade o País nunca foi tão subserviente como é agora, nunca foi tão cinzento, nunca foi tão hipócrita, nunca foi tão falso.
Eles andam por aí, ou como agora se usa mal dizer, "eles andem aí".
È verdade, andam por aí muitas vitimas das multidões ululantes, muito usurpador das ideias dos outros, muito carrasco das opiniões dominantes, muito opressor desprovido de amor próprio.
Anda por aí, muita fauna saída de uma quinta de Orwel, andam por aí muitos Condes de Abranhos e muitos Calistos Eloi.Oh como são actuais as criticas sociais do século XIX e de meados do século XX.
Deixemos de lado a policia política, as prisões de caxias e do aljube, o Tarrafal e concentremo-nos essencialmente nas relações do Estado com as empresas, com as corporações e com os funcionários.
Terá de facto mudado alguma coisa? Nada, absolutamente nada!
Vivemos um país prenhe de medos atávicos, de complexos de inferioridade e de quimeras sebastianicas.
Vivemos num País com uma minoria, muito minoria, de detentores do dinheiro e com uma grande maioria de pobres. Pobres de espirito também, essencialmente centrados numa classe média que se esforça inconsequentemente para sair do vermelho, mas que não deixa de viajar para o brasil com o calção de banho Zara religiosamente dobrado e deposto no fundo da mala de rodinhas comprada na última companha Modelo/Continente. Uma classe média com muita gente mas muito pequenina, que sonha com um fatinho cinzento e uma gravatinha bordeaux, um empregozito na caixa do banco, um último modelo da Renault comprado em segunda mão num amigo da Reboleira que negoceia carros de serviço, férias e pontes lá na Aldeia ou num qualquer parque de campismo dos arredores de Albufeira.
E que mal tem isso se afinal continua a poder parecer gente desde que o sapato esteja bem engraxado e possa almoçar num restaurante (restaurante aqui é obviamente um eufemismo) da baixa cinco dias por semana, iscas com elas, pataniscas de bacalhau ou uma febra de porco com salada e arroz. " Oh xô Zé Manél e era uma imperial ó faxavor".
Durante algum tempo ainda acreditei que o país fosse progressista, liberal e fosse capaz de se libertar dos estigmas de quarenta anos de ditadura e de relações do estado com a Igreja que raiavam a promiscuidade total. Mas não! O país é cada vez mais o país dos medíocres, dos irresponsáveis que esperam do Estado a solução para os seus males. O país real é reaccionário, conservador e avesso a liberdades. O estado diz-se laico mas trata a Igreja e as suas hierarquias nas palminhas da mão, a Igreja por sua vez suporta uma ou outra investida do Estado laico e socialista em nome de umas obras nos telhados dumas Igrejas.
As corporações subjugam-se ao poder em troca de uns croquetes, o poder dá aos lideres das corporações pequeninos espaços debaixo das luzes da ribalta em troca de apoios políticos. Depois as luzes apagam-se caiem os panos entre actos, brigam os actores e aqui de El-Rei quem me acode que os rabos de palha estão a arder. E o Povo espera serenamente que do fumo não venha fogo.
É verdade o País nunca foi tão subserviente como é agora, nunca foi tão cinzento, nunca foi tão hipócrita, nunca foi tão falso.
Eles andam por aí, ou como agora se usa mal dizer, "eles andem aí".
È verdade, andam por aí muitas vitimas das multidões ululantes, muito usurpador das ideias dos outros, muito carrasco das opiniões dominantes, muito opressor desprovido de amor próprio.
Anda por aí, muita fauna saída de uma quinta de Orwel, andam por aí muitos Condes de Abranhos e muitos Calistos Eloi.Oh como são actuais as criticas sociais do século XIX e de meados do século XX.
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