7 de outubro de 2004

Felizmente são só promessas vãs

Eu não quero uma estrada nova, rompida por escavadoras e bulldozers a roncar ao longo da mais imaculada floresta de endemismos açóricos, talhada a pá e pica por entre os mais antigos aglomerados de rocha basáltica, vulcânica e sedimentar, esculpida em monstros de betão e aço por entre os mais belos vales e ribeiras da minha Ilha. Eu não quero ver o meu berço esvaziado só por ficar mais perto do Hiper Modelo ou do Centro Comercial. Eu não quero. E pronto. Sou e sempre fui contra a estrada nova para o Nordeste. As acessibilidades são um pau de dois bicos, um caminho com dois sentidos. No caso em apreço, tanto permite a chegada de mais gente ao Nordeste como facilita a saída de mais gente de lá. Não é liquido que a melhoria da acessibilidade ao concelho o torne mais desenvolvido, pelo contrário pode, muito rapidamente, esvaziar a sua economia promovendo uma migração do poder de compra para os meios que lhe vão ficar mais próximos.
Seja como for, a minha esperança é que César perca as eleições do próximo dia 17 e que, mesmo que ganhe, faça com este projecto o que fez nos últimos anos. Arrume-o na gaveta. Este foi uma bandeira eleitoral de 1996, foi bandeira eleitoral nas autárquicas de 1997 e foi bandeira eleitoral nas Regionais de 2000. Promessas, só promessas. Valha-nos isso.

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