A moda narrativa que agora, e há alguns anos, se propala aos sete ventos é que os orçamentos, sejam nacional, regional ou municipal, defendem as famílias e as empresas. Nada há de mais falacioso que isto.
Chegados ao
dealbar da terceira década deste século XXI, continuamos com os mesmos
problemas que trazemos do final do século XX, apesar de algum bem-estar
inegável. Aliás, tal como no início do declínio do império romano, o pão e o circo
vão alienando os mais incautos cidadãos. Acontece, porém, que a informação,
hoje, anda à velocidade da fibra ótica, pelo que os rumores são desmascarados a
cada esquina e cada notícia falsa gera o contraditório rapidamente.
O País, os Açores
e as Autarquias, salvo raríssimas exceções, continuam a ser governados por
gente sem escrúpulos e sem pejo de alicerçar as suas carreiras políticas em
fundamentos falaciosos e discursos vagos e erróneos. A par do discurso dos
políticos, das associações, dos sindicatos e das federações segue um povo feito
de famílias com cada vez menos disponibilidade económica e menos esperança e seguem
as empresas que, na sua larga maioria, desesperam numa luta diária pela
sobrevivência.
O Estado,
Regiões e Autarquias (que é quem cobra impostos e os distribui) tem
responsabilidades enormes em todo este processo. Políticos, corporações
sindicais, câmaras do comércio, federações agrícolas e de pescas, todos são
responsáveis pelo empobrecimento das famílias e pelo desespero das empresas,
mas nenhum quer mudar a forma de fazer as coisas para obter resultados
diferentes.
Não vale a
pena perder tempo: só há uma forma do Estado, as Regiões e as Autarquias terem
orçamentos que defendam as famílias e as empresas: é fazendo orçamentos que
reduzam impostos e reduzam dívida futura. Não há terceiras vias nas contas de
deve e haver; não há soluções “keynesianas” que funcionem; não há festas, luzes
e animação que devolvam rendimento às famílias para as fazer gastar no comercio
tradicional (isso são só formas de encapotar os problemas, de distrair os mais
tristes e empobrecidos dos problemas do seu dia-a-dia).
Vivemos como
nunca antes. Uma grande maioria da população já nem gasta o denominado 13.º mês
em compras de Natal, mas sim a colmatar os buracos que foram ficando ao longo
do ano, ou no último semestre – já que, a meio do ano, taparam alguns com o
subsídio de férias (das férias que não fizeram). Esta nova realidade que atinge
uma nova geração de pobres (aqueles que hoje estão ao nível dos que na segunda
metade do século XX eram designados por classe média) é que devia preocupar a
grande maioria dos políticos. A mim preocupa e assusta!
Todos os
partidos, todos os políticos, todos os economistas, estejam no ativo ou “na
bancada” (entendam-se como políticos de bancada, os comentadores e analistas; e
como economistas de bancada, os membros integrantes das direções ou órgãos de
gestão de corporações e academias), todos sem exceção, têm falado de orçamentos
que acudam às necessidades das famílias e das empresas, esquecendo-se, todavia,
quem tem a responsabilidade de os elaborar e executar, que aumentar despesas,
sem aumentar receitas não leva a outro caminho que não o do aumento do
endividamento e da dívida que será paga por todos nós em impostos.
Assim, o que
importa dizer é que não há um orçamento que acuda às famílias e às empresas de
forma transversal e séria, senão um orçamento de rigor nas contas públicas e de
rigor no investimento. O melhor orçamento, o único orçamento que serve,
efetivamente, as famílias e as empresas é um orçamento que reduz impostos e
taxas, deixando disponível rendimento nas famílias e nas empresas (digam o que
disserem os manuais de economia, adeptos de mais Keynesianismo, ou mais
liberais). O orçamento que ajuda as famílias e as empresas é aquele que não
preveja a contratação de mais dívidas futuras, não se assumindo assim mais
encargos que onerem as gerações que nos seguirão. Um orçamento sem dívida é um
orçamento sem juros, sem amortizações, sem compromissos assumidos hoje, para as
gerações vindouras terem que pagar. Cada euro de dívida contraída hoje é um
euro de impostos que terá que ser cobrado amanhã.
Haja saúde!
1 comentário:
Caro Barata, confundir as contas de merceeiro e a economia dos Paises, pode colher aplausos dos distraidos, mas nada tem a ver com a realidades das coisas públicas, desde os tempos mais antigos que os Países fazem despesa futura e mesmo os individuais, ( na maioria dos casos) esta é a forma de poderem fazer investimentos, aliás é este o grande impulso de desenvolvimento economico capitalista, esta ideia de contas certas é uma patranha que não tem ligação nenhuma com a realidade, ter cuidados com a despesa ( especialmente as despesas improdutivas) é salutar, não fazer despesa útil e necessária é completamente a despropósito sobretudo quando se tem a intenção de confiar no progresso e sobretudo se tivermos a noção que a inflação irá continuar e despesa necessaria, feita hoje pode ser, mais cara
, amanhã.
Os impostos podem ser uma despesa indesejável para quem tem chorudos rendimentos ( normalmente os que recebem mais apoios, devido ao caracter dos governos...)mas para os que pouco recebem, nem se dão conta e se os governos cumpriirem o seu papel, irão ( ou deviam) receber em apoios sociais, alguma vez os trabalhadores ( independente de concordar com a redução controlada dos impostos)ficarão a ganhar com a redução dos impostos?
Muito havia a dizer, mas para quem tem a visão curta sobre a redução dos impostos como a solução de todos os males, nada a fazer, para os outros têm que haver soluções integradas e abrangentes que se debrucem sobre a realidade de forma a apresentarem soluções pensadas, racionais e amplamente discutidas na sociedade.
Acor
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