São mais do que as mãezinhas até porque alguns
trouxeram famílias inteiras, os cristãos novos e os “agamelados” (gente que
apenas sabe e consegue viver sentada à mesa do Estado/Região) que se juntaram
ao Partido Socialista no encalço de, a pouco custo, canibalizarem o regime e
assim satisfazerem os seus apetites privados em lugar de servirem a coisa pública.
Não há qualquer mal em servir o Estado/Região, bem pelo contrário, o mal vem ao
mundo é quando esse desiderato é substituído para usar o estado/região em seu
beneficio ou dos seus familiares.
Há muitos donos de muita coisa que é pública
nesta região e há muita gamela que deveria estar a servir o Povo e está apenas
a servir os canibais do regime.
O caso recente, divulgado por este jornal,
sobre o desvio de um meio de socorro à revelia das decisões técnicas, para
servir um familiar de um decisor é bem demonstrativo do que aqui escrevo.
São uns “meia-tijela”, inúteis e incapazes de
construir seja o que for que dignifique o próprio regime que acham eles ser
outra coisa qualquer. Dão-se a ares de gente mas não vão além de maus hábitos
aburguesados. Fumam charutos cubanos mas
sacodem a cinza para cinzeiros de reles cristal. Bebem chá e, outras infusões
da moda, de mindinho em riste achando que é assim que deve ser pegada uma
xicara. Alimentam-se ruidosamente de croquetes e empadas e espevitam os dentes
no final entre um copo de gin agitado, tantas vezes, com recurso ao dedo
indicador
O Partido Socialista de 1996 era muito mais do
que a meia dúzia de socialistas puros e resistentes ao regime “amaralista”
capitaneados por um perseverante Carlos Cesar. O PS de 1996 era um estado de
espirito, uma atitude, um movimento que nasceu nas regionais de 1992 em volta
do saudoso Mário Machado e que juntou socialistas, democratas cristãos
separatistas e outros “istas” e que apesar de uma estrondosa derrota não atirou
a toalha ao chão e 4 anos depois, em 13 de outubro de 1996 fez mudar os
destinos desta Região de forma muito significativa. Estava quebrado um ciclo.
Muitos dos que hoje percorrem os corredores do
poder nem eram ainda seres pensantes (se é que alguma vez pensaram) e a sua
ignorância sobre a tenacidade e a força que foram necessárias para alterar o
rumo dos Açores nessa altura, não lhes permite sequer perceberem que cometem os
mesmos erros que levaram ao colapso do regime de então. Prepotência,
arrogância, nepotismo, perseguição, conspiração e falta de noção dos limites
das suas ações e a falta de discernimento acerca do poder que lhes foi
confiado. O poder democrático é efémero e a sua conquista é quase tão dolorosa
como a sua perca.
Muitos, como se usa dizer comummente,
assentaram praça em general e por isso são incapazes de imaginar o que foi a
luta dos soldados nas trincheiras do lado oposto à hegemonia do PSD de Mota
Amaral. Outros ficaram a “caçar de espreita” até ao contar final dos votos
naquela noite quente de outubro e como a coisa ficou muito periclitante
quedaram-se à espera dos anúncios dos dias seguintes para decidirem o que
fazer, onde se posicionar.
Apetece parafrasear Batista Bastos e perguntar:
Onde estavas a 12 de Outubro de 1996?
Ponta Delgada, 09 de Agosto de 2018
Sem comentários:
Enviar um comentário