11 de agosto de 2018

Coluna Liberal - Jornal Diário dos Açores 10 de Agosto de 2018

Quando falámos de liberalismo logo somos associados ao capitalismo, ao liberalismo meramente económico. Ora esse é o enorme erro que o grosso da coluna anti liberal incorre quando nega o liberalismo por reação ao capitalismo selvagem. O estado liberal não é apenas um estado que permite o livre comércio a liberdade de estabelecimento e a concorrência.
Na verdade, o Capitalismos, o liberalismos económico, é uma consequência do liberalismo lato senso não um fim em si mesmo. O estado liberal assenta essencialmente nas liberdades políticas, nas liberdades cívicas, ou seja nas liberdades do cidadão.
Os grandes inimigos do estado liberal são os inimigos da liberdade que muito embora andem com a boca cheia dela, escorrem-lhes pelos cantos dos lábios todos os tiques dos totalitarismos, sejam eles mais remotos no tempo ou mais atuais.
O estado liberal encerra em si mesmo um ideal que ultrapassa as questões da economia e das finanças de forma transversal. É um filho da modernidade, do rescaldo da Guerra dos 30 anos, da crise sucessória, do fim dos impérios. É um movimento que, hoje como no passado pós iluminismo, é uma corrente de pensamento que pretende defender o cidadão, individualmente, de qualquer tentativa de instalação de sistemas de pensamento único, cultura dominante ou controlo da expressão de ideias. Nesse sentido, o socialismo e o comunismo foram mais longe do que os regimes totalitários mais conservadores, condicionando, estabelecendo barreiras, destruindo e reescrevendo até a história, condicionando e anulando o exercício do pensamento divergente dos seus respetivos regimes.
A denominada Revolução Cultural Proletária na China, implementada a partir da segunda metade da década de sessenta de XX,  é o exemplo mais paradigmático de uma campanha politico-ideológica perpetrada sobre um povo para neutralizar todo e qualquer pensamento e prática cultural dissidente do regime em afirmação depois do grande fracasso económico decorrente do plano chamada de Grande Salto para a Frente que redundou naquela que ficou conhecida como a crise da Grande Fome Chinesa.
A divulgação das ideias liberais é hoje tão importante como foi no rescaldo do primeiro grande conflito mundial ou na destruição dos totalitarismos decorrentes do segundo grande conflito à escala global de onde emergiu e se reforçou o estado socialista o grande inimigo das liberdades dos cidadãos.
Todos somos atropelados, diariamente, por opressão do estado nas nossas vidas e são esses atropelos, esse ultrapassar de limites da sua ação, que os liberais, os defensores do estado liberal, combatem e devem combater na espuma dos dias.
Revisitando alguns textos publicados nesta coluna para evitar repetições de ideias, dei comigo pensando o quão importante é, afinal, repetir algumas dessas ideias para ir deixando alertas sociais para a emergência de certos totalitarismos.
Hoje, com o permanente escrutinar de certas instituições do estado, nomeadamente da justiça , instituições essas que  já nem  deveríamos questionar, corremos o risco de atropelar direitos liberais adquiridos desde o iluminismo e que foram atropelados de forma consideravelmente perniciosa para a humanidade na emergência dos totalitarismos do século XX decorrentes, principalmente  da Primeira Guerra Mundial mas também do segundo conflito do qual emergiram o Socialismo Soviético,  o regime chinês e as revoluções populares da chamada ibero-américa que no seu conjunto fizeram já milhões de vitimas humanas e povos oprimidos e famintos.
Hoje, mais do que nunca, porque as ações do estado são mais encapotadas, mais dissimuladas e mais difíceis de medir os seus limites, mais necessidade temos de estarmos atentos para as situações que, de uma forma ou de outra, nos privam de certas liberdades individuais e até mesmo coletivas.
Vigilância é a palavra de ordem para os dias que correm.

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