Quando falámos de liberalismo logo somos
associados ao capitalismo, ao liberalismo meramente económico. Ora esse é o
enorme erro que o grosso da coluna anti liberal incorre quando nega o
liberalismo por reação ao capitalismo selvagem. O estado liberal não é apenas
um estado que permite o livre comércio a liberdade de estabelecimento e a concorrência.
Na verdade, o Capitalismos, o liberalismos
económico, é uma consequência do liberalismo lato senso não um fim em si mesmo. O estado liberal assenta
essencialmente nas liberdades políticas, nas liberdades cívicas, ou seja nas
liberdades do cidadão.
Os grandes inimigos do estado liberal são os
inimigos da liberdade que muito embora andem com a boca cheia dela, escorrem-lhes
pelos cantos dos lábios todos os tiques dos totalitarismos, sejam eles mais
remotos no tempo ou mais atuais.
O estado liberal encerra em si mesmo um ideal
que ultrapassa as questões da economia e das finanças de forma transversal. É
um filho da modernidade, do rescaldo da Guerra dos 30 anos, da crise
sucessória, do fim dos impérios. É um movimento que, hoje como no passado pós
iluminismo, é uma corrente de pensamento que pretende defender o cidadão,
individualmente, de qualquer tentativa de instalação de sistemas de pensamento
único, cultura dominante ou controlo da expressão de ideias. Nesse sentido, o
socialismo e o comunismo foram mais longe do que os regimes totalitários mais
conservadores, condicionando, estabelecendo barreiras, destruindo e
reescrevendo até a história, condicionando e anulando o exercício do pensamento
divergente dos seus respetivos regimes.
A denominada Revolução Cultural Proletária na
China, implementada a partir da segunda metade da década de sessenta de
XX, é o exemplo mais paradigmático de
uma campanha politico-ideológica perpetrada sobre um povo para neutralizar todo
e qualquer pensamento e prática cultural dissidente do regime em afirmação
depois do grande fracasso económico decorrente do plano chamada de Grande Salto
para a Frente que redundou naquela que ficou conhecida como a crise da Grande
Fome Chinesa.
A divulgação das ideias liberais é hoje tão
importante como foi no rescaldo do primeiro grande conflito mundial ou na
destruição dos totalitarismos decorrentes do segundo grande conflito à escala
global de onde emergiu e se reforçou o estado socialista o grande inimigo das
liberdades dos cidadãos.
Todos somos atropelados, diariamente, por
opressão do estado nas nossas vidas e são esses atropelos, esse ultrapassar de
limites da sua ação, que os liberais, os defensores do estado liberal, combatem
e devem combater na espuma dos dias.
Revisitando alguns textos publicados nesta
coluna para evitar repetições de ideias, dei comigo pensando o quão importante
é, afinal, repetir algumas dessas ideias para ir deixando alertas sociais para
a emergência de certos totalitarismos.
Hoje, com o permanente escrutinar de certas
instituições do estado, nomeadamente da justiça , instituições essas que já nem deveríamos questionar, corremos o risco de
atropelar direitos liberais adquiridos desde o iluminismo e que foram
atropelados de forma consideravelmente perniciosa para a humanidade na
emergência dos totalitarismos do século XX decorrentes, principalmente da Primeira Guerra Mundial mas também do
segundo conflito do qual emergiram o Socialismo Soviético, o regime chinês e as revoluções populares da
chamada ibero-américa que no seu conjunto fizeram já milhões de vitimas humanas
e povos oprimidos e famintos.
Hoje, mais do que nunca, porque as ações do
estado são mais encapotadas, mais dissimuladas e mais difíceis de medir os seus
limites, mais necessidade temos de estarmos atentos para as situações que, de
uma forma ou de outra, nos privam de certas liberdades individuais e até mesmo
coletivas.
Vigilância é a palavra de ordem para os dias que
correm.
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