Nem mais uma fossa cética na rua do Professor
Menezes
Álamo Meneses, Presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo,
considerou no Conselho de Ilha da Terceira que é “inadmissível” que se queira
construir um novo porto em Ponta Delgada, quando a capacidade do porto da Praia
da Vitória não está a ser totalmente explorada. Cito o Diário dos Açores de 21
do corrente.
É estranho, é muito estranho mesmo que o Conselho de Ilha da Terceira, no
lugar de estar preocupado com o que pode fazer para dinamizar a economia de uma
ilha defunta e as infraestruturas sobre dimensionadas que ela tem, esteja
preocupado com o trabalho que outros estão desenvolvendo em prol das suas
economias e das suas necessidades. O Porto de Ponta Delgada está longe de atingir
o seu pico de utilização que foi em 2008 ano em que não existiram
constrangimentos à operação. Portanto está ainda longe de ser necessária uma
nova infraestrutura. No entanto, estas obras não se programam em cima do joelho
nem se constroem em 10 dias. Há que ter em mente a sua necessidade e começar a
equacionar as soluções futuras pois, se não é para este quadro de investimentos
previsto no horizonte 2020, nem faria sentido que fosse, certo é que não pode
ir muito além do próximo quadro de apoios que terá inicio em 2021. Como bem
disse o professor Mário Fortuna, em resposta ao conselho de Ilha da Terceira,
“o novo porto é para servir São Miguel, não é para substituir o da Praia”.
Seguindo a linha de raciocínio, ou da falta dele, perigosamente expressa
pelo Professor Doutor Álamo de Menezes, a obra prevista para ampliação da
Marina da Horta não se fará enquanto a Marina de Ponta Delgada não estiver
perto da sua capacidade de exploração. Não se deve equacionar a construção de
um novo aeroporto na Terceira ou se devia sequer ter aumentado o Aeroporto do
Pico ou a placa de Ponta Delgada quando temos o Aeroporto de Santa Maria a “
léguas” de estar perto da sua capacidade. Nem mais uma casa de habitação social
deve ser construída nos Açores enquanto as casas abandonadas em São Miguel não
estiverem todas ocupadas.
Como o Professor é da área dos esgotos talvez se elucide melhor com o
exemplo que vou apresentar. Imagine V.Ex.ª que a fossa cética da sua casa está
a rebentar pelos canos de excrementícios resíduos e que a do seu vizinho está
totalmente vazia. Quem precisa de uma fossa nova?
Esse tipo de argumento é muito perigoso e vem, quase sempre, da mesma área
geográfica mas facilmente tem um efeito de ricochete desde que queiramos
assumir a ideia da existência de um todo regional o que não é ou alguma vez
será uma possibilidade. Desenganem-se os que acreditam num desenvolvimento
harmonioso, isso nem é uma utopia é mesmo uma impossibilidade por razões
determinadas pela geografia, pela sociologia, pelas tradições e pela condição
das gentes que habitam estes nove bocados de terra distribuído no meio do atlântico
unidos apenas pela transversal dedicação e culto ao Divino Paracleto, esse
mesmo também praticado de forma diferente em cada uma das ilhas senão mesmo das
freguesias do nosso geograficamente Arquipélago mas politicamente, cada vez
mais, conjunto de inúmeras comunidades.
Ponta Delgada, 22 de Outubro de
2015.
Diário dos Açores edição de de Outubro de
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