Perniciosa inveja.
O Absurdo bairrismo bacoco de que eu falava há dias numa pequena
entrevista ao Diário dos Açores, fica bem patente nas inqualificáveis palavras
do Nuno Melo Alves na edição do Diário Insular do passado dia 31 de Outubro em
resposta a um artigo aqui publicado em 25 do mesmo mês e dirigido directamente
ao Presidente do Conselho de Ilha da Terceira.
Importa, primeiro que tudo, esclarecer que o projeto de um Novo Porto para
Ponta Delgada é uma inevitabilidade num horizonte de 15 anos se São Miguel
mantiver um nível de crescimento próximo dos 3% que se espera e que não depende,
felizmente, diretamente de politicas publicas mas só e apenas, como no passado,
da capacidade das suas gentes empreenderem e inovarem sem ficarem à espera que
terceiros o venham fazer. A Oriente, há muito, que se deixou de acreditar no
regresso do D. Sebastião.
Em segundo lugar importa dizer que não foi por decisão política que este
porto está a chegar ao seu ponto de saturação, bem pelo contrário. O facto do
sistema de transporte de mercadorias obrigar os armadores a irem, pelo mesmo
preço, a pelo menos 3 Ilhas dos Açores encarece sobremaneira o custo das
mercadorias para Ponta Delgada. Esse custo é pago pelos micaelenses nas
prateleiras dos supermercados, subsidiando estes o transporte de mercadorias
para outras Ilhas. O mesmo se aplica à competitividade das suas exportações.
Mas, isso é coisa que não interessa a quem está a ocidente dos Mosteiros.
O caso citado por Melo Alves acerca da centralização da importação de combustíveis em São Miguel, nada tem a ver com decisões políticas mas só e apenas
pelo facto de existir capacidade de armazenamento suficiente para todos os graneis
líquidos necessários a serem distribuídos pelas outras Ilhas decorrente de
investimento privado efetuado ainda nem se pensava em decisões políticas
determinantes para o efeito. Ao invés, a decisão, essa sim política, de suposta
descentralização, e construir tanques na Ilha Terceira deu naquilo que todos
sabemos, o descalabro financeiro que foi a Terparque, por aqui ninguém falou
nem fala disso e de outros erros, vamos simplesmente pagando por eles.
Por último devo dizer que não só não acredito na teoria “economica” da
locomotiva como também não acredito nessa coisa a que chamam de desenvolvimento
harmonioso. Se São Miguel fosse a locomotiva dos Açores já tinha gripado o
motor pois o peso dos vagões é tal que faria o comboio parar. Felizmente,
seguindo a mesma analogia, cada uma das nossas Ilhas tem que ser a sua própria
locomotiva e algumas não passarão de uma simples automotora tal seja a dimensão
da carga a transportar e é essa mesma analogia que serve para esclarecer por
que razão o conceito eleiçoeiro de Mota Amaral nos anos 80 sobre o
desenvolvimento harmonioso da Região não chega sequer a ser uma utopia mas sim
uma simples “tonteria”.
Por fim, confesso que fiquei de veras perplexo que o mais vil dos
bairrismos e a defesa da honra não tenha vindo do visado no meu artigo, o
Professor Álamo de Menezes, mas de alguém que, por razões profissionais,
geracionais e de ideologia política deveria estar muito mais próximo das minhas
opiniões do que das do autarca e presidente do Conselho de Ilha e que em vez
disso preferiu tomar as dores daquele.
Antes de terminar é sempre bom lembrar os mais distraídos que o Porto de
Ponta Delgada representa para os Micaelenses um monumento à sua perseverança, empreendedorismo
e espirito mercantilista deste povo que vive a oriente e que foi até há bem
pouco tempo a ultraperiferia de um arquipélago de 9 ilhas.
Este artigo serve de mote para um conjunto de artigos que conto publicar
neste jornal sobre a história do Porto de Ponta Delgada porque é preciso
conhecer e compreender o passado para melhor projetar o futuro.
Ponta Delgada, 05 de Novembro de 2015
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