24 de julho de 2004

Lugares-Ghana

Há lugares neste imenso planeta que quanto mais visito mais me apetece voltar. Há lugares nestas nossas Ilhas que quanto mais visito mais me apetecem esquecer e há lugares nestas Ilhas que nunca esquecerei mesmo que nunca mais lá volte. Pela positiva e pela negativa há lugares inesquecíveis.
A vida é como um livro se não viajarmos não passamos da primeira página. Estas palavras que, cito de memória e por isso podem não ter sido escritas bem assim, foram-no por São Tomáz D'Aquino. Lidas nos já longínquos anos da minha adolescência marcaram a minha vida desde então. Na verdade, foram estas palavras que despertaram em mim o gosto pelas viagens, pela aventura de conhecer novos lugares e outras gentes, outras culturas e outras vivências. Hoje relendo um texto que escrevi a bordo do voo 325 da KLM entre Amesterdão e Accra capital do Ghana, avivaram-me a memória e trouxeram-me recordações de África muito interessantes.
África vive hoje momentos dramáticos marcados pela fome, pela guerra e pelo mais moderno dos flagelos, a SIDA.
O Ghana que é uma das economias mais fluorescentes do Continente Africano tem níveis de contaminação pelo HIV assustadores. A título de exemplo, a Dunlop, fabricante e distribuidor de pneumáticos, tinha no Ghana a sua maior fábrica fora dos Estados Unidos da América, destinada a produzir pneus para serem distribuídos em toda a África e Europa. Há dois anos, o Gigante norte-americano encerou aquela fábrica por não conseguir formar novos operários ao mesmo ritmo que outros morriam de sida. Simplesmente assustador. Mais ainda se pensarmos que o Ghana, ao contrário da maioria dos países africanos, tem uma democracia instalada há mais de 30 anos, com alternância de poder entre dois partidos, com uma economia relativamente estável, com enormes recursos naturais e com uma coabitação entre populações de várias religiões de fazer inveja a muitos países desenvolvidos.
A poligamia associada a uma excessiva religiosidade pode estar na base do flagelo. Contudo, haverá certamente culpas nas organizações locais e internacionais de luta contra a SIDA e de pouco ou nada tem servido o facto do Secretário-geral da ONU, Sr. Kofi Annan ser um Ganês.

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