Vem isto a propósito dos dias difíceis que estamos a
viver e que vamos enfrentar. Para além de algum otimismo, estes dias carecem de
perseverança e de coragem, não de derrotismo cínico ou pessimismo cético. E
esta é uma diferença abissal e substancial entre quem está a política para
reformar ou quem está apenas pelo poder. Tomemos como cenário o que sucedeu, na
passada semana, no Parlamento dos Açores, com o debate e a votação do Orçamento
da Região para o próximo ano. Nós, liberais, com as alterações e linhas
vermelhas que conseguimos fazer vingar, introduzimos a esperança no futuro de
muitas gerações que, por via da aprovação do Orçamento Zero, não serão eternos
pagadores dos erros e das dívidas que fazemos hoje. Sim, é que há nesta coisa
do endividamento zero algo que vai para lá do equilíbrio das finanças regionais;
há também um compromisso intergeracional; há a garantia que deixamos aos mais
novos de que não vão ter que trabalhar pelo seu futuro e ainda para pagar os erros
e desmandos do passado.
Irresponsavelmente, o PS (e o seu satélite, o BE), primeiro, disseram
que era preciso fazer mais dívida para garantir investimento e apoio às
empresas e às famílias; depois, apresentaram um pacote de medidas que
depauperava totalmente todas as reservas da Região para 2023. Ou seja,
aprovando-se o pacote da esquerda, acabava-se, à partida, com qualquer
possibilidade de a Região ter fundos para fazer face a um cenário de emergência
que possa vir a suceder no próximo ano. Em síntese, seria fazer dívida em cima
de dívida na boa lógica socialista-bloquista de que “alguém há de pagar”!
O Orçamento dos Açores agora aprovado não é a quinta maravilha do
Mundo. Não é o maior de sempre, nem tem os maiores investimentos de sempre.
Mas, é um orçamento equilibrado e de responsabilidade, para agora e para o
futuro. Para além do endividamento líquido zero, prevê a alienação de mais de
51% da Azores Airlines (que, até ao final do ano, estará dissociada da
estrutura societária da SATA Air Açores – um dos nossos ativos mais importantes
e que está contaminado pelos desnortes das aventuras com frotas desadequadas e
rotas perdulárias que se vão fazendo).
O Orçamento dos Açores agora aprovado é também um orçamento de
rigor, sem ser de austeridade; de escrutínio, sem ser expiatório; de
acompanhamento, sem ser força de bloqueio. É que, ao contrário da esquerda que
só quer aumentar despesa, nós, Iniciativa Liberal, fizemos aprovar algumas
outras alterações que, apesar de parecerem minudências, garantem que o Parlamento
passe a ter mais ferramentas de acompanhamento das opções do Governo da
coligação PSD-CDS-PPM. Sim, porque o XIII Governo dos Açores é do PSD, do CDS e
do PPM, não é da IL! E por mais que o PS vá, desesperadamente, misturando tudo
e todos no mesmo saco, os Açorianos (pelo menos os mais atentos e menos tomados
pelos dogmatismos da insana ansiedade de voltar ao poder), saberão que a visão
catastrófica e “tremendista” que serve de base ao drama socialista está assente
em falácias (como os números que agora verborreiam, todos os dias, para
salientar que a dívida da Região cresceu em 2022 – pudera, só com os encargos
que deixaram para pagar a fornecedores e com os buracos da SATA, não queriam
que dívida crescesse). E esquecem-se (ou melhor, omitem propositada e
falaciosamente) que a dívida financeira da Região este ano não foi maior,
porque a IL, já o ano passado, conseguiu uma redução de necessidade de
endividamento em 143 milhões de euros.
O PS, partido com imensas responsabilidades políticas nesta
Região, não pode fazer hoje aquilo que tanto sempre criticou na oposição do
passado, lembrando-se de uma das frases que mais usou, nos seus 24 anos de
poder e governação, para contrariar os argumentos da oposição do passado: é que
uma mentira repetida muitas vezes, não se transforma em verdade, só porque sim!
NOTA FINAL:
A agência de notação financeira Moody’s, já depois da aprovação do
Orçamento para 2023, classificou a Região Autónoma dos Açores com um “rating”
negativo. Imaginem que tínhamos aprovado um Orçamento com endividamento ou que
nem tínhamos aprovado Orçamento, como pretendiam o PS e o BE. Seria uma
catástrofe a juntar à situação inflacionista que vivemos. A irresponsabilidade
da esquerda açoriana é assustadora. O PS e o BE queriam atirar-nos para a boca
dos credores, sem Orçamento e com um processo eleitoral que poderia demorar
meses. Será que julgam mesmo que andamos aqui todos a dormir ou à mercê dos
apetites dessa esquerda ávida de voltar ao poder?
Haja Saúde!
In Jornal Diário Insular edição de 29 de novembro de 2022