Com os feriados de
junho, a chegada da época estival e o aproximar das festividades de verão, as
Ilhas dos Açores enchem-se de gente, umas por via das ligações aéreas com o
exterior, outras até pela mobilidade interna. Certo é que se nota já muita
gente a circular em todas as Ilhas. São turistas que nos vistam por
curiosidade, filhos da terra que regressam, temporariamente em final de ano letivo,
emigrantes que vêm às festas… Há de tudo e para todos os gostos e feitios. O
turismo, seja ele qual for, é de relevante importância para o desenvolvimento socioeconómico
da Região. No entanto, como não há só coisas boas neste sector, estamos ainda a
tempo de não cometermos os mesmos erros que foram cometidos noutras regiões
turísticas portuguesas que, certamente, hoje, se arrependem do caminho
percorrido.
Não
precisamos de muita gente, precisamos dos suficientes para irmos crescendo consolidadamente,
com garantias de sustentabilidade económica, social e ambiental e com o ritmo
que a resposta de cada uma das nossas realidades geográficas o permita. Não
devemos cair na tentação de vender o nosso destino a baixo preço, pois tal
banalização do preçário trará, no futuro, graves problemas sociais e
ambientais, ao invés se valorizarmos o destino. Só cobrando bem pelos serviços
prestados poderemos mais facilmente contribuir para que ele se torne
sustentável nos seus 3 vetores essenciais.
Ao
percorrermos as nossas Ilhas, de lés a lés, e de setor em setor, desde a
preparação das eleições regionais de 2020 até hoje, ou seja, há já 2 anos, o
que mais ouvimos de empresários, autarcas e instituições particulares de solidariedade
social foi que “falta gente para trabalhar”. Falta mão-de-obra no turismo, na agricultura,
nas pescas, nos serviços do Estado, nos serviços das autarquias, nas casas de
povo, nos lares de idosos, nos hospitais… Há falta de mão-de-obra em todo o
lado. Isto apesar de os últimos dados oficiais divulgados e publicados
indicarem que, em Maio passado, a Região contava com 6033 desempregados, 3400
ocupados em programas de inserção socioprofissional e 1968 jovens em programas
de estágio. Significa isto, 11401 Açorianos putativamente disponíveis para
trabalhar! Causa, por isso, alguma estranheza a continuidade e permanente
invenção de outros programas públicos de apoio à contratação de trabalhadores
ou manutenção de desempregados sob o jugo público.
Se há falta
de gente para trabalhar então não tem que haver apoios à contratação, bem pelo
contrário. Quando o mercado tem procura e falta a oferta não cabe ao Estado/Região
pagar para contratar ou para dar estabilidade a esses contratos. Muito menos
cabe ao Estado/Região manter desempregados ocupados em programas pagos pelos
impostos de todos os que trabalham. O Estado não se deve imiscuir onde não é
necessário, sob pena de desregular o mercado. Sempre que o Estado introduz alterações
no mercado através de mecanismos de intervenção cria mais problemas, do que aqueles
que resolve. Os empresários têm que saber cativar gente para o trabalho, pagar
convenientemente e, se necessário, aumentarem os preços dos seus serviços e
produtos para pagar melhor a quem para eles produz. Só com melhores produtos e
mais valorizados se pode criar riqueza que possa pagar melhores ordenados e,
por isso, aumentar a produtividade e o mercado de emprego. Como dizem os americanos,
lá naqueles países para onde gostamos de emigrar para crescer na vida: “se
pagares amendoins, apenas consegues macacos”.
Haja
saúde!
In Jornal
Diário Insular edição de 26 de junho de 2022
Sem comentários:
Enviar um comentário