Estamos a entrar naquela altura do ano em que os privilegiados
e até alguns mais remediados que aspiram alcandorar o “next floor” do elevador
social, se agrupam, associam, organizam para como dizia alguém “jantarem
lagosta para angariar fundos para oferecer massa aos pobres”. Fazem tudo isso
acompanhado da mais elementar propaganda “marketista” e vão todos, muitos pelo
menos, nessa cantiga. Esta é, de facto, uma época em que nos sensibilizamos um
pouco mais com a pobreza, com a infelicidade e com a solidão do próximo mas
isso não dá o direito de nos refastelarmos enquanto desejamos uns pacotes de
arroz, massas e ou um mero “cabaz” com uns figos passados e uma garrafa de
vinho do porto de 5ª categoria. A caridadezinha, como lhe chamava o “reviralho”
que o estado social emergente dos anos setenta do século passado tanto criticou
e tentou acabar, afinal não deixou de existir, apenas se passou a chamar
“solidariedadezinha”. A diferença na prática é, no entanto, abismal, é que a
caridade católica de então seguia os ensinamentos de Mateus (6:3) “(..), quando tu deres esmola, não saiba a
tua mão esquerda o que faz a tua direita".
Hoje tocam trombetas.
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