Faz muito bem Vasco Cordeiro em assumir definitivamente que os prejuízos da Azores Airlines não são sustentáveis. Pena é que haja no governo quem não pense assim. No mesmo dia em que isso acontecia, um membro do governo, num acto publico dizia, para quem quis ouvir, que com a chegada dos 321 long range a Sata dava a volta. A Ignorância e a falta de noção do que é uma empresa com a dimensão da SATA acumular um milhão de euros de prejuízo por semana chega a este ponto. É preciso agir, radicalmente, sob pena de toda a companhia ir pelo cano do esgoto,
30 de abril de 2019
25 de abril de 2019
24 de abril de 2019
Trapalhada
Depois
da confusão gerada em torno da promoção do destino Açores, com o governo a
querer alterar as regras sem o assumir claramente, a fazer um discurso por um
lado pacificador do sector e dos trabalhadores da ATA ( a sua maioria
escolhidos pelo próprio governo) mas a
praticar atos hostis àquela associação; Depois de termos todos embarcado no
conceito da sustentabilidade apesar da prática governativa ser absolutamente inversa;
Depois de termos todos acreditado no discurso de que a formação, a promoção e o
investimento no sector do turismo nos ia resolver boa parte dos problemas
sociais, apesar da prática e os números virem a revelar o contrário; somos
agora confrontados com mais uma incongruência e uma contradição por parte de
quem nos governa. O projetado Hotel para Água D’Alto é prova disso mesmo ou
então é a confirmação daquilo que se diz à boca pequena, que existem mais do
que um governo nos Açores. Marta Guerreiro, em seu abono, tem que nos
esclarecer se é a favor ou contra o dito projeto. Caso contrário temos o
direito de aferir que sim. O que é pena.
In Jornal Açoriano Oriental, edição de 23 de Abril de 2019
20 de abril de 2019
19 de abril de 2019
17 de abril de 2019
E a Autonomia?
Não
foi com surpresa que li neste jornal a notícia e o desmentido/confirmação de
que parte da promoção do turismo açoriano vai ser feita centralizadamente no
Turismo de Portugal, isto é em Lisboa. Não foi surpresa porque a forma
atabalhoada, para não lhe chamar outra coisa, como o governo saiu da ATA,
depois de ter sido dono e senhor absoluto da mesma, sem assegurar os serviços
mínimos, denunciou cedo este final. Termos chegado a este ponto de necessidade
de recorrer a Lisboa para cumprirmos o que só a nós diz respeito é o maior
atestado de incompetência que as instituições autonómicas podiam ter passado a
si próprias. Resta saber se esta foi uma consequência ou se, pelo contrário,
era mesmo este o objetivo. A autonomia dos Açores vai assim, aos poucos,
definhando, entrando em insolvência acompanhando a tendência das finanças
regionais e da economia destas ilhas. Perante isto o que interessa se os
partidos têm candidatos em lugar elegível nas europeias ou não têm? Estamos num
bonito caminho, sem dúvida.
In jornal Açoriano Oriental edição de 16 de Abril de 2019
16 de abril de 2019
Famintos
All in
family.
Podia chamar-se assim um filme sobre a política em Portugal nos últimos 40 anos.
As ligações perigosas e ofensivas entre familiares diretos e adjacentes nos
gabinetes ministeriais, e dos grupos parlamentares nos principais partidos do
chamado arco da governação tem alimentado as páginas dos jornais nacionais e
estrangeiros e as redes sociais nos últimos dias. Ora são notícias ora spin
off. Não é caso de lesa pátria mas é caso de envergonhar até o Sagão se Deus
não o tivesse já levado. “Só Deus leva os que mais ama”. Esta não é uma questão
de legalidade que isso foi coisa que a malta lá pela assembleia dos republica
tratou de deixar em branco para se ir garantindo mutuamente, esta é mesmo uma
questão do domínio da ética, essa palavra que enche a boca dos políticos mas
que os próprios esquecem na hora de fazer tilintar o vil metal ao rapar dos
cofres do Estado. Essa gente, que ou é a primeira geração da liberdade ou
descende diretamente dela, foi ensinada assim. Não tem no seu código genético
servir o Estado mas sim servir-se do Estado. Passa fora.
In Jornal Açoriano Oriental, edição de 9 de Abril de 2019
4 de abril de 2019
Mais do que uma simples tradição
Sem nunca perdermos de vista as questões que
se prendem com a história das Romarias Quaresmais da Ilha de São Miguel, sem
sequer negarmos a sua origem na inexplicabilidade dos fenómenos telúricos de
então e que hoje se explicam pelo conhecimento científico, devemos olhar as
nossas romarias sempre concentrados na espiritualidade, na religiosidade, na fé
que nos guia e menos no facto de estarmos a cumprir uma tradição.
Nós açorianos, enquanto Povo perseverante,
que foi capaz de se manter nestas ilhas de cujas entranhas arrancou as pedras,
as ervas daninhas e as silvas em busca do solo arável num trabalho hercúleo
também fomos e somos capazes de arrancar de dentro de nós as pedras da inveja, as ervas daninhas da avareza e as “silvas do pecado” para
encontrarmos na nossa mente a paz desejável e a capacidade de partilha e de
caridade que faz da nossa comunidade um lugar melhor. Nós, Povo eleito, que foi
capaz de enfrentar os desafios da natureza, suportou, ventos, chuvas e demais
tormentas, para produzir e alimentar o seu corpo, sabemos também reunir as
nossas forças para encontrar através da oração o alimento que tanto necessita a
sua Alma.
Aquilo que nos traz aos caminhos e atalhos da
nossa ilha, ano após ano, é mais do que cumprir uma tradição é mais do que palmilhar
“ os santos trilhos tal como fizeram os nossos avós”, é percorrer construindo e
tornando mais visível o caminho da salvação. É, sobretudo, uma manifestação de
fé popular que está muito para além dos fenómenos culturais, é um impulso que
cada Cristão desta Ilha do Arcanjo sente pelo menos uma vez na vida e que
depois de experienciar jamais abandona a não ser que o corpo não suporte já os
sacrifícios da romaria.
Não percamos de vista as tradições, tenhamos
o cuidado de não adulterar e aculturar a
Romaria Quaresmal de São Miguel transformando-a num fenómeno apenas cultural, sobretudo
não percamos a dimensão espiritual da Romaria transformando-a num objeto
económico ou numa atracão para a industria do turismo. Esta manifestação de fé
popular resistiu 500 anos, temos obrigação de a manter assim intacta e longe
das tentações da espuma dos dias.
É desta forma, manifestando a nossa fé, numa
corrente de oração sem parelha nas nossas Ilhas e por este Mundo Cristão a
fora, que voltamos aos “caminhos da paz” neste 2019.
In suplemento O Romeiro Jornal A Crença edição de 5 de Abril de 2019
3 de abril de 2019
Bipolarização
A Assembleia da República, que poderia chamar-se,
Assembleia dos Representantes do Povo, aprovou uma lei a permitir que os sócios
das grandes sociedades de advogados sejam eleitos e por isso, simultaneamente
legisladores. Todos podemos e devemos ter essa liberdade de ser eleitos Deputados,
ou sermos candidatos a. Mais do que tentar saber quais os interesses que os
dois grandes partidos têm nesse particular assunto. A questão mesmo é saber se
a bipolarização do panorama político-partidário e o monopólio dos partidos na
propositura de candidatos a Deputados não é, só por si, uma questão de enorme subversão
da democracia. Os responsáveis são aqueles que,
apesar de tudo, tendo opção de escolha variada, insistem em votar num dos grandes
partidos, como se não houvesse outro campeonato, como se os pequenos não fossem
capazes de fazer mudar o rumo do País e estejam condenados a não chegar a
grandes.
A letargia eleitoral e a abstenção permitem que uns decidam porque outros se alienam
e demitem da causa pública. O problema não está nos eleitos, está nos
eleitores.
In jornal Açoriano Oriental edição de 2 de Abril de 2019.
2 de abril de 2019
Números para todos os gostos
São
muito animadores os dados relativos à evolução da economia e finanças públicas
de 2018. Na verdade, os propagandistas do regime têm se desdobrado em “papaguear”
que 0,5% de défice é um feito histórico.
Sem dúvida, é de louvar, eu não sou daqueles que entende que há vida para lá do
défice e quem o diz ou é irresponsável ou demagogo. Foi assim que ganharam
eleições. Mentindo.
José
Lúcio de Azevedo, porventura o primeiro e único historiador da economia
portuguesa, no seu incontornável “Épocas de Portugal Económico”(Livraria
Clássica Editora, 1929) diz a certo trecho e cito de memória por isso com
possível imprecisão que “Para cada povo
existe, como para os indivíduos, uma conta de Deve e Haver, que nos dá o
quilate das suas prosperidades, e por onde, cedo, até para os maiores impérios,
os pródromos da decadência se denunciam.” É uma frase de fazer arrepiar os
cabelos de Jorge Sampaio (a pior memória que a república pode ter) e dos seus
seguidores de então.
Na
verdade, só há vida para cá do défice, para lá do défice há apenas sacrifícios
e se não estruturáramos a nossa economia para nos libertarmos do serviço da
divida jamais atingiremos o crescimento desejado para convergirmos com os
restantes parceiros da denominada zona euro . Esse número fantástico do défice
foi atingido com base numa redução da prestação de serviços do estado através
de cativações orçamentais e um brutal aumento de impostos. Duas mentiras
resolveram, rapidamente os problemas do estado mas não resolvem os problemas do
país. A primeira mentira é o orçamento de Estado aprovado pela “Assembleia do
Povo” que não é cumprido a segunda mentira é a de que foi virada a página da
austeridade.
O
total desrespeito pelo orçamento aprovado é mais uma prova de que a política à
portuguesa carece de outros e melhores protagonistas, o governo não pode
desrespeitar um documento do parlamento sem consequências politicas e
eleitorais, estão em causa o próprio Estado de Direito Liberal, a tão propalada
legitimidade democrática e a básica teoria moderna da separação de poderes.
A
carga fiscal aumentou, de acordo com os dados do INE, para um novo máximo histórico dos últimos 25 anos. O valor
de impostos e contribuições entregue pelos portugueses, pelas empresas e outras
entidades ao Estado em 2018 atingiu os 35,4% do PIB. Austeridade encapotada e
dissimulada por uma narrativa mentirosa, falaciosa e demagógica que atira para
diante, para gerações futuras, alguns dos problemas estruturais do país. Não
foi virada a página da austeridade, nem poderia ter sido, pois que para atingir
um défice de tal cifra só é possível com mais receita de impostos e cortes nos
investimentos.
Contudo,
a austeridade das “esquerdas encostadas”, citando Assunção Cristas, é diferente
da das direitas coligadas de então. Mas, não deixa de ser austeridade. Encerra, no
entanto, uma enorme diferença, aliás duas, a primeira é que a austeridade de agora
é dissimulada, disfarçada e indirecta enquanto a outra era assumida e directa e
sentida nos recibos dos vencimentos, fazendo soar campainhas para que todos
ganchássemos consciência colectiva do esforço que estávamos a fazer para o
Estado superar as dificuldades em que Sócrates, Costa e companhia nos haviam
deixado. A segunda é que esta de agora é feita com recurso a impostos indirectos
e de consumo e a cortes cegos nos básicos serviços públicos o que se reveste de
uma enorme injustiça por tratar os mais favorecidos da mesma forma que trata os
menos bafejados pelos rendimentos. Os pobres e os remediados pagam a redução do
défice do mesmo modo que pagam os estabilizados e os ricos. A cifra de 0,5% de
défice foi também conseguida à custa de serviços públicos reduzidos (cativações
e reduzida execução das despesas de capital/investimento), o que também
contribui para um desequilíbrio entre os mais desfavorecidos e os que estão
mais confortáveis na vida podendo pagar no sector privado. O Estado Socialista
Republicano e Laico é assim o Estado que se faz fraco com os mais fortes e
forte com os mais fracos.
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