All in
family.
Podia chamar-se assim um filme sobre a política em Portugal nos últimos 40 anos.
As ligações perigosas e ofensivas entre familiares diretos e adjacentes nos
gabinetes ministeriais, e dos grupos parlamentares nos principais partidos do
chamado arco da governação tem alimentado as páginas dos jornais nacionais e
estrangeiros e as redes sociais nos últimos dias. Ora são notícias ora spin
off. Não é caso de lesa pátria mas é caso de envergonhar até o Sagão se Deus
não o tivesse já levado. “Só Deus leva os que mais ama”. Esta não é uma questão
de legalidade que isso foi coisa que a malta lá pela assembleia dos republica
tratou de deixar em branco para se ir garantindo mutuamente, esta é mesmo uma
questão do domínio da ética, essa palavra que enche a boca dos políticos mas
que os próprios esquecem na hora de fazer tilintar o vil metal ao rapar dos
cofres do Estado. Essa gente, que ou é a primeira geração da liberdade ou
descende diretamente dela, foi ensinada assim. Não tem no seu código genético
servir o Estado mas sim servir-se do Estado. Passa fora.
In Jornal Açoriano Oriental, edição de 9 de Abril de 2019
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