30 de dezembro de 2016
(...)Nunc et in hora mortis nostrae. Amen.
29 de dezembro de 2016
Dois pesos e duas medidas?
“Nem à mesa do café podem deixar de se lembrar que são membros do Governo”
António Costa em Abril último aquando do incidente com João Soares.
O que mudou entretanto?
28 de dezembro de 2016
Pede desculpa?
Parece que o Ministro Santos Silva pediu desculpa por ter comparado
a Concertação Social a uma Feira de Gado. Eu penso que em muitas feiras de gado
há muita gente muito mais honesta do que a maioria dos que têm assento nas cadeiras
por onde se tem sentado o Augusto, esse trauliteiro que chegou a Ministro dos
Negócios Estrangeiros por artes que pouca gente conhece e por ofícios ainda
mais desconhecidos.
As palavras do Augusto sobre a Concertação
Social são,tão só, a denuncia dos
privados defeitos que essa gentalha oculta com publicas virtudes.
No fundo são
todos, em conjunto, uma fraude.
Pediu desculpa, não pediu
demissão, só isso demonstra o que não vale Augusto Santos Silva
27 de dezembro de 2016
Consequencialismo.
À pergunta incontornável sobre qual a grande consequência dos governos Obama, incrivelmente, hoje nos Estados Unidos da América, a gente responde: Trump. Sim, a eleição de uma figura como Donald Trump é uma consequência directa do que foi a administração Obama. Na esteira do pensamento de Elizabeth Anscombe um agente é responsável tanto pelas consequências directas de um acto como pelas consequência indirectas do mesmo se esse for previsível. Ora, nada havia de mais previsível do que a ascensão dos populismos e dos neo-nacionalismos como consequência de políticos "frouxos" e as suas inconsequentes politicas centradas em conceitos como o estado-social e o personalismo-laico mas que redundam em desigualdades cada vez mais gritantes e degradação do nível de vida dos cidadãos, factores incompatíveis com o que se diz ser "governar para as pessoas".
26 de dezembro de 2016
Amigos
Revisito a miúde as palavras de Paulo Santana, muitas vezes
sem passar da primeira estrofe “Tenho amigos que não sabem o quanto são meus
amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho
deles (…)”. Leio, revisito-o numa busca incessante de conhecer mais e melhor os
meus amigos, ler é sobre tudo conhecer, aprender, é um exercício difícil e
inteligente, é como rezar, temos de estar concentrados no que estamos a ler tal
como nos devemos concentrar nas nossas orações e devemos nos transportar para a
leitura, como personagem do que está sendo lido tal como nos devemos transportar
para a dimensão das nossas orações.
É por isso que me deixo embrenhar nas palavras de Santana e
deixo andar a vida entre as marés do destino e as praias da eternidade.
Sem amigos somos todos quase nada, sendo que quase nada é muito pouco.
23 de dezembro de 2016
Entrega
Ontem tive o privilégio doloroso
de poder acompanhar o Monsenhor Augusto Cabral ( O Senhor Padre Augusto como é
conhecido cá em casa) à sua última morada.
Aprendi, ao longo da vida a
conhecer melhor este Homem a quem Deus iluminou para que fosse pastor do seu rebanho,
culto, estudioso e grande percursor do ensino da fé e religião católicas, de
fino recorte humorístico e de inoxidável fé e dedicação ao Senhor Santo Cristo
dos Milagres pelas mãos do Senhor Padre Augusto passaram inúmeras gerações de
rapazes e raparigas, leigos, seminaristas, catequistas e missionários que das
suas sábias palavras beberam o conhecimento que tornou inabalável a sua fé em
Cristo.
Neste Natal que estamos vivendo gostaria de vos recordar a forma de
estar perante os outros e perante Deus que o Senhor Padre Augusto nos
transmitiu, pelos ensinamentos da catequese onde era exímio pedagogo, pelas
suas homilias eloquentes mas pragmáticas que nos calavam fundo mas, sobretudo,
pela sua entrega aos Homens por mão de Deus. Saibamos, neste Natal, cada um de nós dar mais um pouco de si
próprio ao próximo e entregar-se ao serviço de Deus que, certamente, todos termos
um Natal Santo e Feliz. Demos graças pelo nascimento do menino. Não esqueçamos
jamais, entre o consumismo da espuma dos dias, que este é o momento em que Deus
em Jesus Cristo se solidarizou com os Homens sobretudo com aqueles que mais
necessitam, com os mais pobres, com os mais doentes, com os mais oprimidos, com
os marginalizados e façamos dos nossos dias, todos os dias, um dia de Natal
seguindo o exemplo do Senhor Padre Augusto e de tantos outros, entregando-nos a
Deus pelos Homens.
Cantemos como os Anjos cantaram
naquele Natal de há mais de dois mil anos:
“Glória a Deus nas alturas e paz
na terra aos homens por Ele amados”.
A todos desejo um Santo Natal e a
esperança de que 2017 nos traga mais alegrias e graças e nos disponha a nos
disponibilizarmos mais ainda ao serviço dos desígnios da palavra do Senhor.
Texto remetido como mensagem de Santo natal aos Irmãos Romeiros do Rancho de Santa Clara.
22 de dezembro de 2016
A humanidade às avesas
16 de dezembro de 2016
Problemas com a matéria prima.
percorrer diariamente a opinião publicada na imprensa escrita regional para além de um acto de puro masoquismo, ajuda a compreender melhor as razões de sermos uma Região cada vez mais pobre.
15 de dezembro de 2016
14 de dezembro de 2016
Paradoxo da contemporaneidade.
A gente, boa parte dela, clama e apregoa liberdades e mais liberdades, direitos e mais direitos. Essa mesma gente clama e apregoa a
necessidade de proibir isso e aquilo e tornar obrigatório mais isso e mais
aquilo. Vá lá a gente entender a gente.
13 de dezembro de 2016
Pode-se atravessar duas vezes o mesmo deserto?
Sim pode. As lições da história ensinam-nos que em politica a mesma água pode passar várias vezes debaixo da mesma ponte. Essa mesma história nos ensina que as chamadas "travessias do deserto" são momentos da vida politica de um cidadão que em nada complicam os seus intentos, desde que o cidadão as faça caminhando em vez de esperar que o deserto passe por ele.
29 de novembro de 2016
O blogue feito por outros
Dos
liberalizadores de fachada
Bastava uma dúzia de decretos à Mouzinho da Silveira para refundar o Estado
onde ele faz falta e extingui-lo no que ele é inútil. E somando reforço com
abolição, a conta seria bem menos mesada. Por outras palavras, não chega
liberalizar, impõe-se a libertação. Até dos chamados liberalizadores de fachada
José Adelino Maltez, Sobre o Tempo que passa, 2011/06/29
25 de novembro de 2016
25 de Novembro de 1975
Hoje comemoramos a liberdade, a libertação de Portugal do jugo comunista. Hoje comemoramos Melo Antunes e o grupo dos 9. A liberdade é um dos bens que o nosso imaginário colectivo apenas valoriza quando o perde.Cabe a cada um de nós, individualmente, vivê-la, para que se não perca a noção da sua importância para o bem comum.
4 de novembro de 2016
O XII Governo da Região Autónoma dos Açores
Diário dos Açores - Qual a avaliação que faz do novo governo?
Se há 4 anos Vasco Cordeiro surpreendeu com um governo
de técnicos em detrimento de políticos, agora parece demonstrar ter reconhecido
a necessidade de construir um Governo mais político do que técnico. Atente-se
por exemplo nas escolhas de Rui Bettencourt, o veterano deste governo, que tem
um perfil que conjuga muitíssimo bem os conhecimentos técnicos com as
abordagens mais políticas ou ainda no caso de João Ponte que, permanentemente
estribado numa aura de independente, pode muito bem ser um secretário mais
politico do que técnico fazendo-se para isso valer da sua vasta experiencia
como “autarca de proximidade “ o que pode ter uma importância redobrada no
contacto direto com os agricultores e silvicultores e menos com as corporações
deles supostas representantes. João Ponte não será uma ponta-de-lança da
lavoura no governo, será antes um ponta-de-lança do governo a jogar sempre no
meio-campo da lavoura.
A escolha de Berto Messias para fazer a ponte entre o
governo e o Parlamento foi apenas surpresa para os mais distraídos. Na verdade,
desde o anúncio de André Bradford para liderar a bancada parlamentar do PS se
vislumbrava esta solução agora apresentada. É mais uma escolha de um secretário
eminentemente político, basta para tal verificar o seu currículo ou a falta
dele, para concluirmos que será mais um elemento de combate parlamentar do que
qualquer outra coisa.
Marta Guerreiro é a maior surpresa deste XII Governo
Regional dos Açores e tem pela frente um enorme desafio, o de guindar o sector
do turismo para patamares consolidados de entre os diversos sectores da
economia das nossas Ilhas garantido um desenvolvimento sustentável e uma
preservação do meio ambiente compatíveis com um destino de natureza e de
sustentabilidade que é o que pretendemos e entendo que devemos querer ser. Finalmente
o ambiente e o Turismo na mesma tutela. Só tarda o que nunca chega.
Todo o resto foi uma não surpresa, Gui Menezes no Mar
Ciência e Tecnologia é só uma confirmação de uma carreira delineada por este
prestigiado investigador e Rui Luís na Saúde também não causa qualquer espanto.
A manutenção de Avelino Freitas Meneses , Andreia Cardoso e Vítor Fraga nas
respetivas pastas também não causa qualquer tipo de alarme, sendo que no caso
deste último as Obras Públicas poderiam ter sido ser uma espécie de
subsecretaria.
Uma avaliação mais cuidada do XII Governo Regional
apenas poderá ser feita depois de conhecidas as mudanças ou não nível de Diretores Regionais e Gestores de
empresas e Institutos Públicos. A segunda linha, como se usa dizer, é
muitíssimo importante.
Diário dos Açores - Sérgio Ávila não perde nenhuma área que já possuía, apesar de ser criticado por estar sobrecarregado de sectores vitais, na economia e finanças. É um erro?
Ávila, na área das finanças, não pode deixar as pastas
que domina, porque o descalabro seria total, só ele sabe como estão as contas
públicas e os verdadeiros níveis de endividamento direto e indireto da Região. Também
na área da economia e do apoio ao investimento qualquer retirada de poder seria
entendida como uma “traição” ao seu eleitorado, não podemos esquecer que Ávila
foi cabeça de lista pelo círculo da Ilha Terceira e nessa ilha o eleitorado é
muito critico quando a mesma perde importância ou poder. Aliás esta é uma das
grandes novidades desta legislatura, a Ilha Terceira vê reforçados os seus
poderes quer ao nível parlamentar que passa de 10 para 12 Deputados por via da
eleição de mais dois pelo circulo regional com os votos dos Micaelenses,
Picoenses e Faialenses quer ao nível do governo com as pastas da saúde e dos
assuntos parlamentares e a manutenção da gestão dos fundos europeus e de todo o
apoio ao investimento centralizado em Sérgio Ávila.
Diário dos Açores - É um governo para perder mais 10 mil votos daqui a 4 anos?
É um Governo com um combate difícil pela frente mas muito
dificilmente será um governo para perder votos. Em primeiro lugar pelas razões
já atrás aduzidas, é um governo de políticos e isso faz toda a diferença. Mas,
principalmente porque o quadro de financiamento europeu tem alocado muitos
milhões de euros, mais do que tinha o quadro 2007/2013. Na verdade, este XII
governo corre o risco de ter dinheiro a mais, pois, passados 3 anos, a execução
do quadro 2014/2020, ainda não teve inicio o que demonstra alguma incapacidade
do XI Governo de fazer a economia utilizar na sua plenitude os montantes
disponibilizados pela União Europeia. Pois, na realidade, de sete anos de
quadro, já passaram três sem execução, e assim Região terá de investir nos
próximos 4 anos ainda mais verbas do que foram executadas nos sete anos do
quadro anterior. Num panorama destes dificilmente se perdem eleições a não ser
que se faça tudo mal feito.
Qual direita, qual carapuça.
"Ouvir PSD e CDS lamentarem a falta de investimento público e entrarem no campeonato dos aumentos das pensões é bem a prova de que Portugal está condenado às miseráveis políticas de esquerda"
31/10/2016 i oneline
19 de outubro de 2016
Mini Entrevista Diário dos Açores
Diário dos Açores -
Como analisa esta vitória do PS?
Embora abaixo das sondagens conhecidas e das projeções à boca das urnas, a
vitória do Partido Socialista nestas eleições Regionais vem no seguimento do
que era esperado nos meios políticos da Região. No entanto, há a salientar o
facto do Partido Socialista não se ter superado relativamente a 2012. Apesar da
conjuntura favorável que vem de Lisboa, O PS perdeu 9500 votos, cerca de 18% do
seu eleitorado, e um mandato relativamente às eleições de 2012. Parabéns a Vasco Cordeiro que soube, ao
longo dos últimos 4 difíceis anos, aguentar uma boa parte do seu eleitorado e aproveitar a onda de crescimento do PS
nacional.
Diário dos Açores - O que vai acontecer
ao PSD depois desta derrota?
O PSD, perdeu nestas eleições 6 760 eleitores, um mandato e tal como o PS
18% do seu eleitorado. Apesar de ter feito uma tentativa de renovação interna
que eu classificaria de “depuração”
necessária, não foi suficientemente convincente e não foi clarificador
relativamente às questões ideológicas. O PSD Açores continua sem saber onde se
vai posicionar dentro do espectro ideológico da politica doméstica, se mais
liberal onde pode ocupar um espaço vazio e que deixou órfãos muitos eleitores
especialmente em São Miguel, se mais social-democrata onde encontra no Partido
Socialista um claro vencedor e um adversário difícil de combater.
O PSD, para seu bem, não pode continuar a “queimar” lideres à razão de um
em cada dois anos sob pena de se esvair em prolongadas noites de facas longas.
Por ultimo é de salientar o facto de ter ganho novo folego recuperando a
liderança da Ilha do Faial onde foi um claro e inequívoco vencedor ainda mais
sendo a lita do PS encabeçada pela até agora Presidente da Assembleia
Legislativa Regional dos Açores..
Diário dos Açores - Nos restantes partidos,
o que mais o surpreendeu?
Foi dos chamados partidos mais pequenos que veio a grande resposta, a
resposta mais assertiva e onde o Povo
Açoriano manifestou a sua racionalidade e cultura democráticas. Os pequenos
subiram todos sem exceção, fazendo assim pensar que há espaço para todos e que
a qualquer momento podem vir surpresas eleitorais de projetos como o PAN ou o PURP que subiram bastante as suas votações e
poderão chegar, já em 2020 a uma representação parlamentar.
A CDU apesar de ter crescido e ter garantido a vitória no círculo da Ilha
das Flores, não conseguiu garantir a eleição do seu coordenador e pode entrar
num período de debate interno que leve à substituição de Aníbal Pires na sua
liderança. O Bloco de Esquerda é um dos justos vencedores entre os vencidos uma
vez que conseguiu, pela primeira vez eleger diretamente a sua coordenadora pelo
circulo de São Miguel consolidando a sua posição de 3ª força política na Ilha,
assim como também é vencedor o CDS que passou a segunda força politica na Ilha
de São Jorge relegando o Partido Social Democrata para a 3ª posição e viu
aumentado o número de Deputados eleitos apesar de ter falhado a eleição de um
deputado pelo circulo eleitoral de São Miguel objetivo no qual se empenhou como
nunca havia sido visto até agora.
Diário dos Açores - E a abstenção?
A abstenção, retirada a chamada abstenção técnica que deverá rodar os 20
pontos percentuais, entre o
recenseamento automático as ausências no estrangeiro e a desatualização dos
cadernos eleitorais por óbito não declarado de cidadão sem o respetivo cartão,
deverá ficar-se nos 40% o que se aproxima bastante dos valores que se registam
nas maiores e mais consolidadas democracias mundiais como o Reino Unido ou os
Estados Unidos da América.
Há , no entanto, que considerar a enorme responsabilidade dos dois maiores
partidos nessa percentagem de gente que não deseja expressar o seu voto, e essa
responsabilidade fica clara quando analisamos os números e constatamos que, em
relação ao ato eleitoral anterior, o
número de abstencionistas aumentou precisamente na mesma dimensão dos votos que
os dois maiores partidos perderam. São os eleitores descontentes com as
promessas por cumprir, com a indefinição ideológica dos dois maiores partidos e
desencantados por entenderem e expressarem a ideia de que o seu voto em nada muda
porque seja quem for que para lá vá fica tudo na mesma. Felizmente não é assim
e já existiram provas de que assim não é.
Por outro lado, os partidos mais pequenos, têm sido os grandes responsáveis
pelo envolvimento de pessoas novas e de novas ideias no sistema e isso
reflete-se nas suas proporcionais subidas. Por último e ainda em relação à
abstenção, muitas vezes apontada como o grande mal da democracia, convém sempre
lembrar os mais desatentos que abster-se, em qualquer circunstância, tem que
ser encarado como um direito e nunca como uma displicência, todos temos o
direito de não nos revermos em qualquer projeto e de querermos assim expressar
o nosso desencanto. No entanto, o exercício do voto secreto e universal é a
única “arma secreta” que possuímos para nos defendermos dos supostos abusos de
quem nos possa governar com recurso a esses mesmos abusos. Por isso, votar é um
garante das nossas liberdades individuais, bem esse que apenas valorizamos quando
o perdemos. A bem da democracia e do debate mais plural e construtivo é salutar
que a abstenção baixe e que a representatividade aumente. Para isso todos temos
que fazer um esforço em vez de apontarmos sempre o dedo aos partidos como os
causadores de todos os males. Mudar depende de cada um de nós, mesmo dentro dos
partidos, se nos abstivermos de lutar pelo que acreditamos resta-nos aceitar o
que outros decidam por nós.
Publicado no Diário dos Açores de 2016.10.18
13 de outubro de 2016
Parabéns melhor de sempre...
Robert Allen Zimmerman ou melhor dizendo, Bob
Dylan foi o vencedor anunciado do Nobel da Literatura 2016.
Era já tempo da
academia Sueca reconhecer nos poetas cantores uma outra forma de literatura, ou
como dizia António Manuel Ribeiro, vocalista dos UHF nos anos 80 do século XX, “os
poetas do século XX não escrevem livros, armam-se em cantores e soltam gritos
de rebelião”.
Certamente não foi pelo “pastelão”
de seu titulo Tarântula, trazido aos
escaparates em 1971 mas escrito em 1966 (tem a minha idade) ou pela sua
Autobiografia de 2005 que Dylan alcança o desiderato que hoje foi publico. Mas
foi, com certeza, por obras como Slow Train Coming de 1979 ou Knocked Out
Loaded de 1986 ou ainda por coisas mais recentes como Together Through
Life de 2009.
10 de outubro de 2016
Rufina, Dona Rufina de Melo Tavares
Rufina é uma bela e contagiante
história de tantas e tantas mulheres destas ilhas repletas de partidas e
regressos, muitíssimo bem contada e adjetivada pelo Miguel Soares de
Albergaria. Como o próprio diz, entre a realidade e a ficção, Rufina, chegada à
ilha aos 25 anos de idade vai contando a história e caracterizando a sociedade
micaelense que encontrou num espaço temporal de meio século na transição de XIX para XX.
Francisco Luís Tavares, politico, advogado, Juiz, pensador é o personagem
principal deste romance que começa com uma sua carta dirigida à mãe pedindo-lhe
ajuizados conselhos na questão da greve académica de 1907 e termina com a
avisada resposta dessa mulher “que soube construir uma vida como a sua”.
Rufina, Srª D. Rufina de Mel(l)o
Tavares, sobrevivente de uma de tantas casas de desvalidos, uma dessas grandes
“latrina onde a sociedade escondia as sobras” é um hino à perseverança, uma
apologia do trabalho, uma ode à libertação da mulher não pelo reclamar
constante de direitos mas pelo exercício efetivo da cidadania, um tratado da
libertação e da conquista pela força da razão e com a graça de Deus.
Tantas Rufinas há e quantas ainda
estão para nascer mesmo neste século XXI da cibernética e do multiculturalismo?
O presépio da tias Jacinta e
Abigail, ou melhor, a montagem deste e a discrição das suas figuras, mandadas
fazer e pintar a preceito e a jeito, a disposição dessas mesmas figuras
estrategicamente entre patamares devidamente separados e estratificados,
constitui um retrato, uma crónica costumeira de Ponta Delgada e São Miguel no
final do século da laranja e transporta o leitor para a época deixando-nos
embrenhar no cheiro dos laranjais, no bafo húmido e asfixiante de uma estufa de
ananases acabada de receber fumo. Um livro, tem que ter esta capacidade de nos
transportar, de nos fazer revisitar, este atributo único de ser uma espécie de
máquina do tempo em regressos ao passado e ao futuro.
Sem recurso ao grotesco ou à
violência ou sequer ao sexo gratuito, coisa que até poderia ter acontecido se
atentarmos à realidade desse tempo em Terras e Vera Cruz , o Miguel Albergaria cativa-nos
enquanto leitores transportando-os para a época contando-nos, “romanceadamente”
e de um ponto de vista sociológico, um pouco, bastante, da história das
estórias que ouvimos contadas dos nossos avós nesta cidade de Ponta Delgada e
da sociedade micaelense de então. Longe de ser um grande romance histórico é um
bom romance com histórias das nossas estórias. O “dinheiro velho” em
contraponto ao “dinheiro novo” da Laranja e de como uma certa burguesia se
aristocratizou. A forma rude e severa como a sociedade, infelizmente ainda
hoje, idolatra ou despreza um ser humano pelo volume da sua carteira ou pelo
cargo que ocupa num serviço publico. O nascimento e a ascensão do Doutor
Francisco Luís Tavares (bisavô do autor), figura incontornável da primeira
metade do século XX micaelense quer na consolidação da República da qual foi
Deputado Constituinte quer na oposição ao regime musculado do Doutor Oliveira
Salazar.
Há, por fim, ao longo de todo o
romance uma presença permanente da família como núcleo centrifugo e uma
apologia da mesma como garante não só da estabilidade emocional dos que dela
necessitam como também da força e do apoio que o ser humano requer para vencer
as desventuras e as adversidades da vida terrena. Deus e a Família foram o suporte
desta Rufina que o Miguel Albergaria, a bom tempo, resolveu trazer aos
escaparates pela mão da Companhia das Ilhas. Anthero, o Santo Anthero,
revolucionário e racionalista também lá está.
Bem hajas meu amigo.
8 de outubro de 2016
Quem muito se abaixa o...
Quem muito se abaixa o …
Chegou num Avião de fabrico estadunidense
(eles não confiam na sua própria tecnologia), chama-se Li Keqiang, é o primeiro-ministro da República Popular da China e esteve segunda e
terça-feiras passadas, 26 e 27 de
Setembro, nos Açores, mais propriamente
na Ilha Terceira (onde havia de ser?), depois de ter realizado um conjunto de
viagens que incluíram a “amiga” Cuba, a sede da ONU na “Big Apple” e o Canadá.
De acordo com a informação oficial saída de Pequim pela Boca do seu mais alto
representante para os negócios estrangeiros, tratou-se de uma escala técnica.
No entanto, como há oportunidades que não se podem perder, O Ministro da
propaganda do PS disfarçado de Ministro dos Negócios Estrangeiros de
Portugal acompanhado do Candidato do PS
a deputado pelo maior circulo dos Açores disfarçado de Presidente do Governo
dos Açores, lá foram, a correr, investidos de profícuos dotes de vendedores de “bacalhau-a-pataco” rapidamente
e em força para a Praça Velha (para o que havia de estar reservado tão nobre
lugar) no encalce de que essa visita pudesse dar à pré campanha do PS na Ilha Terceira
qualquer coisa que não seja mais uma mão cheia de coisa nenhuma.
Até aqui tudo bem, “com papas e
bolos se enganam os tolos” e quem se deixa enganar por um prato de chinesices não
tem senão aquilo que merece.
Essa campanha começou há muito,
esta visita só veio demonstrar, para os mais atentos à geopolítica, que tudo o
que tem sido feito e dito sobre as lajes não passa, de facto, de “papas para tolos” travestidas de PREIT.
Em Abril passado, outro
propagandista da república (hoje em dia os ministros falam pela voz dos
assessores de imprensa), veio em jeito de dar o jeito à propaganda de cá, dizer
que “o Governo Português
pondera dar uso civil mais consistente à Base das Lajes”. Ora agora ficou bem
provado que quem manda na Base aérea nº 4 é o Pentágono e mais nada nem
ninguém. O episódio que marcou o retardamento da partida do Boing 747 chinês
para aterragem de seis aviões de ataque americanos é bem revelador do que pode
e vai sempre acontecer nas Lajes enquanto os americanos quiserem. Pode ser o
primeiro-ministro da china como pode ser o voo X da companhia de baixo custo Y.
Fizeram bem, Marcelo Rebelo de Sousa e
António Costa em não virem aos Açores participar do “festim no pagode”, esta
não foi e nem podia ser uma visita de estado e há que manter a dignidade dos
cargos sob pena de, pela banalização, se perder a dignidade das instituições.
As relações internacionais são um campo fértil, por ignorância nuns casos, por
má-fé noutros, para abusos de interpretação e transposição para a ordem
politica interna de assuntos que são da ordem da política externa. Esta não foi
uma visita de estado, foi uma escala técnica.
Esse episódio traz-nos (aos mais
desatentos, para mim não é novidade), no entanto, muito boas notícias, os
Açores continuam (como eu sempre disse) em termos de geopolítica e
geoestratégia, no centro do “realismo intrínseco” do Pentágono, caso contrário
os Americanos já tinham feito do chamado acordo bilateral um monte de papel
rasgado. Sai é muito mais barato e tem mais efeito dissuasor uma operação do
tipo da que aconteceu terça-feira passada do que manter um efetivo permanente
na Ilha Terceira. Cabe a Portugal fazer pressão, ameaçar mesmo rasgar o tal
acordo se necessário, para garantir mais efetivos e mais investimento americano
na Base Aérea nº 4. Cabe a Portugal zelar pelos seus interesses e não ceder aos
interesses externos com anuência subserviente.
Nem tudo são más notícias portanto.
Ponta
Delgada 1 de Outubro de 2016
Nuno Barata
in Diário dos Açores edição de 08 de Outubro de 2016
10 de fevereiro de 2016
Porque hoje é Quarta-feira de cinzas.
"Quando considero na vida que se usa, acho que não vivemos como mortais, nem vivemos como imortais. Não vivemos como mortais, porque tratamos das coisas desta vida como se esta vida fora eterna. Não vivemos como imortais, porque nos esquecemos tanto da vida eterna, como se não houvera tal vida.(...)"
26 de janeiro de 2016
Presidenciais 2016
Diário dos Açores - Como
analisa os resultados das presidenciais a nível nacional e regional?
Nuno Barata - Ao nível geral diria que apenas pode gerar alguma admiração o
facto da esquerda não ter conseguido levar Marcelo Rebelo de Sousa a jogar um
prolongamento, a segunda volta. Num país que acabou de assistir a uma
reviravolta politica com o resultado das legislativas e o desfecho da
“geringonça” em que a esquerda, na senda de justificar a “golpada” não se cansa
de propagandear o desalento que o eleitorado tem pela direita, a vitória de
Marcelo Rebelo de Sousa mesmo depois dos ataques ferozes da esquerda à sua
candidatura que a tentou, inclusive, colar ao Estado Novo, revela que os
Portugueses sabem bem decidir pelas melhores soluções. Se me pedissem para
descrever numa única palavra a campanha e a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa
eu diria: Serenidade.
Diário dos Açores
- Mais uma vez a abstenção subiu nos Açores, ao contrário do que aconteceu a
nível nacional. É preocupante?
Nuno Barata - A abstenção é sempre preocupante. As liberdades e os direitos
cívicos só são valorizados quando os perdemos e, de facto, a consolidação da
nossa democracia é por um lado muito salutar mas por outro produz fenómenos que
podem ser inimigos da participação cívica. No entanto, convém sempre relembrar,
na minha opinião, que há uma abstenção
forçada que teria que ser aferida convenientemente para que pudéssemos fazer
uma análise realista desta situação. Há, na verdade, um número significativo de
abstencionistas forçados e de abstencionistas voluntários. Os primeiros são os
que, por uma ou outra razão, estão fora dos Açores mas mantêm as suas
residências na Região. É o caso dos emigrantes que têm cartão de cidadão e uma
morada nos Açores, os jovens que estão a trabalhar no estrangeiro mas que
mantêm as moradas nas casas do país e outros que por via da alteração do
sistema de recenseamento estão aqui registados mas não residem de facto na
Região.
No caso dos Açores, os candidatos e os seus apoiantes locais, estes
últimos talvez por já estarem ou ainda
não estarem focados nas regionais de
Outubro próximo “desprezaram” os contactos com os eleitores. Mesmo a vinda de
Sampaio da Nóvoa nos últimos dias de campanha aos Açores, com a apresentação de
uma “novidade velha”, a extinção do cargo do Representante da República, foi
uma pobreza de ideias e soluções.
Há, no entanto, por parte de algumas faixas da população um alheamento e um
desalento, preocupantes, sobre as questões que se relacionam com o governo da
polis. Como envolver esses cidadãos nas decisões coletivas é um desafio que nos
deve preocupar a todos. Na verdade, não há uma estratégia para atingir esse
desiderato, por mais estudos sociológicos que se façam há questões que são do
foro das escolhas pessoais e que dificilmente se conseguem identificar. No
entanto, compete às proposituras fazerem um esforço de atingirem, com as suas
mensagens, esse potencial eleitorado desalentado ou alheado. Há que encontrar
novas fórmulas para chegar às pessoas com mensagens mobilizadoras e que digam
alguma coisa ao eleitorado sobre as questões que o preocupam, de facto.
Diário dos Açores -
Estes resultados têm algum impacto na vida partidária regional? Tem alguma
influência neste ano eleitoral das regionais?
Nuno Barata - Estes resultados podem ter uma leitura para a definição de
estratégias e de posicionamento dos partidos no espectro político mas não se
devem tirar elações de realidades que são diferentes. No entanto, o resultado
de Marcelo Rebelo de Sousa é uma clara derrota pessoal e coletiva de Vasco
Cordeiro, Presidente do PS açores, e de
todo o centro-esquerda. Todos os candidatos da esquerda tiveram resultados
aquém da média nacional e Marcelo ficou 6 pontos percentuais acima da média nacional.
No entanto, este resultado até pelo distanciamento cronológico, não deverá
entrar nas pré-campanhas e campanhas dos partidos regionais. No entanto, essa
realidade não augura facilidades para o PS-Açores nos próximos meses.
As eleições regionais de Outubro próximo, de certo as mais importantes para
todos os Açorianos, disputar-se-ão num campo minado em que o partido do governo,
com quase vinte anos de governação espelhando algum cansaço e falta de ideias,
leva a vantagem de saber onde estão metade das minas e armadilhas. Sérgio Ávila
conhece-as como ninguém.
Muito dependerá da forma como os
partidos da oposição souberem entrar no terreno com listas renovadas e com
propostas concretas capazes de mobilizar o eleitorado descontente e abstencionista.
Diário dos Açores edição de 26 de Janeiro de 2016.
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- Ano Novo
- Dois pesos e duas medidas?
- Pede desculpa?
- Consequencialismo.
- Amigos
- Entrega
- A humanidade às avesas
- Problemas com a matéria prima.
- Solidão.
- Não há nada a fazer!
- Sit down !
- Paradoxo da contemporaneidade.
- Pode-se atravessar duas vezes o mesmo deserto?
- banho-maria
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dezembro
(15)