Diário dos Açores - Qual a avaliação que faz do novo governo?
Se há 4 anos Vasco Cordeiro surpreendeu com um governo
de técnicos em detrimento de políticos, agora parece demonstrar ter reconhecido
a necessidade de construir um Governo mais político do que técnico. Atente-se
por exemplo nas escolhas de Rui Bettencourt, o veterano deste governo, que tem
um perfil que conjuga muitíssimo bem os conhecimentos técnicos com as
abordagens mais políticas ou ainda no caso de João Ponte que, permanentemente
estribado numa aura de independente, pode muito bem ser um secretário mais
politico do que técnico fazendo-se para isso valer da sua vasta experiencia
como “autarca de proximidade “ o que pode ter uma importância redobrada no
contacto direto com os agricultores e silvicultores e menos com as corporações
deles supostas representantes. João Ponte não será uma ponta-de-lança da
lavoura no governo, será antes um ponta-de-lança do governo a jogar sempre no
meio-campo da lavoura.
A escolha de Berto Messias para fazer a ponte entre o
governo e o Parlamento foi apenas surpresa para os mais distraídos. Na verdade,
desde o anúncio de André Bradford para liderar a bancada parlamentar do PS se
vislumbrava esta solução agora apresentada. É mais uma escolha de um secretário
eminentemente político, basta para tal verificar o seu currículo ou a falta
dele, para concluirmos que será mais um elemento de combate parlamentar do que
qualquer outra coisa.
Marta Guerreiro é a maior surpresa deste XII Governo
Regional dos Açores e tem pela frente um enorme desafio, o de guindar o sector
do turismo para patamares consolidados de entre os diversos sectores da
economia das nossas Ilhas garantido um desenvolvimento sustentável e uma
preservação do meio ambiente compatíveis com um destino de natureza e de
sustentabilidade que é o que pretendemos e entendo que devemos querer ser. Finalmente
o ambiente e o Turismo na mesma tutela. Só tarda o que nunca chega.
Todo o resto foi uma não surpresa, Gui Menezes no Mar
Ciência e Tecnologia é só uma confirmação de uma carreira delineada por este
prestigiado investigador e Rui Luís na Saúde também não causa qualquer espanto.
A manutenção de Avelino Freitas Meneses , Andreia Cardoso e Vítor Fraga nas
respetivas pastas também não causa qualquer tipo de alarme, sendo que no caso
deste último as Obras Públicas poderiam ter sido ser uma espécie de
subsecretaria.
Uma avaliação mais cuidada do XII Governo Regional
apenas poderá ser feita depois de conhecidas as mudanças ou não nível de Diretores Regionais e Gestores de
empresas e Institutos Públicos. A segunda linha, como se usa dizer, é
muitíssimo importante.
Diário dos Açores - Sérgio Ávila não perde nenhuma área que já possuía, apesar de ser criticado por estar sobrecarregado de sectores vitais, na economia e finanças. É um erro?
Ávila, na área das finanças, não pode deixar as pastas
que domina, porque o descalabro seria total, só ele sabe como estão as contas
públicas e os verdadeiros níveis de endividamento direto e indireto da Região. Também
na área da economia e do apoio ao investimento qualquer retirada de poder seria
entendida como uma “traição” ao seu eleitorado, não podemos esquecer que Ávila
foi cabeça de lista pelo círculo da Ilha Terceira e nessa ilha o eleitorado é
muito critico quando a mesma perde importância ou poder. Aliás esta é uma das
grandes novidades desta legislatura, a Ilha Terceira vê reforçados os seus
poderes quer ao nível parlamentar que passa de 10 para 12 Deputados por via da
eleição de mais dois pelo circulo regional com os votos dos Micaelenses,
Picoenses e Faialenses quer ao nível do governo com as pastas da saúde e dos
assuntos parlamentares e a manutenção da gestão dos fundos europeus e de todo o
apoio ao investimento centralizado em Sérgio Ávila.
Diário dos Açores - É um governo para perder mais 10 mil votos daqui a 4 anos?
É um Governo com um combate difícil pela frente mas muito
dificilmente será um governo para perder votos. Em primeiro lugar pelas razões
já atrás aduzidas, é um governo de políticos e isso faz toda a diferença. Mas,
principalmente porque o quadro de financiamento europeu tem alocado muitos
milhões de euros, mais do que tinha o quadro 2007/2013. Na verdade, este XII
governo corre o risco de ter dinheiro a mais, pois, passados 3 anos, a execução
do quadro 2014/2020, ainda não teve inicio o que demonstra alguma incapacidade
do XI Governo de fazer a economia utilizar na sua plenitude os montantes
disponibilizados pela União Europeia. Pois, na realidade, de sete anos de
quadro, já passaram três sem execução, e assim Região terá de investir nos
próximos 4 anos ainda mais verbas do que foram executadas nos sete anos do
quadro anterior. Num panorama destes dificilmente se perdem eleições a não ser
que se faça tudo mal feito.
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