4 de novembro de 2016

O XII Governo da Região Autónoma dos Açores


Diário dos Açores  - Qual a avaliação que faz do novo governo?

Se há 4 anos Vasco Cordeiro surpreendeu com um governo de técnicos em detrimento de políticos, agora parece demonstrar ter reconhecido a necessidade de construir um Governo mais político do que técnico. Atente-se por exemplo nas escolhas de Rui Bettencourt, o veterano deste governo, que tem um perfil que conjuga muitíssimo bem os conhecimentos técnicos com as abordagens mais políticas ou ainda no caso de João Ponte que, permanentemente estribado numa aura de independente, pode muito bem ser um secretário mais politico do que técnico fazendo-se para isso valer da sua vasta experiencia como “autarca de proximidade “ o que pode ter uma importância redobrada no contacto direto com os agricultores e silvicultores e menos com as corporações deles supostas representantes. João Ponte não será uma ponta-de-lança da lavoura no governo, será antes um ponta-de-lança do governo a jogar sempre no meio-campo da lavoura.

A escolha de Berto Messias para fazer a ponte entre o governo e o Parlamento foi apenas surpresa para os mais distraídos. Na verdade, desde o anúncio de André Bradford para liderar a bancada parlamentar do PS se vislumbrava esta solução agora apresentada. É mais uma escolha de um secretário eminentemente político, basta para tal verificar o seu currículo ou a falta dele, para concluirmos que será mais um elemento de combate parlamentar do que qualquer outra coisa.

Marta Guerreiro é a maior surpresa deste XII Governo Regional dos Açores e tem pela frente um enorme desafio, o de guindar o sector do turismo para patamares consolidados de entre os diversos sectores da economia das nossas Ilhas garantido um desenvolvimento sustentável e uma preservação do meio ambiente compatíveis com um destino de natureza e de sustentabilidade que é o que pretendemos e entendo que devemos querer ser. Finalmente o ambiente e o Turismo na mesma tutela. Só tarda o que nunca chega.

Todo o resto foi uma não surpresa, Gui Menezes no Mar Ciência e Tecnologia é só uma confirmação de uma carreira delineada por este prestigiado investigador e Rui Luís na Saúde também não causa qualquer espanto. A manutenção de Avelino Freitas Meneses , Andreia Cardoso e Vítor Fraga nas respetivas pastas também não causa qualquer tipo de alarme, sendo que no caso deste último as Obras Públicas poderiam ter sido ser uma espécie de subsecretaria.

Uma avaliação mais cuidada do XII Governo Regional apenas poderá ser feita depois de conhecidas  as mudanças ou não  nível de Diretores Regionais e Gestores de empresas e Institutos Públicos. A segunda linha, como se usa dizer, é muitíssimo importante.


Diário dos Açores  - Sérgio Ávila não perde nenhuma área que já possuía, apesar de ser criticado por estar sobrecarregado de sectores vitais, na economia e finanças. É um erro?

Ávila, na área das finanças, não pode deixar as pastas que domina, porque o descalabro seria total, só ele sabe como estão as contas públicas e os verdadeiros níveis de endividamento direto e indireto da Região. Também na área da economia e do apoio ao investimento qualquer retirada de poder seria entendida como uma “traição” ao seu eleitorado, não podemos esquecer que Ávila foi cabeça de lista pelo círculo da Ilha Terceira e nessa ilha o eleitorado é muito critico quando a mesma perde importância ou poder. Aliás esta é uma das grandes novidades desta legislatura, a Ilha Terceira vê reforçados os seus poderes quer ao nível parlamentar que passa de 10 para 12 Deputados por via da eleição de mais dois pelo circulo regional com os votos dos Micaelenses, Picoenses e Faialenses quer ao nível do governo com as pastas da saúde e dos assuntos parlamentares e a manutenção da gestão dos fundos europeus e de todo o apoio ao investimento centralizado em Sérgio Ávila.



Diário dos Açores  - É um governo para perder mais 10 mil votos daqui a 4 anos?


É um Governo com um combate difícil pela frente mas muito dificilmente será um governo para perder votos. Em primeiro lugar pelas razões já atrás aduzidas, é um governo de políticos e isso faz toda a diferença. Mas, principalmente porque o quadro de financiamento europeu tem alocado muitos milhões de euros, mais do que tinha o quadro 2007/2013. Na verdade, este XII governo corre o risco de ter dinheiro a mais, pois, passados 3 anos, a execução do quadro 2014/2020, ainda não teve inicio o que demonstra alguma incapacidade do XI Governo de fazer a economia utilizar na sua plenitude os montantes disponibilizados pela União Europeia. Pois, na realidade, de sete anos de quadro, já passaram três sem execução, e assim Região terá de investir nos próximos 4 anos ainda mais verbas do que foram executadas nos sete anos do quadro anterior. Num panorama destes dificilmente se perdem eleições a não ser que se faça tudo mal feito.

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