8 de outubro de 2016

Quem muito se abaixa o...

Quem muito se abaixa o …

Chegou num Avião de fabrico estadunidense (eles não confiam na sua própria tecnologia), chama-se Li Keqiang, é o primeiro-ministro da República Popular da China e esteve segunda  e terça-feiras  passadas, 26 e 27 de Setembro,  nos Açores, mais propriamente na Ilha Terceira (onde havia de ser?), depois de ter realizado um conjunto de viagens que incluíram a “amiga” Cuba, a sede da ONU na “Big Apple” e o Canadá. 
De acordo com a informação oficial saída de Pequim pela Boca do seu mais alto representante para os negócios estrangeiros, tratou-se de uma escala técnica. No entanto, como há oportunidades que não se podem perder, O Ministro da propaganda do PS disfarçado de Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal  acompanhado do Candidato do PS a deputado pelo maior circulo dos Açores disfarçado de Presidente do Governo dos Açores, lá foram, a correr, investidos de profícuos dotes de  vendedores de “bacalhau-a-pataco” rapidamente e em força para a Praça Velha (para o que havia de estar reservado tão nobre lugar) no encalce de que essa visita pudesse dar à pré campanha do PS na Ilha Terceira qualquer coisa que não seja mais uma mão cheia de coisa nenhuma.
Até aqui tudo bem, “com papas e bolos se enganam os tolos” e quem se deixa enganar por um prato de chinesices não tem senão aquilo que merece.
Essa campanha começou há muito, esta visita só veio demonstrar, para os mais atentos à geopolítica, que tudo o que tem sido feito e dito sobre as lajes não passa, de facto, de  “papas para tolos” travestidas de PREIT.
Em Abril passado, outro propagandista da república (hoje em dia os ministros falam pela voz dos assessores de imprensa), veio em jeito de dar o jeito à propaganda de cá, dizer que o Governo Português pondera dar uso civil mais consistente à Base das Lajes”. Ora agora ficou bem provado que quem manda na Base aérea nº 4 é o Pentágono e mais nada nem ninguém. O episódio que marcou o retardamento da partida do Boing 747 chinês para aterragem de seis aviões de ataque americanos é bem revelador do que pode e vai sempre acontecer nas Lajes enquanto os americanos quiserem. Pode ser o primeiro-ministro da china como pode ser o voo X da companhia de baixo custo Y.
Fizeram bem, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa em não virem aos Açores participar do “festim no pagode”, esta não foi e nem podia ser uma visita de estado e há que manter a dignidade dos cargos sob pena de, pela banalização, se perder a dignidade das instituições. As relações internacionais são um campo fértil, por ignorância nuns casos, por má-fé noutros, para abusos de interpretação e transposição para a ordem politica interna de assuntos que são da ordem da política externa. Esta não foi uma visita de estado, foi uma escala técnica.
Esse episódio traz-nos (aos mais desatentos, para mim não é novidade), no entanto, muito boas notícias, os Açores continuam (como eu sempre disse) em termos de geopolítica e geoestratégia, no centro do “realismo intrínseco” do Pentágono, caso contrário os Americanos já tinham feito do chamado acordo bilateral um monte de papel rasgado. Sai é muito mais barato e tem mais efeito dissuasor uma operação do tipo da que aconteceu terça-feira passada do que manter um efetivo permanente na Ilha Terceira. Cabe a Portugal fazer pressão, ameaçar mesmo rasgar o tal acordo se necessário, para garantir mais efetivos e mais investimento americano na Base Aérea nº 4. Cabe a Portugal zelar pelos seus interesses e não ceder aos interesses externos com anuência subserviente.
Nem tudo são más notícias portanto.

Ponta Delgada 1 de Outubro de 2016


Nuno Barata
in Diário dos Açores edição de 08 de Outubro de 2016

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