6 de outubro de 2009

Com o mal dos outros posso eu bem.

Valentina Pasquali, uma Italiana de nascimento, residente nos Estados Unidos da América onde é repórter do Washington Prism, escreve no nº 10 da revista Foreign Policy o seguinte: A Itália está transformar-se num Estado falhado da Europa Ocidental, mas será que os Italianos estão preocupados com a forma como a máfia está infiltrada em todo o lado?
Leio o artigo até ao fim. Valentina, desiludida com o seu Povo acaba concluindo que os Italianos, ou pelo menos uma boa maquia deles, “por causa da sua desconfiança em relação ao corrupto e ineficiente Estado” aceitam algumas propostas e “mudanças propostas pela máfia nas suas comunidades” chegando mesmo a criticar os esforços de alguns funcionários na luta pelo desmantelamento das redes criminosas.
Cabe ao Estado, aos seus agentes, imprimir um ritmo crescente de confiança nas instituições por forma a que o cidadão se sinta seguro e protegido para além daquilo que ele próprio pode fazer por si a pela sua família.
Adepto que sou da velha máxima liberal de que “governa melhor quem governa menos” reservo, no entanto, para o Estado a função de combate ao crime seja ele grande, pequeno, violento ou pacifico, do colarinho branco o do colarinho verde (novo conceito de crime ambiental). Caso contrário, caímos na anarquia da justiça popular, risco que corremos já há bastante tempo.
Ora, cabe no entanto ao cidadão, no pleno exercício dos seus direitos cívicos escolher quem nos governa. Essa escolha deve recair, em primeiro lugar sobre quem nos dê garantias de honestidade. Não entendo por isso que, candidatos ao desempenho de cargos públicos indiciados por crimes ou com condenações a penas efectivas de prisão, recolham a maioria dos votos dos seus concidadãos.
Vem esta minha reflexão a propósito das sondagens que por aí pululam sobre o resultado de Isaltino Morais em Oeiras.
Tal como a Itália “retratada” por Pasquali, Portugal caminha para o precipício, para o abismo talvez? Oeiras é, segundo um estudo publicado recentemente, o Concelho de Portugal com maior percentagem de licenciados, presumir-se-ia, gente culta. Qual falácia. Gente esperta, talvez. Esperta mas saloia, mais saloia do que aquela que num passado ainda recente aclamou Salazar e Carmona.
A passividade dos Portugueses em relação às questões éticas e morais no exercício de cargos públicos é tão grave quanto é a passividade dos Italianos em relação à Máfia. A diferença é que a nossa “Máfia” ainda se submete a votos e, por isso, temos a possibilidade de a banir e arredar do poder decisório.
Então, porque não o fazemos?

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