O António de Sousa fez de Daniel de Sá e fez muito bem. A voz do António, a voz dos Açores, de Santa Maria do tempo dos aviões da PanAm,dos tempos de hoje, enche qualquer sala vazia tal como as tuas letras devem ser lidas no silêncio dos grilos que estão por toda a parte. Saí da Vila correndo até ao “campo da aviação” estavas ali pensativo, como sempre, olhavas o horizonte entre a torre velha de madeira americana e o verde seco das acácias já sem flor neste principio de Outono quente. Embrulhado nas tuas palavras como um pedaço de queijo de peso em papel de manteiga, fui seguindo cada uma delas e agarrando-as como se fossem minhas, como um menino que agarra e guarda o seu primeiro “Dakota de plástico”. A minha primeira parelha de carrilhos vermelhos bebeu na Ribeira do Guilherme, eram gordos. os meninos, hoje, não brincam com carrilhos. Acho que é por serem franzinos, os carrilhos. Foi aí, na décima Ilha que disse as minhas primeiras palavras de que me recordo. Hoje, ao ler-te, entendi melhor o porquê da palavra saudade, porquê essa minha ligação ao Nordeste. Porquê se saí de lá tão tenro?
Não, tu não és de Santa Maria. Embora tenha sido aqui que disseste as primeiras palavras de que te recordas, tu és um cidadão do Mundo. Um mundo que pode não ser mais do que a tua Maia, a nossa Maia, onde eu não me lembro de ter dito algumas das minhas primeiras palavras. Mas, Maia que também é minha.
Fui a Santana. Vi-te a correr pelo pasto de erva seca, amarela, a fugir da Alda que te perseguia voando em passos de gazela por cima dos muros de pedra. Meteste-te ali entre os juncos. Tudo porque não quiseste rachar a lenha, malandro. “As nossas memórias são a nossa vida. Por isso parece que vivemos tanto mais quanto menos esquecemos.” É verdade.
Tenho na minha cabeceira um excelente livro, com excelentes fotos, está autografado por dois amigos, o Max Elizabeth e o José António Rodrigues. Falta-me uma assinatura, uma coisa insignificante para ti, talvez, mas para mim importante. Vou aparecer-vos de surpresa um destes dias. Diz à Alice que prepare um chá. A última vez que bebi um feito por ela, nunca mais esqueci. Foi há vinte anos que estive na tua casa com o Laurindo. Ah, como teria gostado de ler este livro o Laurindo.
Agora, deixo-te. Vou para São Lourenço descendo pelo “caminho retorcido” das voltas, vou fazer companhia a um daqueles amigos do Dr. Pessoa. É quase lua cheia de Setembro, vai nascer por detrás do Ilhéu do Romeiro. Depois conto-te.
Não, tu não és de Santa Maria. Embora tenha sido aqui que disseste as primeiras palavras de que te recordas, tu és um cidadão do Mundo. Um mundo que pode não ser mais do que a tua Maia, a nossa Maia, onde eu não me lembro de ter dito algumas das minhas primeiras palavras. Mas, Maia que também é minha.
Fui a Santana. Vi-te a correr pelo pasto de erva seca, amarela, a fugir da Alda que te perseguia voando em passos de gazela por cima dos muros de pedra. Meteste-te ali entre os juncos. Tudo porque não quiseste rachar a lenha, malandro. “As nossas memórias são a nossa vida. Por isso parece que vivemos tanto mais quanto menos esquecemos.” É verdade.
Tenho na minha cabeceira um excelente livro, com excelentes fotos, está autografado por dois amigos, o Max Elizabeth e o José António Rodrigues. Falta-me uma assinatura, uma coisa insignificante para ti, talvez, mas para mim importante. Vou aparecer-vos de surpresa um destes dias. Diz à Alice que prepare um chá. A última vez que bebi um feito por ela, nunca mais esqueci. Foi há vinte anos que estive na tua casa com o Laurindo. Ah, como teria gostado de ler este livro o Laurindo.
Agora, deixo-te. Vou para São Lourenço descendo pelo “caminho retorcido” das voltas, vou fazer companhia a um daqueles amigos do Dr. Pessoa. É quase lua cheia de Setembro, vai nascer por detrás do Ilhéu do Romeiro. Depois conto-te.
Sem comentários:
Enviar um comentário