Fui desafiado pelo Paulo Pacheco. Penso que não houve dez livros que mudaram a minha vida, mas os livros são a minha vida. “A cultura humanística ensina-nos a desprezar o dinheiro que gastamos com ela”. É cada vez mais difícil estar actualizado, saber das novidades e, sobretudo, não embarcar nas tendências. Na verdade, vivemos naquela que foi classificada por Samuel Johnson, como “A Era dos Autores”. Nunca houve, no nosso “portugalsinho queiroziano” então, tanto autor publicado como há agora. A literatura é um negócio. Como tal, entrou numa fase de industrialização e de vendas nos hipermercados. Isso só pode ser bom. Mas, cuidado, tal como a escolha do detergente da loiça deve ser feita com base no seu poder solvente, a literatura deve ser adquirida pela sua capacidade de mudar qualquer coisa em nós, de acrescentar alguma coisa ao que somos e de contribuir para o que queremos ser. Nesse sentido, acho que não poderei enunciar dez livros que mudaram a minha vida, mas poderei, facilmente, fazer uma lista de dez lugares (muitos já desaparecidos) em Ponta Delgada que mudaram a minha vida. De Nascente para Poente: As papelarias Açoreana e Minerva, Ambar, Neves, Matriz, Xavier Casa do Livro, Avenida, Lusitânia e Académica. Era nas papelarias que se vendiam livros.
A livraria Gil, onde cresci com o José Carlos Frias agora da Sol-mar, foi a primeira a dedicar-se um pouquinho à literatura, tendo contudo uma propensão para se centrar demasiado nos autores Açoreanos e nos livros escolares, é o "comércio da literatura" que também é preciso. Mas havia uma visita itinerante fantástica. Não, não se trata de uma carrinha Citroën da Fundação Caloust Gulbenkian, essas também levavam a literatura perto de mim, quando estava no Nordeste ou na Ribeirinha. N/M Doulos no porto de Omam, imagem retirada daqui
A livraria Gil, onde cresci com o José Carlos Frias agora da Sol-mar, foi a primeira a dedicar-se um pouquinho à literatura, tendo contudo uma propensão para se centrar demasiado nos autores Açoreanos e nos livros escolares, é o "comércio da literatura" que também é preciso. Mas havia uma visita itinerante fantástica. Não, não se trata de uma carrinha Citroën da Fundação Caloust Gulbenkian, essas também levavam a literatura perto de mim, quando estava no Nordeste ou na Ribeirinha. N/M Doulos no porto de Omam, imagem retirada daqui
Tratava-se da visita anual do N/M Doulos, uma imensa livraria flutuante que, anualmente atracava em Ponta Delgada e que me fazia as delicias. A maior parte dos livros que lá adquiri têm um carimbo de 1980. Foi com alegria que descobri que o Doulos continua a trabalhar e a levar aos mais diversdos países aquilo que eles chamam Bringing Knowlege, Help and Hope. Tudo bens preciosos dos quais nós ainda precisamos bastante.
Sem comentários:
Enviar um comentário